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Leguminosae-Caesalpinioideae do Parque Estadual Paulo César Vinha, Espírito Santo, Brasil

Leguminosae-Caesalpinioideae of the "Parque Estadual Paulo César Vinha", Espirito Santo, Brazil

Resumos

Leguminosae é uma das famílias de maior riqueza específica nas restingas do Espírito Santo e Caesalpinioideae a segunda maior subfamília. O Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV) representa um dos remanescentes de restinga mais preservados do estado e uma das áreas protegidas mais bem estudadas, porém estudos taxonômicos ainda são escassos. Este estudo consiste no levantamento florístico-taxonômico de Caesalpinioideae do PEPCV. Foram realizadas coletas quinzenais entre agosto/2008 a junho/2009 para obtenção de materiais férteis. Caesalpinioideae está representada por 13 táxons, reunidos em três gêneros: Chamaecrista, Hymenaea e Senna. O gênero mais representativo em número de espécies foi Chamaecrista. Três táxons são novas citações para o estado do Espírito Santo. Foram elaboradas chave de identificação dos táxons, descrições, ilustrações, comentários sobre a morfologia e a fenologia, bem como a distribuição geográfica das mesmas.

Espírito Santo; flora; Leguminosae; restinga; taxonomia


Leguminosae is one of the richest families in the restingas (sandy coastal plains) of Espirito Santo and Caesalpinioideae is the second largest subfamily. The "Parque Estadual Paulo César Vinha" (PEPCV) is one of the best preserved remnants of restinga in the state and one of the best studied protected areas, but taxonomic studies are still scarce. This study is a taxonomic-floristic survey of the Caesalpinioideae of PEPCV. Collections of fertile material were carried out every two weeks, between August 2008 and June 2009. Caesalpinioideae is represented by 13 taxa grouped into three genera: Chamaecrista, Hymenaea and Senna. Chamaecrista was the most representative genus, with the largest number of species. Three taxa were recorded for the first time in the state of Espirito Santo. This study presents a key to identification of taxa, descriptions, illustrations, comments on morphology and phenology, as well as their geographic distribution.

Espírito Santo; flora; Leguminosae; sandy coastal plains; taxonomy


ARTIGOS ORIGINAIS

Leguminosae-Caesalpinioideae do Parque Estadual Paulo César Vinha, Espírito Santo, Brasil

Leguminosae-Caesalpinioideae of the "Parque Estadual Paulo César Vinha", Espirito Santo, Brazil

Aline Pitol Chagas1 1 Autor para correspondência: alinepitol@yahoo.com.br ; Pollyana Lima Peterle; Luciana Dias Thomaz; Valquíria Ferreira Dutra; Rodrigo Theófilo Valadares

Universidade Federal do Espírito Santo, Depto. Ciências Biológicas, Herbário VIES, Av. Fernando Ferrari 514, 29075-910, Goiabeiras, Vitória, ES, Brasil

RESUMO

Leguminosae é uma das famílias de maior riqueza específica nas restingas do Espírito Santo e Caesalpinioideae a segunda maior subfamília. O Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV) representa um dos remanescentes de restinga mais preservados do estado e uma das áreas protegidas mais bem estudadas, porém estudos taxonômicos ainda são escassos. Este estudo consiste no levantamento florístico-taxonômico de Caesalpinioideae do PEPCV. Foram realizadas coletas quinzenais entre agosto/2008 a junho/2009 para obtenção de materiais férteis. Caesalpinioideae está representada por 13 táxons, reunidos em três gêneros: Chamaecrista, Hymenaea e Senna. O gênero mais representativo em número de espécies foi Chamaecrista. Três táxons são novas citações para o estado do Espírito Santo. Foram elaboradas chave de identificação dos táxons, descrições, ilustrações, comentários sobre a morfologia e a fenologia, bem como a distribuição geográfica das mesmas.

Palavras-chave: Espírito Santo, flora, Leguminosae, restinga, taxonomia.

ABSTRACT

Leguminosae is one of the richest families in the restingas (sandy coastal plains) of Espirito Santo and Caesalpinioideae is the second largest subfamily. The "Parque Estadual Paulo César Vinha" (PEPCV) is one of the best preserved remnants of restinga in the state and one of the best studied protected areas, but taxonomic studies are still scarce. This study is a taxonomic-floristic survey of the Caesalpinioideae of PEPCV. Collections of fertile material were carried out every two weeks, between August 2008 and June 2009. Caesalpinioideae is represented by 13 taxa grouped into three genera: Chamaecrista, Hymenaea and Senna. Chamaecrista was the most representative genus, with the largest number of species. Three taxa were recorded for the first time in the state of Espirito Santo. This study presents a key to identification of taxa, descriptions, illustrations, comments on morphology and phenology, as well as their geographic distribution.

Key words: Espírito Santo, flora, Leguminosae, sandy coastal plains, taxonomy.

Introdução

As Restingas ocorrem em áreas de sedimentação quaternária, formando amplas planícies litorâneas arenosas ao longo da costa brasileira (Suguio & Martin 1990). Apresentam comunidades vegetais fisionomicamente distintas, constituídas de indivíduos de pequeno porte, em sua maioria rasteiros, que ocupam as regiões mais próximas à praia, chegando a comunidades arbustivas e florestais (Pereira 2008).

No estado do Espírito Santo estudos botânicos em diferentes pontos do litoral apontam para a elevada diversidade fitofisionômica e florística das restingas capixabas (Pereira & Gomes 1994; Fabris & César 1996; Fabris & Pereira 1998; Pereira & Zambom 1998; Pereira et al. 1998; Pereira & Assis 2000; Pereira et al. 2000; Assis et al. 2004; Colodete & Pereira 2007). Esses dados científicos são referentes, principalmente, a levantamentos florísticos, havendo certa carência em estudos de caráter taxonômico. Até o presente, apenas Cyperaceae (Martins et al. 1999), Orchidaceae (Fraga & Peixoto 2004) e Araceae (Valadares et al. 2010) foram inventariadas nas restingas do estado.

O Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV), município de Guarapari, constitui uma importante Unidade de Conservação em Restinga. Está circundado pela Área de Proteção Ambiental de Setiba (APA de Setiba), que funciona como uma zona de amortecimento de impactos. Apesar disso, sofre pressão antrópica, muitas vezes gerada pela especulação imobiliária e extração ilegal de areia (Maciel 1990). O Parque é indicado como área prioritária para conservação da biodiversidade, por apresentar alta diversidade biológica e abrigar espécies raras, novas e ameaçadas (MMA 2000).

Leguminosae é a terceira maior família de angiospermas com 727 gêneros e 19.325 espécies, distribuídas em três subfamílias: Mimosoideae, Papilionoideae e Caesalpinioideae (Lewis et al. 2005). Possui distribuição cosmopolita, ocorrendo em vários tipos de vegetação do mundo (Lewis 1987), especialmente nas regiões tropicais e subtropicais (Joly 1987), sempre com um conjunto de espécies e gêneros endêmicos (Giulietti etal. 2005). No Brasil, a família está representada por 2.694 espécies, reunidas em 210 gêneros, distribuídas especialmente na Mata Atlântica (Lima et al. 2011).

