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Frutas nativas do Rio Grande do Sul, Brasil: riqueza e potencial alimentício

Native fruits of Rio Grande do Sul, Brazil: richness and potential as food

Resumo

O Brasil é o país com a maior biodiversidade conhecida no mundo, mas sua flora alimentícia ainda carece de estudos. No presente trabalho, apresentamos um levantamento de plantas frutíferas nativas do estado do Rio Grande do Sul com base em consultas bibliográficas e experimentação de campo. Dados adicionais de cada espécie, como nome popular, forma biológica, distribuição geográfica, hábitat, fenologia, tamanho da fruta e forma de uso também são apresentados. Reportamos 213 espécies frutíferas nativas distribuídas em 48 famílias e 102 gêneros, sendo Myrtaceae a família com o maior número de espécies. A maioria das espécies é constituída por árvores que ocorrem em ambientes florestais, distribuídas ao longo de todo território do estado. Mais de 90% das frutas são para consumo in natura ou derivados, enquanto uma pequena parte é utilizada após processamento, e outra parte é utilizada como condimento. Cerca de 20% das espécies são apresentadas de maneira inédita como frutíferas. Ressalta-se a elevada riqueza de espécies frutíferas encontrada no estado e a importância da valorização da flora nativa alimentícia com potencial de uso sustentável, incrementando a fruticultura local e agregando valor à produção agrícola.

Palavras-chave:
agrobiodiversidade; botânica econômica; frutíferas nativas; PANC; plantas alimentícias

Abstract

Brazil is the country with the major biodiversity known in the world, but its edible flora is still little studied. In this work, we present a checklist of the native edible fruits of the Rio Grande do Sul state based on bibliographic consultant and field taste proof. Additional data for each species are also presented with vernacular name, biological form, geographical distribution, habitat, phenology, size of fruits and forms of use. We reported 213 native edible fruits species belonging to 48 botanical family and 102 genera, being Myrtaceae the family with the largest number of species. The majority of the species are tree from forest habitats and occur along all territory of the state. More than 90% of the fruits are for in natura consumption or derivatives, while a small part is used after processing or as condiment. About 20% of the species are presented for the first time as having edible fruit. We highlighted the elevated richness of the native edible fruits found and the importance of appreciation of the local edible flora as potential resource for sustainable economic use, increasing local fruit production and adding value to agricultural production

Key words:
agrobiodiversity; economic botany; native fruits; PANC; edible plants

Introdução

As frutas representam importante parte da dieta humana (FAO 2010FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations (2010) The state of food insecurity in the world. FAO, Rome. 57p.) e são recomendadas para ingestão diária na prevenção de doenças e melhora da saúde (Willett 1994Willett WC (1994) Diet and health: what should we eat? Science 254: 532-537.; Liu 2003Liu RH (2003) Health benefits of fruit and vegetables are from additive and synergistic combinations of phytochemicals. The American Journal of Clinical Nutrition 78: 517S-520S.). Em amplo senso, o termo fruta é de uso vernacular, podendo incluir desde frutos (termo botânico que designa o ovário da flor após sua fecundação e desenvolvimento), sementes, pseudofrutos, infrutescências ou outras estruturas acessórias da reprodução sexuada das plantas usadas como alimento in natura e/ou em diversas formas, como sucos, doces, sorvetes, polpas, molhos doces e salgados, condimentos, temperos. (Lorenzi et al. 2015Lorenzi H, Lacerda MTC & Bacher LB (2015) Frutas no Brasil: nativas e exóticas (de consumo in natura). Instituto Plantarum, São Paulo. 704p.).

As frutas nativas do território brasileiro chamam atenção na literatura desde os primeiros registros dos portugueses que descreveram a riqueza da flora local (Sousa 1938Sousa GS (1938) Tratado descritivo do Brasil em 1587. Companhia Editora Nacional, São Paulo. 418p.) e que já faziam parte da alimentação dos povos indígenas originários (Ribeiro 1983Ribeiro B (1983) O índio na história do Brasil. Global Editora, São Paulo. 144p.). Provavelmente o maior compêndio que aborda as plantas úteis do país e as exóticas cultivadas é o de Corrêa (1984)Corrêa MP (1984) Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Vol. I-VI. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, Rio de Janeiro., que apresenta muitas vezes de forma genérica algumas espécies de uso conhecido à época pelos autores. Contudo, ainda que o Brasil seja atualmente reconhecido como o detentor da maior diversidade florística do mundo (Forzza et al. 2012Forzza RC, Baumgratz JFA, Bicudo CEM, Canhos D, Carvalho Jr. AA, Nadruz-Coelho MA, Costa AF, Costa DP, Hopkins M, Leitman PM, Lohmann LG, Lughadha EN, Maia LC, Martinelli G, Menezes M, Morim MP, Peixoto AL, Pirani JR, Prado J, Queiroz LP, Souza S, Souza VC, Stehmann JR, Sylvestre LS, Walter BMT & Zappi DC (2012) New Brazilian floristic list highlights conservation challenges. BioScience 62: 39-45.; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.), e sabendo da importância das plantas na alimentação, um levantamento sistematizado sobre o potencial alimentício das plantas e frutas nativas de todo território ainda não existe.

