Acessibilidade / Reportar erro

Vegetação vascular litorânea da Lagoa de Jacarepiá, Saquarema, Rio de Janeiro, Brasil

Vascular coastal vegetation of Jacarepiá Lagoon, Saquarema, Rio de Janeiro, Brazil

RESUMO

Esse trabalho referese ao levantamento florístico realizado na região litorânea da Lagoa de Jacarepiá, localizada no município de Saquarema, RJ. Essa área alagada representa um importante compartimento lagunar ocupado por vegetação sujeita a inundações permanentes ou temporárias. As plantas adaptadas a esse tipo de ambiente são denominadas macrófitas aquáticas e têm um papel relevante na dinâmica ecológica desse ecossistema. Plantas férteis foram coletadas, herborizadas e identificadas através da metodologia tradicional. As exsicatas foram depositadas nos Herbários RFA e RFFP. Foram registradas 101 espécies vasculares, sendo 93 espécies pertencentes a 78 gêneros e 40 famílias de Magnoliophyta e 8 espécies de Pteridophyta com 7 gêneros e 5 famílias. Destacam-se as famílias Cyperaceae (16 spp.), Asteraceae (13 spp.), Leguminosae (8 spp.), Poaceae (6 spp.) e Rubiaceae (5 spp.), correspondendo a 47,5% das espécies levantadas. A vegetação apresenta uma fitofisionomia dominada por Cladium jamaicense Crantz. Apenas 43,6% das espécies são exclusivamente macrófitas aquáticas. A forma biológica predominante é a anfíbia (48%), seguida de tolerante (30%), emergentes (15%), flutuantes fixas (4%), flutuantes livres (3%) e submersa livre (1%).

Palavras-chave:
restinga; área alagada; florística; plantas aquáticas

ABSTRACT

This work refers to floristic survey of the coastal zone of Jacarepiá Lagoon, located at Saquarema, Rio de Janeiro state. This wetland represents an important lagoon region that has seasonally or permanently flooded vegetation. The plants adapted to this kind of habitat are called aquatic macrophytes and play an important role in ecological dynamics of ecosystems. Fertile plants were collected, dried and identified by traditional methodology. The exsiccatae were deposited in the RFA and RFFP herbaria. The floristic survey registered 101 vascular species, 93 species of Magnoliophyta belonging to 78 genera and 40 families; 8 species of Pteridophyta belonging to 7 genera and 5 families. The most important families are: Cyperaceae (16 spp.), Asteraceae (13 spp.), Leguminosae (8 spp.), Poaceae (6 spp.) and Rubiaceae (5 spp.). These families hold 47.5% of the total number of species found. The vegetation is dominated by Cladium jamaicense Crantz. Only 43.6% are true aquatic macrophytes. The predominant life form is amphibious (48%) followed by tolerant (30%), emergent (15%), fixed floating (4%), free floating (3%) and free submersed (1%).

Key words:
restinga; wetland; floristics; aquatic plants

Texto completo disponível apenas em PDF.