A diversidade florística de Leguminosae é observada no Espírito Santo, onde são citadas 279 espécies e 98 gêneros, sendo considerada a segunda maior família, em número de espécies, da flora do estado (Simonelli & Fraga 2007; Lima et al. 2011). Pereira & Araújo (2000) e Pereira (2007) destacam-na como uma das famílias de maior riqueza nas restingas do estado do Espírito Santo. Tal predominância é verificada em vários levantamentos florísticos (Fabris 1995; Pereira & Gomes 1994; Pereira & Assis 2000; Pereira & Araújo 2000; Assis et al. 2004).

Diante da importância de Leguminosae na composição florística das restingas do Espírito Santo, e em função da elevada degradação dos ecossistemas capixabas e da escassez de trabalhos taxonômicos, este trabalho teve como objetivo o inventário florístico de Caesalpinioideae ocorrente no PEPCV, com a elaboração de chaves de identificação, ilustrações das espécies estudadas, descrições e comentários sobre a morfologia e a fenologia.

Material e Métodos

O Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV) compreende uma planície litorânea de aproximadamente 1.500 ha em Setiba, município de Guarapari - ES. Está situado entre as coordenadas geográficas 20º33'-20º38'S e 40º23'-40º26'W, à margem esquerda da rodovia do Sol (ES060) no sentido Norte/Sul, entre os quilômetros 23 e 24. O clima da região, segundo classificação de Koeppen, é do tipo Aw tropical, com temperatura média anual de 23,3ºC, precipitação média anual de 1.307 mm e umidade relativa média anual de 80% (Fabris 1995).

A vegetação é composta por restinga, podendo ser identificados dez tipos de formações vegetais: Herbácea Não Inundável, Herbácea Inundável, Herbácea Inundada, Arbustiva Fechada Não Inundável, Arbustiva Fechada Inundável, Arbustiva Aberta Não Inundável, Arbustiva Aberta Inundável, Florestal Não Inundável, Florestal Inundável e Florestal Inundada, segundo Pereira (2003).

As coletas de material botânico foram realizadas quinzenalmente, no período de agosto/2008 a junho/2009, ao longo das trilhas e estradas do parque. O material coletado foi herborizado conforme Fidalgo & Bononi (1989), identificado e registrado no acervo do Herbário VIES, da Universidade Federal do Espírito Santo.

As descrições basearam-se na análise da amplitude de variações morfológicas observadas no material coletado no PEPCV e em consulta à literatura taxonômica. A terminologia utilizada para o tipo de venação foi baseada em Hickey (1973), os tipos de frutos e sementes, em Barroso et al. (1999), e as demais terminologias, em Gonçalves & Lorenzi (2007).

Informações obtidas nas etiquetas das exsicatas procedentes do PEPCV complementaram as descrições, além de observações feitas em campo. Comentários sobre o habitat, fenologia, distribuição geográfica, referenciados em literatura, e os limites taxonômicos específicos foram fornecidos após cada descrição.

As ilustrações foram feitas a nanquim em papel vegetal a partir dos exemplares coletados no PEPCV utilizando material proveniente de exsicatas e/ou fixadas em álcool 70%.

Resultados e Discussão

Caesalpinioideae está representada no PEPCV por 12 espécies reunidas em três gêneros e agrupadas em duas tribos (Detarieae e Cassieae), sendo a segunda maior subfamília de Leguminosae no parque, em número de espécies, depois de Papilionoideae, que está representada no PEPCV por 21 espécies (Chagas et al. 2011). Entre estas espécies, Chamaecrista blanchetii, C. lansgsdorffii e Senna pendula são novas citações para a flora do Espírito Santo. O gênero mais representativo em número de espécies foi Chamaecrista com sete espécies, seguido por Senna com quatro espécies e Hymenaea com uma única espécie.

As espécies de Caesalpinioideae no PEPCV apresentaram hábito escandente, subarbustivo, arbustivo e arbóreo, variando de 0,15-15 m de altura; folhas bifolioladas ou paripinadas, com 4-128 folíolos, com ou sem nectários foliares; flores actinomorfas, zigomorfas ou assimétricas, com pétalas amarelas ou alvas; e legumes compressos, plano-compressos ou cilíndicos.

Chave para identificação dos táxons de Leguminosae-Caesalpinioideae ocorrentes no Parque Estadual Paulo César Vinha, Guarapari - ES

1. Nectários foliares ausentes. 2. Folíolos e pétalas com pontuações translúcidas; corola alva com nuanças avermelhada .............................................................9. Hymenaea sp 2'. Folíolos e pétalas sem pontuações translúcidas; corola amarel .............. ........................................8. Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora 1'. Nectários foliares presentes. 3.

Folhas 2-10-folioladas.

4.

Folhas 2-folioladas .................................1. Chamaecrista blanchetii

4'.

Folhas 4-10-folioladas.

5.

Nectários foliares cupuliformes ou escutelados; bractéolas presentes; androceu com 10 estames, iguais ou subiguais.

6.

Raque foliar até 3,6 mm compr. 7. Nectário foliar séssil; pedúnculo pubescentes ................. .........................................4. Chamaecrista langsdorffii 7'. Nectário foliar estipitado; pedúnculo glabros .................. .............................7. Chamaecrista ramosa var. ramosa 6'. Raque foliar maior que 28,3 mm compr ............................... ...........................2. Chamaecrista ensiformis var. ensiformis 5'.

Nectários foliares globosos, ovóides ou tubulosos; bractéolas ausentes; androceu com 7 estames, desiguais e 3 estaminódios.

8.

Folhas 4-folioladas.

9. Folíolos basais com ápice obtuso a arredondado, discolores; nectário foliar estipitado, globoso; filetes pubescentes ..... 11. Senna angulata var. miscadena 9'. Folíolos com ápice cuneado, concolores; nectário foliar séssil, tubuloso; filetes glabros .................. ..............................................10. Senna affinis 8'.

Folhas 6-10-folioladas.

10.

Nectário foliar séssil entre o par de folíolos basal; estípulas linear-lanceoladas .................................. ..............................13. Senna pendula var. glabrata

10'.

Nectário foliar estipitado entre todos os pares de folíolos; estípulas reniformes ................................ ........................................12. Sennaappendiculata

3'.

Folhas 18-128-folioladas.

