Resumo
Historia Naturalis Brasiliae, obra de referência para as Ciências Naturais do Brasil, contém informações de espécies observadas por naturalistas do século XVII. Dentre os relatos a família botânica Fabaceae merece destaque entre os táxons que compõem a flora brasileira, devido à sua riqueza de espécies e interesse econômico. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo, foi resgatar informações da Fabaceae citadas no registro Historia Naturalis Brasiliae dos naturalistas Piso & Marggraf (1648), identificando potenciais recursos da flora brasileria em conjunto com conhecimentos locais sobre as espécies potenciais na atualidade e como os processos de mudanças históricas influenciaram no uso desses recursos vegetais. Os dados documentais foram analisados na fonte original e no trabalho de revisão de Pickel de 2008 (Flora do Nordeste do Brasil). As informações foram organizadas em banco de dados e realizou-se uma análise qualiquantitativa dos itens. Após as análises, foram resgatadas na obra 49 espécies pertencentes à família botânica Fabaceae. Desse total, 33 espécies e dois gêneros tiveram seu uso citado na obra, os relatos dessas espécies foram subdivido em quatro categorias, tendo o maior percentual a categoria de uso medicinal (69,23%). Das plantas relatadas para uso medicinal, 18 espécies e um gênero não possuíam registros em trabalhos contemporâneos. As análises aqui apresentadas contribuem para expandir o conhecimento de Fabaceae, recuperar o conhecimento de plantas dos séculos passados e discutir a influência de fatores que acarretam mudanças históricas nos padrões de uso, enriquecendo estudos na área da botânica, principalmente a etnobotânica histórica.
Palavras-chave
flora brasileira; análise documental; Fabaceae; etnobotânica histórica; plantas úteis