AGRADECIMENTOS

Aos professores Fernando V. Agarez, Cecília M. Rizzini, ao técnico Joanito, Marco Aurélio Louzada (Deptº de Botânica/IB/UFRJ) e Rosani do Carmo Arruda (Deptº de Botânica/UNIRIO) pela imensa ajuda nos trabalhos de campo. Aos botânicos Haroldo C. Lima e Valdir F. Gonçalves (Jardim Botânico do Rio de Janeiro/RB); Luiz Sérgio Sarahyba (IBAMA); Arline O. Souza, Elza Fromm Trinta e Mário Gomes (Museu Nacional/UFRJ); Lana Sylvestre (Deptº de Botânica/UFRRJ); Roberto Lourenço Esteves (Deptº de Botânica/IBRAG/UERJ); Luiz José Soares Pinto e Carlos Eduardo Jascone (UERJ/FFP/DCIEN); Fábio Barros (IBT-SP) e Ana Maria Giulietti (Deptº de Botânica/UFFS) pela identificação de parte das plantas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Albuquerque, S. W. P. 1981. Plantas forrageiras da Amazônia I. Aquáticas flutuantes livres. Acta Amazônica 11(3): 457-471.
  • Araujo, D. S. D. 2000. Análise florística e fitogeográfica das restingas do estado do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 169p.
  • ______. & Henriques, R. P. B. 1984. Análise florística das restingas do estado do Rio de Janeiro. In: Lacerda, L. D.; Araujo, D. S. D.; Cerqueira, R. & Turcq, B. (eds.). Restingas: origem, estrutura, processos. EDUFF, Niterói. Pp. 159-166.
  • ______ & Oliveira, R. R. 1988. Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul (Ilha Grande, estado do Rio de Janeiro): lista preliminar da flora. Acta Botanica Brasilica 1(2): 83-94.
  • ______; Scarano, F.; Sá, C. F. C.; Kurtz, B.; Zaluar, H. L. T.; Montezuma, R. C. M. & Oliveira, R. C. 1998. In: Esteves, F. A. (ed.). Comunidades vegetais do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Ecologia das lagoas costeiras do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e do Município de Macaé (RJ). NUPEM/UFRJ, Rio de Janeiro. Pp. 39-62.
  • Barbiére, E. B. & Coe-Neto, R. 1996. Distribuição espacial da pluviosidade na vertente atlântica da Serra do Mar no trecho Niterói - Macaé. In: Anais of International Symposium on Environmental Geochemistry in Tropical Countries. UFF, Niterói, 3p.
  • ______.1999. Spatial and temporal variation of rainfall of the east Fluminense coast and Atlantic Serra do Mar, State of Rio de Janeiro, Brazil. In: Knoppers, B.; Bidone, E. D. & Abrão, J. J. Environmental Geochemistry of Coastal Lagoon Systems, Rio de Janeiro, Brazil. Série Geoquímica Ambiental 6. Pp. 47-56.
  • Barnes, R. S. K. 1980. Coastal lagoons. The natural history of a neglected habitat. Cambridge University Press, Cambridge, 160p.
  • Barros, A. A. M. 1996. Ecologia e composição química da macrófita Cladium mariscus (L.) Pohl (Cyperaceae) na Lagoa de Jacarepiá, Saquarema (RJ). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Fluminense, 122p.
  • Barros, A. A. M. 1998. Caracterização limnológica da Lagoa de Jacarepiá, Saquarema, RJ. In: Anais do 8º Seminário Regional de Ecologia. Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Pp. 1343-1351.
  • Bove, C. P.; Gil, A. S. B.; Moreira, C. B. & Anjos, R. F. B. 2003. Hidrófitas fanerogâmicas de ecossistemas aquáticos temporários da planície costeira do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17(1): 119-135.
  • Brummit, R. K. & Powell, C. E. 1992. Authors of plant names. Royal Botanic Gardens, Kew, 732p.
  • Cervi, A. C.; Hatschbach, G. & Guimarães, O. A. 1983. Nota prévia sobre plantas aquáticas (Fanerogâmicas) do Estado do Paraná (Brasil). Boletim do Museu Botânico Municipal de Curitiba (58): 1-17.
  • Cordazzo, C. V. & Seeliger, U. 1988. Guia ilustrado da vegetação aquática costeira no extremo sul do Brasil. Rio Grande, FURG, 275p.
  • Costa, A. F. & Dias, I. C. A. 2001. Flora do Parque Nacional de Jurubatiba e arredores, Rio de Janeiro, Brasil: listagem, florística e fitogeografia. Angiospermas, pteridófitas e algas continentais. Museu Nacional. Série Livros 8. 200p.
  • Denny, P. 1985. The ecology and management of African wetland vegetation. W. Junk Publ. Dordrecht. 344p.