11 Estípulas deltóides; fascículos axilares ..................................... ......................................3. Chamaecrista flexuosa var. flexuosa 11'. Estípulas lanceoladas; fascículos supra-axilares. 12. Nectários foliares estipitados, caliciformes; estilete 1,8-2,2 mm compr. ..................5. Chamaecrista nictitans var. pilosa 12'. Nectários foliares sésseis, pateliformes; estilete 0,5-1 mm compr ......................6. Chamaecrista nictitans var. ramosa

1. Chamaecrista blanchetii (Benth.) Conc., L.P.Queiroz & G.P.Lewis, Pl. Syst. Evol. 270 (3-4): 204. 2008. Fig. 1a


 












Arbustos, ca. 2 m altura; ramos cilíndricos, glabros, lenticelas esparsas. Folhas 2-folioladas; estípulas não observadas; pecíolos 1-1,5 mm compr., cilíndricos, subglabros; raque foliar reduzida; folíolos 16-41 × 14,5-34,6 mm, reniformes, ápice obtuso a retuso, base reniforme, coriáceos, concolores, glabros; nectários foliares 1, pateliformes, sésseis, entre o par de folíolos. Inflorescências em racemos, axilares ou terminais, 4-6-floras; pedúnculos 10-28 mm compr., glabros; bractéolas 3-5 mm compr., ovadas, ápice cuneado, glabras externamente e internamente; sépalas 7,1-8,9 × 3,2-4,3 mm, castanho-esverdeadas, ovado-elípticas, ápice obtuso, glabras internamente, esparso-pilosas externamente; corola assimétrica, amarela, pétalas 16-13 × 7-11 mm, obovadas, ápice arredondado, glabras, a vexilar 15-17 × 7-10 mm, falcado-lanceolada, ápice arredondado, levemente cuculada; 10 estames, iguais, glabros, filetes 0,2-0,7 mm compr., anteras 2,7-3,5 mm compr., poricidas; ovário 5,3-5,4 mm compr., compresso, curvo, glabro, séssil, estilete 3,1-3,6 mm compr., filiforme, curvo, glabro, estigma punctiforme. Legumes 4,1-7,2 × 0,7-1,1 cm, linear-oblongos, ápice cuspidado, plano-compressos, retos a levemente curvos, castanho-escuros, glabros, sésseis; sementes obovadas, nigrescentes.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 16.IX.1983, fl., O.J. Pereira et al. 239 (VIES); 11.IV.2009, fl., A.P. Chagas et al. 30 (VIES); 11.IV.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al.31 (VIES); 11.IV.2009, fl., A.P. Chagas et al. 32 (VIES); 9.V.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 43 (VIES).

Chamaecrista blanchetii tem ocorrência restrita ao estado da Bahia, onde ocorre sobre solos arenosos, associados a afloramentos rochosos, entre 950-1.100 m (Irwin & Barneby 1982; Souza & Bortoluzzi 2011), sendo este o primeiro registro da espécie no Espírito Santo. No PEPCV, é encontrada na borda das moitas de vegetação da Formação Arbustiva Aberta Inundável, demonstrando preferência por habitats ensolarados e solos arenosos. Caracteriza-se pelas folhas com um par de folíolos reniformes, coriáceos, inseridos numa raque foliar reduzida, e separados por um nectário foliar pateliforme séssil. Floresceu nos meses de abril, maio e setembro e frutificou nos meses de abril e maio.

2. Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S.Irwin & Barneby var. ensiformis, Mem. New York Bot. Gard. 35(2): 642. 1982. Fig. 1b

Arbustos, ca. 3 m alt.; ramos cilíndricos, glabros, lenticelas esparsas. Folhas 4-6-folioladas; estípulas decíduas, não observadas; pecíolos 25-58 mm compr., canaliculados, glabros; raque foliar 28,3-83,5 mm compr., canaliculada, não alada, glabra; folíolos distais 54-116 × 28-69 mm, os basais 29-95 × 175-63 mm, elípticos a obovados, ápice arredondado a obtuso, base atenuada, cartáceos, concolores, glabros; nectários foliares escutelados, sésseis, entre o par de folíolos basais e, em geral, entre os demais pares de folíolos. Inflorescências em racemos, caulifloras, 5-15-floras; pedúnculos 12,8-32 mm compr., ferrugíneo-pubescentes; bractéolas 0,3-0,7 mm compr., triangulares, ápice cuneado, glabras internamente, ferrugíneo-pubescentes externamente; sépalas 4-6 mm compr., amarelas, ovadas a oblongas, ápice arredondado, pubescentes; corola assimétrica, amarela, pétalas 18,1-23,3 × 10,5-12,1 mm, obovadas a oblanceoladas, ápice arredondado, pubescentes, a vexilar 32,4-39,4 × 7,7-9,9 mm, oblanceolada, ápice arredondado, cuculada; 10 estames, iguais, anteras 4-5 mm compr., subsésseis, esparso-tomentosas, poricidas; ovário 8-9 mm compr., filiforme, reto, seríceo, estipitado, estípite 1-3,5 mm compr., estilete 12,1-15,5 mm compr., filiforme, curvo, pubescente, estigma punctiforme. Legumes 12,9-20 × 1,75-2 cm, lineares, ápice acuminado, plano-compressos, retos a levemente curvos, castanhos, glabros; sementes obovadas, castanho-esverdeadas.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 2.IX.1995, fl., O.J. Pereira 5470 (VIES); 6.XII.2008, fl., A.P. Chagas et al. 18 (VIES); 6.XII.2008, fl., A.P. Chagas et al. 19 (VIES); 9.V.2009, fl., A.P. Chagas et al. 44 (VIES); 9.V.2009, fl., A.P. Chagas et al. 45 (VIES); 9.V.2009, fr., A.P. Chagas et al.46 (VIES).

Chamaecrista ensiformis var. ensiformis ocorre nos estados do PA, AM, MA, PI, RN, PB, PE, BA, AL, SE, GO, MG, ES e RJ, na Caatinga, Cerrado, Floresta Amazônica e Floresta Atlântica, onde pode ser encontrada em vegetação de restinga e floresta ombrófila densa (Morim & Barroso 2007; Souza & Bortoluzzi 2011). No PEPCV ocorre na borda da Formação Florestal Inundável, na Arbustiva Fechada Não Inundável e na Formação Arbustiva Aberta Inundável, ocupando a borda das moitas de vegetação ou ocasionalmente o seu interior. Pereira (1990) comenta a ocorrência da espécie na borda da Formação Florestal Não Inundável, porém no presente estudo não foi possível encontrá-la na área mencionada. É facilmente identificada no PEPCV pelo hábito arbustivo com inflorescências caulifloras e nectário foliar escutelado, entre o par de folíolos basal, às vezes entre os demais pares. Floresceu nos meses de abril, maio, setembro e dezembro e frutificou nos meses de maio e junho.

