RESUMO
Objetivo
Investigar o consumo de alimentos processados e ultraprocessados e avaliar sua relação com o estado nutricional e metabólico de pacientes em hemodiálise em um único centro brasileiro.
Métodos
Este é um estudo transversal com 73 indivíduos em hemodiálise (50 homens e 23 mulheres, 21-87 anos de idade). As variáveis clínicas e de estilo de vida foram avaliados por um questionário semi-estruturado, bem como dados dietéticos por questionário de frequência alimentar. Dados antropométricos e metabólicos foram coletados de registros médicos.
Resultados
Os alimentos processados e ultraprocessados representaram 11,0% das calorias diárias, 53,0% dos ácidos graxos trans e 12,5% de sódio consumido na amostra estudada. Os indivíduos que tiveram alta ingestão deste grupo alimentar (≥128,4 g/dia, ingestão mediana) apresentaram maiores valores de fósforo sérico e uréia pré-diálise (p=0,038; p=0,013, respectivamente). Também, indivíduos com maior consumo de carne processada, embutidos e refeições prontas apresentaram maior ureia sérica pré-diálise (p=0,021), enquanto o potássio sérico foi maior entre os indivíduos que consumiram mais molhos e temperos á base de sal (p=0,002).
Conclusão
O maior consumo de alimentos processados e ultraprocessados foi associado a importantes biomarcadores de controle metabólico para indivíduos em hemodiálise, provavelmente devido à composição dietética não saudável. Orientações nutricionais e estratégias de intervenção devem ser promovidas para reduzir o consumo desses alimentos nessa população específica.
Palavras-chave
Nitrogênio ureico sérico; Falência renal crônica; Consumo alimentar; Indústria de processamento de alimentos; Diálise renal; Ácidos graxos trans