  • Esteves, F. A. 1998. Fundamentos de Limnologia. 2ª ed. Ed. Interciência/FINEP, Rio de Janeiro, 602p.
  • ______ & Camargo, A. F. M. 1986. Sobre o papel das macrófitas aquáticas na estocagem e ciclagem de nutrientes. Acta Limnologica Brasiliensia 1: 273-278.
  • FEEMA. 1988. Perfil ambiental do Município de Saquarema. Fundação Estadual de Estudos do Meio Ambiente, Rio de Janeiro, 56 p.
  • França, F.; Melo, E.; Góes-Neto, A.; Araújo, D.; Bezerra, M. G.; Ramos, H. M.; Castro, I. & Gomes, D. A. 2003. Flora vascular de açudes de uma região do semi-árido da Bahia, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17(4): 549-559.
  • Gastal, C. V. S. & Irgang, B. E. 1997. Levantamento de macrófitas aquáticas do Vale do Rio Pardo, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia. Série Botânica (49): 3-9.
  • Henriques, R. P. B.; Araújo, D. S.; Esteves, F. A. & Franco, A. C. 1988. Análise preliminar das comunidades de macrófitas aquáticas da Lagoa Cabiúnas, Rio de Janeiro, Brasil. Acta Limnologica Brasiliensia. 2: 783-802.
  • Hoehne, F. C. 1948 (impressão 1955). Plantas aquáticas. Instituto de Botânica, São Paulo. Publicação da Série D: 1-168.
  • Irgang, B. E. & Gastal, C. V. S. 1996. Macrófitas aquáticas da planície costeira do RS. Edição própria, Porto Alegre, 290p.
  • ______; Pedralli, G. & Waechter, J. L. 1984. Macrófitos aquáticos da Estação Ecológica do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil. Roessleria 6(1): 395-404.
  • Kissmann, K. G. 1997. Plantas infestantes e nocivas. Tomo I: Plantas inferiores e monocotiledôneas. 2ª ed. Ed. BASF, São Bernardo do Campo, 823p.
  • Kissmann, K. G. & Groth, D. 1995. Plantas infestantes e nocivas. Tomo III: Plantas dicotiledôneas de Geraniaceae e Verbanaceae. Ed. BASF, São Bernardo do Campo, 683p.
  • Kissmann, K. G. & Groth, D. 1999. Plantas infestantes e nocivas. Tomo II: Plantas dicotiledôneas por ordem alfabética de famílias. Acanthaceae a Fabaceae. 2º ed. Ed. BASF, São Bernardo do Campo, 978p.
  • Kita, K. K. & Souza, M. C. 2003. Levantamento florístico e fitofisionômico da lagoa Figueira e seu entorno da planície alagável do alto rio Paraná, Porto Rico, estado do Paraná, Brasil. Acta Scientiarum: Biological Sciences 25(1): 145-155.
  • Magurran, A. E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton University Press. Princeton, New Jersey. 179p.
  • Marques, A. N. 1999. O papel ecológico de macrófitas emergentes de duas lagunas da costa leste fluminense, estado do Rio de Janeiro, Brasil. In: Knoppers, B.; Bidone, E. D. & Abrão, J. J. Environmental geochemistry of coastal lagoon systems, Rio de Janeiro, Brazil. Série Geoquímica Ambiental 6: 155-168.
  • Matias, L. Q.; Amado, E. R. & Nunes, E. P. 2003. Macrófitas aquáticas da Lagoa de Jijoca de Jericoacoara, Ceará, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17(4): 623-631.
  • Novelo, A. & Gallegos, M. 1988. Estudio de la flora y la vegetación acuática relacionada com el sistema de chinapas em el sureste del Valle de México. Biota 13(1): 121-139.
  • Oliveira, M. L. A. A.; Neves, M. T. M. B.; Strehl, T.; Ramos, R. L. D. & Bueno, O. L. 1988. Vegetação de macrófitos aquáticos das nascentes do Rio Gravataí (Banhado Grande e Banhado Chico Lomã), Rio Grande do Sul, Brasil. Levantamento preliminar. Iheringia, Série Botânica 38: 67-80.
  • Paz, J. 2007. Hidrófitas vasculares nas Lagoas costeiras do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro, Brasil. Dissertação de Mestrado. Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 243p.
  • Pedralli, G.; Irgang, B. E. & Pereira, C. P. 1985. Macrófitos aquáticos do Município de Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista AGROS 20(1-4): 45-52.
  • _______; Meyer, S. T.; Teixeira, M. C. B. & Stehmann, J. R. 1993a. Levantamento dos macrófitos aquáticos e da mata ciliar no Reservatório de Volta Grande, Minas Gerais, Brasil. Iheringia, Série Botânica (43): 29-40.