3. Chamaecrista flexuosa (L.) Greene var. flexuosa, Mem. New York Bot. Gard. 35(2): 698. 1982. Fig. 1c

Subarbustos, 30-90 cm de alt.; ramos eretos a decumbentes, angulosos, fortemente flexuosos, pubescentes, lenticelas esparsas. Folhas 30-128-folioladas; estípulas 3,3-9,2 × 1,8-3,2 mm, deltóides, ápice aristado, pubescentes internamente, subglabras externamente, persistentes; pecíolos 2-6 mm compr., levemente sulcados, pubescentes; raque foliar 5,6-86 mm compr., cilíndrica, estreitamente alada, pilosa; folíolos 2,5-7,9 × 0,4-1 mm, linear-lanceolados a linear-oblongos, ápice agudo, base assimétrica a mucronada, cartáceos, concolores, glabros; nectários foliares 1-3, pateliformes, sésseis, localizado no pecíolo. Inflorescências em racemos reduzidos a fascículos, axilares, 1-3-floras; pedúnculos 4,5-14,4 mm compr., bractéolas 3-12,6 mm compr., ovadas a lanceoladas, ápice acuminado, glabras internamente, pubescentes externamente; sépalas 8,2-9 mm compr., esverdeadas com regiões avermelhas, ovadas a lanceoladas, ápice agudo, glabra internamente, pubescente externamente; corola assimétrica, amarela, pétalas 10-14,3 × 7,5-10 mm, obovadas, ápice arredondado, glabras, a vexilar 10,8-11,2 × 9,7-10,3 mm, obovada a largamente obovada, ápice arredondado, cuculada, geralmente recobrindo gineceu; 10 estames, subiguais, glabros, filetes 0,8-1 mm compr., anteras 5 ou 6 maiores, 6,5-7 mm compr., 3 ou 4 menores, 2,4-4 mm compr., poricidas; ovário 8-9 mm compr., filiforme, reto, estrigoso, séssil, estilete 2,7-3,7 mm compr., filiforme, curvo, pubescente, puberulento no centro, estigma punctiforme. Legumes 3,8-5,5 × 0,3-0,5 cm, linear-oblongos, ápice cuspidado, plano-compressos, retos a levemente curvos, castanhos, pilosos, sésseis; sementes trapezóides, acinzentadas.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 26.X.1988, fl. e fr., O.J. Pereira et al. 1897 (VIES); 25.V.1987, fl. e fr., O.J. Pereira et al. 903 (VIES); 30.VIII.2008, fr., A.P. Chagas et al. 08 (VIES); 30.VIII.2008, fr., A.P. Chagas et al. 09 (VIES); 27.IX.2008, fr., A.P. Chagas et al. 11 (VIES ); 11.VI. 2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 53 (VIES); 11.VI.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 54 (VIES); 11.VI.2009, fl., A.P. Chagas et al. 55 (VIES).

Chamaecrista flexuosa var. flexuosa apresenta distribuição descontínua do sul do México à Argentina, ocorrendo em Cuba, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Paraguai (Irwin & Barneby 1982). No Brasil ocorre em todas as regiões, exceto nos estados do AC, AP e SE (Souza & Bortoluzzi 2011). Ocupa ambientes de campos, afloramentos rochosos, beiras de estradas, capoeiras, restingas e borda de matas de galeria, em áreas preferencialmente arenosas (Irwin & Barneby 1982). No PEPCV ocorre frequentemente na região entre-moitas da Formação Arbustiva Aberta Inundável e Arbustiva Aberta Não Inundável, ocasionalmente em áreas abertas alteradas. É facilmente reconhecida na área pelos ramos angulosos, fortemente flexuosos em forma de ziguezague e pelo elevado número de folíolos de 15 a 64 pares. Floresce nos meses de outubro a junho e frutifica nos meses de agosto a junho. Conhecida popularmente como camponésia-roxa.

4. Chamaecrista langsdorffii (Kunth ex Vogel) Britton ex Pittier, Pittier & al., Cat. Fl. Venez. i. (3rd Conf. Interamer. Agric., No. 20): 373. 1945. Fig. 1d-e

Arbustos, 20-70 cm alt.; ramos eretos a decumbentes, cilíndricos, pilosos, lenticelas ausentes. Folhas 4-folioladas; estípulas 3,5-7,4 × 1,3-2,9 mm, ovadas, ápice agudo, glabras internamente e externamente, persistentes; pecíolos 19-49 mm compr., canaliculados, pilosos; raque foliar 0,6-3,6 mm compr., canaliculada, não alada, pilosa; folíolos 3,5-7,4 × 1,3-2,9 mm, oblanceolados, ápice arredondado, base arredondada, cartáceos, concolores, glabros; nectários foliares 1, cupuliformes, sésseis, localizados no pecíolo. Inflorescências reduzidas a fascículos, axilares, 1-2-floras; pedúnculos 1-23 mm compr., pubescentes; bractéolas 0,2-0,3 mm compr., ovadas, ápice cuspidado, glabras internamente, pilosas externamente; sépalas 4,6-8,6 × 1,1-2,6 mm, esverdeadas com nuances avermelhadas, ovadas a oblanceoladas, ápice mucronado, glabras internamente, pilosas externamente; corola assimétrica, amarela, pétalas 9,2-11,2 × 5,5-8,1 mm obovadas, ápice arredondado, glabras, a vexilar assimétrica, cuculada, 6,3-7,6 × 9,1-10,8 mm; 10 estames, iguais, glabros, subsésseis, anteras 4-5 mm compr., poricidas; ovário 3,5-3,6 mm compr., filiforme, levemente curvo, seríceo, séssil, estilete 2,8-5,5 mm compr., filiforme, curvo, glabro, estigma punctiforme. Legumes 3,3-3,4 × 0,45-0,5 cm, linear-oblongos, ápice cuspidado, plano-compressos, retos a levemente curvos, castanhos, pubescentes, sésseis; sementes ovais, castanhas.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 22.VIII.2008, fr., R.C. Bianch 47 (VIES); 24.V.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 47 (VIES); 24.V.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 48 (VIES); 24.V.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 49 (VIES).

Amplamente distribuída pelo Brasil, ocorre na maioria dos estados brasileiros, com exceção do AC, RO, PI, RN, PB, PE, AL, SE, RJ, SC, RS (Souza & Bortoluzzi 2011). No PEPCV ocorreu apenas na Formação Herbácea Inundável, o que demonstra sua preferência por hábitats úmidos. É reconhecida na área de estudo pela raque foliar curta, folíolos oblanceolados e nectário foliar pateliforme. Floresceu no mês de maio e frutificou nos meses de maio e agosto.

5. Chamaecrista nictitans var. pilosa (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35(2):829. 1982. Fig. 1 f-g

Subarbustos, 15-70 cm alt.; ramos eretos, cilíndricos, pilosos a pubescentes, lenticelas ausentes. Folhas 18-38-folioladas; estípulas 2,5-6,3 × 0,5-0,8 mm, lanceoladas a ovadas, ápice acuminado a agudo, glabras internamente e externamente, persistentes; pecíolos 3-4,6 mm compr., achatados com margens obtusas, pubescentes; raque foliar 17-62,5 mm compr., canaliculada, não alada, pubescente; folíolos 3,5-11,7 × 0,8-2 mm, estreitamente oblongos, ápice mucronado, base assimétrica, cartáceos, concolores, glabros; nectários foliares 1, caliciformes, estipitados, localizados no pecíolo. Inflorescências em racemos reduzidos a fascículos, supra-axilares, 1-4-floras; pedúnculos 2,9-5 mm compr., pubescentes; bractéolas 1-2 mm compr., ovadas a lanceoladas, ápice acuminado a agudo, glabras internamente, pubescentes externamente; sépalas 4,8-6,4 × 1-2 mm, esverdeadas, ovadas a lanceoladas, ápice acuminado a agudo, glabras internamente, pubescentes externamente; corola assimétrica, amarela, pétalas 3,7-4,2 × 2,3-3 mm, obovadas, ápice arredondado, glabras, a vexilar 8,2-6,6 × 5,2-7 mm, amplamente obovada, ápice arredondado, cuculada; 10 estames, glabros, subiguais, filetes 1,3-1,6 mm compr., 5 anteras maiores, 2,4-3,5 mm compr., 5 medianas ou menores, 1,6-2 mm compr., poricidas; ovário 4-4,3 mm compr., filiforme, reto, seríceo, séssil, estilete 1,8-2,2 mm compr., filiforme, curvo, glabro, estigma punctiforme. Legumes 3,1-5,3 × 0,3-0,4 cm, lineares, ápice cuspidado, plano-compressos, retos a levemente curvos, castanhos, pilosos; sementes retangulares, castanho-escuras.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 30.VIII.2008, fr., A.P. Chagas et al. 06 (VIES); 11.X.2008, fl., A.P. Chagas et al. 13 (VIES); 11.X.2008, fr., A.P. Chagas et al. 14 (VIES); 15.XI.2008, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 17 (VIES); 29.IV.2009, fr., A.P. Chagas et al. 37 (VIES).

Chamaecrista nictitans var. pilosa ocorre no México, América Central, Antilhas, Guianas, Equador, Peru, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Paraguai e Brasil, onde pode ser encontrada na costa Atlântica, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, no Mato Grosso e em Minas Gerais, em áreas de campo, matas perturbadas, beiras de estrada e plantações e jardins abandonados (Irwin & Barneby 1982). No PEPCV ocorre na borda da Formação Florestal Não Inundável, Florestal Inundável, Florestal Inundada, Arbustiva Fechada Não Inundável e Herbácea Inundável, além de ambientes alterados. É caracterizada pelo hábito subarbustivo, ereto, nectário foliar caliciforme, estipitado, flores supra-axilares e estilete medindo cerca de 1,8 a 2,2 mm de comprimento. Floresceu e frutificou o ano inteiro.

6. Chamaecrista nictitans var. ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35(2):818. 1982. Fig. 1h-i

Subarbustos, 15-70 cm alt.; ramos eretos, cilíndricos, pubescentes, lenticelas ausentes. Folhas 26-38-folioladas; estípulas 6,4-18 × 1-1,3 mm, lanceoladas, ápice acuminado, subglabras internamente, pubescentes externamente, persistentes; pecíolos 3,8-7,2 mm compr., achatados com margens obtusas, pubescentes; raque foliar 13,8-54 mm compr., canaliculada, não alada, pubescente; folíolos 8,3-14 × 1,2-2 mm, estreitamente oblongos, ápice mucronado, base assimétrica, cartáceos, concolores, pubescentes; nectários foliares 1-2, pateliformes, sésseis, localizados no pecíolo. Inflorescências em racemos reduzidos a fascículos, supra-axilares, 1-3-floras; pedúnculos 4-5,7 mm compr., pubescentes; bractéolas 1-2 mm compr., ovadas a lanceoladas, ápice acuminado a agudo, glabras internamente, pubescentes externamente; sépalas 4,5-4,9 × 0,6-1,3 mm, esverdeadas, ovadas a lanceoladas, ápice acuminado a agudo, glabras internamente, pubescentes externamente; corola assimétrica, amarela, pétalas 4,2-5,2 × 1,9-3 mm, obovadas, ápice arredondado, glabras, a vexilar 5-5,7 × 3-3,2 mm, obovada a amplamente obovada, ápice arredondado, cuculada, geralmente recobrindo gineceu; 10 estames, subiguais, glabros, filetes 0,3-0,6 mm compr., 3 anteras maiores, 2-2,8 mm compr., 7 medianas ou menores, 0,6-1 mm compr., poricidas; ovário 3-5 mm compr., filiforme, reto, seríceo, séssil, estilete 0,5-1 mm compr., filiforme, curvo, glabro, estigma punctiforme. Legumes 2,6-3,2 × 0,3-0,4 cm, lineares, ápice cuspidado, plano-compressos, retos a levemente curvos, castanhos, pubescentes; sementes retangulares, castanho-escuras a nigrescentes.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 30.VIII.2008, fr., A.P. Chagas et al. 07 (VIES); 15.XI.2008, fl., A.P. Chagas et al. 16 (VIES); 29.IV.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 38 (VIES); 29.IV.2009, fr., A.P. Chagas et al. 39 (VIES).

Chamaecrista nictitans var. ramosa ocorre no México, Costa Rica, Panamá, Belize, Cuba, Jamaica, Guianas, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil, onde ocorre no Maranhão, de Pernambuco a São Paulo e no Rio Grande do Sul, ocupando áreas de campo, vegetação litorânea, margens de rios, florestas alteradas, beiras de estradas, pastagens, áreas cultivadas ou abandonadas (Irwin Barneby 1982). No PEPCV ocorre na borda da Formação Florestal Inundável, Florestal Inundada e Herbácea Inundável, além de ambientes alterados. Pode ser identificada na área de estudo pelo hábito subarbustivo, ereto, com flores pequenas e supra-axilares. Pode ser confundida com a subespécie simpátrica na região C. nictitans var. pilosa, diferenciando-se desta, principalmente, pelo nectário foliar séssil, localizado no pecíolo. Floresceu nos meses de novembro a abril e frutificou nos meses de agosto a abril.

7. Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby var. ramosa, Mem. New York Bot. Gard. 35(2):884. 1982. Fig. 1j-k

Subarbustos, 20-70 cm alt.; ramos eretos a decumbentes, cilíndricos, pilosos, lenticelas ausentes. Folhas 4-folioladas; estípulas 1,8-3,6 × 1-1,9 mm, ovadas, ápice agudo, glabras internamente e externamente, persistentes; pecíolos 0,8-1,9 mm compr., canaliculados, pilosos; raque foliar reduzida; folíolos 3,1-11 × 1-4,2 mm, ovados, ápice arredondado, base arredondada, cartáceos, concolores, glabros; nectários foliares 1, cupuliformes, estipitados, localizados no pecíolo. Inflorescências reduzidas a fascículos, axilares, 1-2-floras; pedúnculos 5-21 mm compr., glabros; bractéolas 2-2,4 mm compr., ovadas, ápice arredondado a cuneado, glabras internamente e externamente; sépalas 6,1-11,6 × 2,5-3,5 mm, esverdeadas, ovadas, ápice agudo a cuneado, glabras; corola assimétrica, amarela, pétalas 11,1-17,2 × 7,8-11 mm, obovadas, ápice arredondado, glabras, a vexilar 13-18 × 18-20 mm, assimétrica, cuculada; 10 estames, subiguais, glabros, subsésseis, 3 anteras maiores, 6,6-10 mm compr., 7 anteras menores, 4,5-5,7 mm compr., poricidas; ovário 4,9-7 mm compr., filiforme, reto, estrigoso, séssil, estilete 4,8-5,2 mm compr., filiforme, curvo, glabro, estigma punctiforme. Legumes 2,6-3,4 × 0,4-1 cm, linear-oblongos, ápice cuspidado, plano-compressos, retos a levemente curvos, castanhos, estrigosos, sésseis; sementes ovais, castanhas.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 1.IX.1994, fl., O.J. Pereira 5295 (VIES); Lagoa do Milho, 22.VIII.2008, fl., O.J. Pereira 144 (VIES); 30.VIII.2008, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 02 (VIES); 30.VIII.2008, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 03 (VIES); 30.VIII.2008, fl., A.P. Chagas et al. 04 (VIES); 30.VIII.2008, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 05 (VIES); 27.IX.2008, fl., A.P. Chagas et al. 10 (VIES); 11.X.2008, fl., A.P. Chagas et al. 12 (VIES); 25.X.2008, fl., A.P. Chagas et al. 15 (VIES); 25.IV.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 34 (VIES).