  • _______; Stehmann, J. R. Teixeira, M. C. B.; Oliveira V. L. & Meyer, S. T. 1993b. Levantamento da vegetação aquática ('macrófitos') na área da EPDA-Peti, Santa Bárbara, MG. Iheringia, Série Botânica (43): 15-28.
  • Pereira, O. J. & Araujo, D. S. D. 2000. Análise florística das restingas dos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. In: Esteves, F. A. & Lacerda, L. D. (eds.). Ecologia de restingas e lagoas costeiras. NUPEM/UFRJ, Macaé. Pp. 25-63.
  • Pivari, M. O.; Pott, V. J. & Pott, A. 2008. Macrófitas aquáticas de ilhas flutuantes (baceiros) nas sub-regiões do Abobral e Miranda, Pantanal, MS, Brasil. Acta Botanica Brasilica 22(2): 563-571.
  • Pott, V. J. 1999. Riqueza verde em meio azul. In: Scremin-Dias, E.; Pott, V. J.; Hora, R. C. & Souza, P. R. (eds.). Nos jardins submersos da Bodoquena. UFMT, Campo Grande, MS. Pp. 58-43.
  • _______; Bueno, N. C.; Pereira, R. A. C.; Salis, S. M. & Vieira, N. L. 1989. Distribuição de macrófitas aquáticas numa lagoa da fazenda Nhumirim, Nhecolândia, Pantanal, MS. Acta Botanica Brasilica (supl.) 3(2): 153-168.
  • _______; Bueno, N. C. & Silva, M. P. 1992. Levantamento florístico e fitossociológico de macrófitas aquáticas em lagoas da Fazenda Leque, Abobral, Pantanal, MS. In: Anais do 8o Congresso da Sociedade Botânica de São Paulo. Sociedade Botânica de São Paulo, Campinas. Pp. 91-99.
  • ______ & Pott, A. 2000. Plantas aquáticas do pantanal. EMBRAPA, Ministério da Agricultura e do Abastecimento, 404p.
  • Prado, A. L.; Heckman, C. W. & Martins, R. F. 1994. The seasonal succession of biotic communities in wetlands of tropical wet-anddry climactic zone: II - The macrophyte vegetation in the Pantanal of Mato Grosso, Brazil. Internationale Revue der gesamten Hydrobiologie und Hydrographie 79(4): 569-89.
  • Prance, G. T. & Shaller, G. B. 1982. Preliminary study of some vegetation types of the Pantanal, Mato Grosso, Brasil. Brittonia 34: 288-251.
  • Rizzini, C. T. 1997. Tratado de fitogeografia do Brasil. Ed. Âmbito Cultural, Rio de Janeiro, 747p.
  • Rocha, C. G.; Resende, U. M. & Lugnani, J. S. 2007. Diversidade de macrófitas em ambientes aquáticos do IPPAN na Fazenda Santa Emília, Aquidauana, MS. Revista Brasileira de Biociências 5(supl. 2): 456-458.
  • Sá. C. F. C. 1992. A vegetação de Ipitangas, Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, Saquarema (RJ): fisionomia e listagem de Angiospermas. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 31: 87-102.
  • Silva, C. J.; Nogueira, F. & Esteves, F. A. 1994. Composição química das principais espécies de macrófitas aquáticas do Lago Recreio, Pantanal Matogrossense (MT). Revista Brasileira de Biologia 54(4): 617-622.
  • Silva, J. G. & Somner, G. V. 1989. A vegetação de restinga no Município de Maricá, RJ. Acta Botanica Brasilica 3(2): 253-272.
  • Silva, R. M. M. & Carniello, M. A. 2007. Ocorrência de macrófitas em lagoas intermitentes e permanentes em Porto Limão, Cárceres, MT. Revista Brasil de Biociências 5(supl. 2): 519-512.
  • Smith, A. R.; Pryer, K. M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.; Schneider, H. & Wolf, P. G. 2006. A classification for extant ferns. Taxon 55(3): 705-731.
  • The Angiosperm Phylogeny Group. 2003. An update of the order and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnaean Society 141: 399-436.
  • The International Plant Names Index. 2004. (http://www.ipni.org). Acessado em abril de 2008.
    » http://www.ipni.org
  • Tibiriçá, L. C. 1985. Dicionário de topônimos de origem Tupi. Significados de nomes geográficos. Ed. Traço, São Paulo, 197p.
  • Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. (http://www.mobot.org/W3T/Search/vast.html). Acessado em abril de 2008.
    » http://www.mobot.org/W3T/Search/vast.html
  • Ule, E. 1901. Die Vegetation von Cabo Frio an der Küste von Brasilien. In: Engler, A. (ed.). Botanischen Jahrbüchern 28: 511-528.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2009

Histórico

  • Recebido
    Maio 2008
  • Aceito
    Fev 2009
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br