Ocorre na Bolívia, Venezuela e Guianas (Irwin & Barneby 1982). No Brasil é encontrada na maioria dos estados brasileiros, exceto no AC, AP, RO, TO, SC e RS (Souza & Bortoluzzi 2011). Ocupa ambientes de cerrado e restinga, distribuindo-se para o interior do cerrado e caatinga, em solos arenosos (Irwin & Barneby 1982; Lewis 1987). No PEPCV está amplamente distribuída na região entre-moitas da Formação Arbustiva Aberta Inundável e Arbustiva Não Inundável, ocasionalmente, em locais alterados. É uma espécie dominante na região de entre-moitas da Formação Arbustiva Aberta Inundável no PEPCV, segundo Pereira (1990) e Pereira & Araújo (1995). Pode ser reconhecida dentre as Caesalpinioideae do PEPCV pelos folíolos obovados, inseridos numa raque foliar curta. É frequentemente confundida com Chamaecrista langsdorffii (Kunth ex Vogel) Britton ex Pittier, pela semelhança no número e forma dos folíolos. Entretanto, difere da mesma principalmente pelo nectário foliar estipitado, localizado no pecíolo. Floresceu e frutificou durante o ano todo. Conhecida popularmente como arruda-das-neves.

8. Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35:732. 1982. Fig. 2a


 










Subarbustos, 15-60 cm alt.; ramos decumbentes a ascendentes, cilíndricos, pilosos, lenticelas ausentes. Folhas 2-folioladas; estípulas 3-8,3 × 1,6-2,8 mm, deltóides, ápice acuminado, glabras internamente e externamente, persistentes; pecíolos 3-5,9 mm compr., achatados com margens obtusas, pubescentes; raque foliar reduzida; folíolos 6-32 × 5-21 mm, obovados, ápice obtuso, retuso a mucronado, base assimétrica, cartáceos, concolores, face adaxial glabra, face abaxial pubescente; nectários foliares ausentes. Inflorescências em racemos reduzidos a fascículos, axilares, 1-2-floras; pedúnculos 16,4-28,3 mm compr., pubescentes; bractéolas 2-2,7 mm compr., ovadas a lanceoladas, ápice acuminado, glabras internamente, pubescentes externamente; sépalas 9,6-12,2 × 1,8-2,8 mm, esverdeadas, lanceoladas, ápice acuminado, glabras internamente, pubescentes externamente; corola assimétrica, amarela, pétalas 12-14 × 5,6-10,9 mm, obovadas, ápice arredondado, glabras, a vexilar 11,2-14 × 8,2-10,9 mm, obovada, ápice arredondado, não cuculada; 10 estames, subiguais, glabros, filetes 0,7-1 mm compr., 4 anteras maiores, 7-10,4 mm compr., 6 menores, 2,8-3,7 mm compr., poricidas; ovário 3,3-4,3 mm compr., filiforme, reto, seríceo, séssil, estilete 5-7 mm compr., filiforme, curvo, glabro, estigma punctiforme. Legumes 2,8-5,1 × 0,4-0,5 cm, linear-oblongos, ápice cuspidado, plano-compressos, retos a levemente curvos, castanhos, pubescentes, sésseis; sementes trapezóides, pardas.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 14.II.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 22 (VIES); 6.VI.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 50 (VIES); 6.VI.2009, fl., A.P. Chagas et al.51 (VIES); 26.VI.1984, fl., L. Behar (VIES 376); 3.IV.1984, fl., O.J. Pereira et al. 153 (VIES).

C. rotundifolia var. grandiflora ocorre na Colômbia, Venezuela, Equador, Guiana, Paraguai e Argentina (Irwin & Barneby 1982). No Brasil distribui-se em toda região Centro-Oeste e nos estados de CE, PA, PE, BA e ES (Souza & Bortoluzzi, 2011). Ocupa áreas de campos, áreas perturbadas, margens de rios e litoral, preferencialmente em solos arenosos (Irwin & Barneby 1982). No PEPCV ocorre na borda de praticamente todas as formações: Florestal Inundada, Florestal Inundável, Florestal Não Inundável, Arbustiva Aberta Inundável, Arbustiva Fechada Não Inundável e Herbácea Inundável. Observada também em afloramento rochoso próximo a Lagoa de Caraís. Em geral, ocupa ambientes alterados, próximo às estradas e trilhas do Parque. O táxon pode ser reconhecido no PEPCV pelas folhas bifolioladas e folíolos obovados, ausência de nectários foliares e flores com pétalas pouco variáveis em tamanho e formato, sendo a pétala mais interna não cuculada. Floresceu e frutificou de novembro a junho. Conhecida popularmente como camponésia-rasteira.

9. Hymenaea sp. Fig. 2b

Arbustos ou árvores, ca. 3-15 m alt.; ramos eretos, cilíndricos, glabros, lenticelas esparsas. Folha 2-folioladas; estípulas decíduas, não observadas; pecíolos 9-17,5 mm compr., cilíndricos, glabros; raque foliar ausente; folíolos 66-37 × 16,5-36,8 mm, oblongos, falcados, ápice agudo, base assimétrica, glabros, cartáceos a subcoriáceos, concolores, superfície pontuado-translúcida; nectários foliares ausentes. Inflorescências em panículas, axilares ou terminais, 8-28-floras; pedúnculos 22,7-28 mm compr., pubescentes; bractéolas decíduas, não observadas; hipanto campanulado, 4 segmentos calicinais, 12,1-13,5 × 7,4-9,1 mm, oblongos, elípticos a ovados, ápice mucronado a arredondado, face adaxial serícea e abaxial tomentosa; corola actinomorfa, alva com nuanças avermelhadas, pontuado-translúcida, glabra, 5 pétalas, 16,2-16,9 × 4,2-5,7 mm, elípticas a oblanceoladas, ápice obtuso; 10 estames, iguais, glabros, filetes 30,1-31,2 mm compr., curvos no ápice, anteras 5,1-5,8 mm compr., rimosas; ovário 6,4-6,9 mm compr., compresso, reto, glabro, curtamente estipitado, estilete 16,5-17,3 mm compr., filiforme, curvo, glabro, estigma capitado. Legumes 7,6-8,4 × 2,7-3,1 cm, compressos, oblongos, ápice arredondado, retos, castanhos, com pontuações resinosas, glabros; sementes elípticas, castanhas.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha 14.II.2008, fl., A.P. Chagas et al. 20 (VIES 17532); 14.II.2008, fl., A.P. Chagas et al. 21 (VIES); 28.II.2009, fl., A.P. Chagas et al. 25 (VIES); 14.II.2008, fl., A.P. Chagas et al. 27 (VIES); 11.VI.2009, fr., A.P. Chagas et al. 56 (VIES).

Hymenaea sp ocorre, no PEPCV, na Formação Florestal Não Inundável e na Formação Arbustiva Aberta Inundável. Os principais caracteres que a difere das demais Caesalpinioideae do PEPCV são as folhas bifolioladas, oblongo-falcadas, com superfície nítida, pontuado translúcida, e as flores alvas, com nuanças avermelhadas e pontuações translúcidas. Trata-se de uma espécie nova para a ciência que se encontra em processo de descrição. Floresceu nos meses de fevereiro e março e frutificou nos meses de março, abril e junho. Conhecida popularmente como jatobá.

10. Senna affinis (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35(1):123. 1982. Fig. 2c

Arbustos, ca. 3 m alt.; ramos angulosos, levemente flexuosos, pilosos, lenticelas esparsas. Folhas 4-folioladas; estípulas 3,5-5 mm compr., linear-lanceoladas, subglabras internamente e externamente, decíduas; pecíolos 9,4-35 mm compr., cilíndricos, pubescentes; raque foliar 12,4-26 mm compr., cilíndrica, pubescente; folíolos distais 38,3-105 × 14,6-47,9 mm, os basais 28,3-69,9 × 12,4-36,8 mm, obovado-elípticos, ápice cuneado e base aguda, cartáceos, concolores, pubescentes; nectários foliares sésseis, tubulosos, entre os folíolos do par basal Inflorescências em racemos, axilares, 7-15-floras; pedúnculos 15,4-22 mm compr., pubescentes; bractéolas ausentes; sépalas 7-8,7 × 3,2-4,2 mm, esverdeadas, oblongas, ápice arredondado a obtuso, glabras internamente, pubescentes externamente; corola zigomorfa, amarela, pétalas 12,1-17 × 6-9 mm, obovadas, ápice arredondado, pubescentes, a vexilar 12-12,7 × 6,8-7 mm compr., obovada, ápice arredondado, cuculada; 7 estames, desiguais, 3 maiores, filetes 2,4-3,2 mm compr., glabros, anteras 6,7-7,3 mm compr., poricidas, 4 medianos, filetes 2-3 mm compr., glabros, anteras 4,8-5,6 mm compr., poricidas, 3 estaminódios, 2-3 mm compr.; ovário 15-15,2 mm compr., filiforme, curvo, seríceo, séssil, estilete 2,2-3 mm compr., dilatado, curvo, pubescente, estigma punctiforme. Legume não observado.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 14.III.2008, fl., A. P. Chagas et al. 26 (VIES).

Senna affinis distribui-se ao longo da costa Atlântica brasileira, nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, além de Minas Gerais (Souza & Bortoluzzi 2011), ocupando ambientes de floresta ombrófila densa (Irwin & Barneby 1982). Segundo Lewis (1987), a espécie ocorre na floresta costeira da Bahia, raramente no interior da caatinga. No PEPCV, ocorreu na Formação Florestal Não Inundável, algumas vezes em ecótonos com outras formações. Caracteriza-se por apresentar ramos levemente flexuosos, angulosos, com nectário foliar tubuloso, séssil, entre o primeiro par de folíolos. A espécie compreende uma nova ocorrência para o PEPCV, uma vez que não existe referência da mesma na literatura consultada para a área. Floresceu no mês de março.

11. Senna angulata var. miscadena (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35(1):178. 1982. Fig. 2d

Escandentes; ramos angulosos, não-flexuosos, incanos, lenticelas esparsas. Folhas 4-folioladas; estípulas 5-12 mm compr., linear-lanceoladas, pubescentes, decíduas; pecíolos 11,5-40,2 mm compr., achatados com margens obtusas, incanos; raque foliar 3,6-9,5 mm compr., achatada com margens obtusas, pubescente; folíolos distais 26,8-54 × 11,8-27,4 mm, folíolos basais 14,6-36,8 × 10,6-22,8 mm, elípticos, obovados ou lanceolados, ápice obtuso a arredondado, base assimétrica, cartáceos, discolores, face adaxial pilosa, face abaxial incana; nectários foliares estipitados, globosos, entre o primeiro par de folíolos. Inflorescências em racemos, axilares ou terminais, 3-5-floras; pedúnculos 10,7-42,5 mm compr., pubescentes; bractéolas ausentes; sépalas 14,8-16,4 × 5,5-7 mm, amarelo-esverdeadas, elípticas, ápice cuneado, glabras, raramente subglabras externamente; corola zigomorfa, amarela, pétalas 35-47,6 × 16,8-31 mm, obovadas, ápice arredondado, pubescentes, a vexilar 39,8-42,9 × 21,2-22 mm, obovada, ápice arredondado, cuculada; 7 estames, desiguais, 3 maiores, filetes 3,7-4,5 mm compr., pubescentes, anteras 16,2-17,7 mm compr., poricidas, 4 medianos, filetes 2,3-2,8 mm compr., pubescentes, anteras 7,2-9,9 mm compr., poricidas, 3 estaminódios, 2,4-2,6 mm compr.; ovário 26,9-33,4 mm compr., filiforme, curvo, seríceo, estipitado, estilete 5,1-4,4 mm compr., filiforme, curvo, subglabro, estigma punctiforme. Legume não observado.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 9.V.2009, fl., A. P. Chagas et al. 42 (VIES).

Senna angulata var. miscadena é endêmica do Brasil. Distribui-se ao longo da costa atlântica, da Bahia à Santa Catarina, ocorrendo em clareiras, margens florestais, capoeiras e áreas brejosas (Irwin & Barneby 1982; Bortoluzzi et al. 2007). No PEPCV ocorre no entorno da Formação Florestal Inundável. Pode ser reconhecida no PEPCV por apresentar hábito escandente, flores grandes, com sépalas medindo cerca de 1,48-1,64 cm de comprimento, relativamente maiores que os demais táxons, e ovário estipitado. Trata-se de uma nova ocorrência para o PEPCV, visto que não existe citação da espécie na literatura consultada para a área. Floresceu nos meses de abril e maio.

12. Sennaappendiculata (Vogel) Wiersema, Taxon 38(4):652. 1989. Fig. 2e

Arbustos, ca. 2 m alt., ocasionalmente escandentes; ramos cilíndricos, não-flexuosos, pilosos a ferrugíneo-pubescentes, lenticelas esparsas. Folhas 6-10-folioladas; estípulas 2-15,3 × 4,3-27,4 mm, reniformes, ferrugíneo-pubescentes internamente e externamente, decíduas; pecíolos 5-39 mm compr., achatados com margens obusas, densamente ferrugíneo-pubescentes; raque foliar 30-92,5 mm compr., canaliculada, densamente ferrugíneo-pubescente; folíolos distais 35,3-97,3 × 22,6-60 mm, folíolos basais 15,7-56,8 × 10,5-42,7 mm, obovados, ápice obtuso a truncado, base assimétrica, ocasionalmente obtusa a subcordada, cartáceos, discolores, face adaxial glabra, face abaxial ferrugíneo-pubescente; nectários foliares estipitados, ovóides, entre os pares de folíolos. Inflorescências em racemos, axilares, 5-15-floras; pedúnculos 35-110 mm compr., ferrugíneo-pubescentes; bractéolas ausentes; sépalas 7-18 × 6-13,9 mm, amarelas, obovadas a largo-elípticas, ápice arredondado, glabras; corola zigomorfa, amarela, pétalas 25,3-36,8 × 17,2-25,3 mm, obovadas, ápice arredondado a obcordado, subglabras, com tricomas dispostos ao longo das nervuras, a vexilar 17,5-22,6 × 17-20 mm, obovada, ápice obcordado, não cuculada; 7 estames, desiguais, 3 maiores, filetes 9-12,4 mm compr., glabros, anteras 12,7-19,5 mm compr., poricidas, 4 medianos, filetes 2,7-4 mm compr., glabros, anteras 6-8,5 mm compr., poricidas, 3 estaminódios, 5,5-6,8 mm compr.; ovário 24,1-26,9 mm compr., filiforme, curvo, seríceo, séssil, estilete 3,3-6,8 mm compr., filiforme, retilíneo, subglabro, estigma punctiforme. Legumes 11,75-17,78 cm compr., lineares, ápice acuminado, cilíndricos, curvos, nigrescentes, pubescentes; sementes tetragonais, pardas.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 30.VIII.2008, fr., A.P. Chagas et al. 01 (VIES); 28.II.2009, fl., A.P. Chagas et al. 23 (VIES); 28.II.2009, fl. e fr., A.P. Chagas et al. 24 (VIES); 11.IV.2009, fl., A.P. Chagas et al. 28 (VIES); 11.IV.2009, fl., A.P. Chagas et al. 29 (VIES); 25.IV.2009, fl., A.P. Chagas et al. 33 (VIES); Lagoa Vermelha, 4.VIII.1988, fr., O.J. Pereira et al. 1751 (VIES); 3.V.1983, fl., O.J. Pereira et al. 199 (VIES); 1.IV.1985, fl., O.J. Pereira 421 (VIES).

Senna appendiculata possui ocorrência restrita ao Brasil, distribuindo-se ao longo da planície costeira do Brasil, nos estados da PE, AL, SE, BA, ES e SP, em ambientes de restinga (Souza & Bortoluzzi 2011). No PEPCV ocorre na borda das moitas de vegetação da Formação Arbustiva Aberta Inundável e Arbustiva Não Inundável. Ocupa ainda o entorno da Formação Herbácea Inundável, Florestal Não Inundável e Florestal Inundável, ocasionalmente o interior das formações florestais, quando a luminosidade é favorável. Em um fragmento de Formação Florestal Não Inundável, Senna appendiculata comportou-se como escandente. Pereira & Araújo (1995) citam a espécie para a vegetação de entre-moitas da Formação Arbustiva Aberta Inundável. Caracteriza-se por apresentar estípulas reniformes e nectário foliar constante entre os pares de folíolos. Floresceu nos meses de fevereiro a junho e frutificou nos meses de agosto a junho. Conhecida popularmente como fedegosão.

13. Senna pendula var.glabrata (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35(1):382. 1982. Fig. 2f

Arbustos, 2-3 m alt., ocasionalmente escandentes; ramos cilíndricos, não-flexuosos, glabros a subglabros, lenticelas esparsas. Folhas 6-10-folioladas; estípulas 4-11 mm compr., linear-lanceoladas, subglabras internamente e externamente, decíduas; pecíolos 13-31,8 mm compr., canaliculados, pilosos; raque foliar 11,8-60 mm compr., canaliculada, pilosa; folíolos distais 14,3-26 × 28,6-56,8 mm, folíolos basais 13-22,4 × 17-27,9 mm, elípticos, oblongos ou obovados, ápice arredondado a obtuso, raramente retuso, base oblíqua, cartáceos, discolores, face adaxial glabra, face abaxial com tricomas apenas na base; nectários foliares sésseis, ovóides, entre o par de folíolos basais. Inflorescências em racemos ou panículas, axilares ou terminais, 5-15-floras; pedúnculos 25-51,6 mm compr., subglabros; bractéolas ausentes; sépalas 8,2-11,3 × 6,6-2,8 mm, esverdeadas, elípticas, ápice arredondado, glabras; corola zigomorfa, amarela, pétalas 17-24,5 × 10-17,7 mm, obovadas a largamente obovadas, ápice arredondado a obcordado, glabras, a vexilar 17,2-20 × 16,5-20 mm, amplamente obovada, ápice obcordado, levemente cuculada; 7 estames, desiguais, glabros, 2 maiores laterais, filetes 15-15,7 mm compr., anteras 7,1-8,4 mm compr., poricidas, 1 maior central, filetes 1,6-4,3 mm compr., anteras 4,1-5,7 mm compr., poricidas, 4 medianos, filetes 9-1,1 mm compr., anteras 4,7-8,3 mm compr., poricidas, 3 estaminódios, 2,8-3,2 mm compr.; ovário 16,3-19 mm compr., filiforme, curvo, parcialmente piloso, séssil, estilete 4-4,3 mm compr., filiforme, reto, glabro, estigma punctiforme. Legumes 12,5-9,9 × 0,4-0,5 cm, lineares, ápice acuminado, cilíndricos, retos, esverdeados, glabros; sementes não observadas.

Material examinado: Guarapari, Parque Estadual Paulo César Vinha, 29.IV.2008, fl., A.P. Chagas et al. 35 (VIES); 29.IV.2008, fl., A.P. Chagas et al. 36 (VIES); 29.IV.2008, fl., A.P. Chagas et al. 40 (VIES); 29.IV.2008, fl., A.P. Chagas et al. 41 (VIES); 11.VI.2009, fr., A.P. Chagas et al. 52 (VIES).

Senna pendula var. glabrata ocorre desde o México até a Argentina (Irwin & Barneby 1982). Está amplamente distribuída no Brasil, sendo encontrada no PA, BA, MT, GO, DF, MS, MG, SP, RJ, PR, SC (Souza & Bortoluzzi 2011), sendo este o primeiro registro deste táxon para o Espírito Santo. Ocupa ambientes de cerrado, cerradão, margem de mata de galeria, entre 450-1100 m, até os campos rupestres na Cadeia do Espinhaço, entre 1320-2000 m, tornando-se daninha ao longo de estradas e florestas perturbadas (Irwin & Barneby 1982). No PEPCV ocorre na Formação Arbustiva Fechada Não Inundável, em Formação Florestal Não Inundável impactada, e na borda da Formação Florestal Inundável e Florestal Inundada. Nesta última, apresentou hábito escandente. Na área de estudo pode ser confundida com S. appendiculata diferindo desta por apresentar estípula linear-lanceolada e nectário foliar séssil, ovóide, entre o primeiro par de folíolos. Floresceu nos meses de abril e maio e frutificou no mês de junho. Conhecida popularmente como flor-de-maio.

Agradecimentos

Ao Instituto Estadual do Meio Ambiente do Espírito Santo (IEMA), a autorização de pesquisa no PEPCV; ao especialista Haroldo C. de Lima a determinação do material e disponibilização de bibliografia; ao ilustrador botânico Rodrigo Theófilo Valadares; à equipe do PEPCV o apoio durante a realização do trabalho de campo.

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Artigo recebido em 27/07/2012.

Aceito para publicação em 13/09/2013.

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    Autor para correspondência:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      08 Abr 2014
    • Data do Fascículo
      Mar 2014

    Histórico

    • Aceito
      13 Set 2013
    • Recebido
      27 Jul 2012
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