Para as frutas, um marco inicial dos trabalhos realizados foi o de Hoehne (1946)Hoehne FC (1946) Frutas indígenas. Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio - Instituto de Botânica, São Paulo. 88p., com descrições e comentários sobre centenas de espécies de plantas, avaliando o uso e o potencial alimentício derivado de frutos e sementes de aproximadamente 36 famílias botânicas. Posteriormente, Andersen & Andersen (1989)Andersen O & Andersen VU (1989) As frutas silvestres brasileiras. 3a ed. Globo, São Paulo. 206p. e Donadio et al. (2004)Donadio LC, Môro FV & Servidone AA (2004) Frutas Brasileiras. 2a ed. Ed. Novos Talentos, Jaboticabal. 288p. focaram em aspectos técnicos ligados à fruticultura moderna para cultivo e produção de algumas das espécies nativas mais conhecidas. Por fim, destacam-se as duas obras de Lorenzi et al. (2006Lorenzi H, Bacher LB, Lacerda MTC & Sartori S (2006) Frutas brasileiras e exóticas cultivadas de consumo in natura. Instituto Plantarum, São Paulo. 672p., 2015)APG IV - Angiosperm Phylogeny Group (2016) An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-20., com a ilustração e breve descrição de centenas de frutíferas nativas e exóticas de uso in natura no Brasil.

Para a Região Sul do Brasil, os trabalhos de Raseira et al. (2004)Raseira MCB, Antunes LEC, Trevisan R & Gonçalves ED (2004) Espécies frutíferas nativas do sul do Brasil. Documentos, 129. Embrapa Clima Temperado, Pelotas. 125p. e Kinupp (2011)Kinupp VF (2011) Espécies alimentícias nativas da Região Sul do Brasil. In: Coradin L, Siminski A & Reis A (eds.) Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Sul. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. 934p. contemplaram o registro de espécies tradicionalmente citadas como frutíferas, mas também destacaram espécies até então pouco citadas na literatura, como o mamãozinho-do-mato (Vasconcellea quercifolia A. St.-Hil) e a arumbeva (Opuntia elata Salm-Dyck). No que corresponde às espécies frutíferas encontradas no estado do Rio Grande do Sul (RS), Mattos (1978)Mattos JR (1978) Frutos indígenas comestíveis no Rio Grande do Sul. 2a ed. IPRNR, Porto Alegre. 37p. foi pioneiro ao apresentar 61 espécies com “frutos indígenas comestíveis”. Posteriormente, Brack et al. (2007)Brack P, Kinupp VF & Sobral MEG (2007) Levantamento preliminar de espécies frutíferas de árvores e arbustos nativos com uso atual ou potencial do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agroecologia 2: 1769-1772. registraram 109 espécies frutíferas, de amplo senso, como arbóreas e arbustivas, distribuídas em 31 famílias botânicas, e Kinupp (2007)Kinupp VF (2007) Plantas alimentícias não-convencionais da região metropolitana de Porto Alegre. Tese de Doutorado em Fitotecnia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 590p. apresentou 133 frutíferas com ocorrência na Região Metropolitana de Porto Alegre, RS.

As plantas frutíferas nativas ganham espaço importante, seja por suas características nutricionais (Marin et al. 2004Marin R, Pizzoli G, Limberger R, Apel M, Zuanazzi JAS & Henriques AT (2004) Propriedades nutracêuticas de algumas espécies frutíferas nativas do sul do Brasil. In: Raseira MCB, Antunes LEC, Trevisan R & Gonçalves ED (eds.) Espécies frutíferas nativas do sul do Brasil. Documentos, 129. Embrapa Clima Temperado, Pelotas. 125p.), cada vez mais valorizadas, ou pelo potencial real de incremento de renda para o pequeno produtor rural (Kahane et al. 2013Kahane R, Hodgkin T, Jaenicke H, Hoogendoorn C, Hermann M, Keatinge JDH, Hughes JA, Padulosi S & Looney N (2013) Agrobiodiversity for food security, health and income. Agronomy for Sustainable Development 33: 671-693.). O seu uso também tem papel relevante no âmbito da biodiversidade dos sistemas naturais ou agroecológicos, uma vez que as espécies frutíferas estão intimamente relacionadas aos remanescentes mais preservados de florestas e outros ecossistemas naturais (Barbieri et al. 2014Barbieri RL, Gomes JCC, Alercia A & Padulosi S (2014) Agricultural Biodiversity in Southern Brazil: integrating efforts for conservation and use of neglected and underutilized species. Sustainability 6: 741-757.). Como bem apresentado por Hoehne (1946)Hoehne FC (1946) Frutas indígenas. Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio - Instituto de Botânica, São Paulo. 88p. as frutas nativas devem ter um espaço na promoção necessária das policulturas. Hoje, as policulturas encontram-se especialmente em sistemas agroecológicos, menos vulneráveis e mais inclusivos socialmente que os cultivos monoespecíficos (Sevilla-Guzmán 2001Sevilla-Guzmán E (2001) Uma estratégia de sustentabilidade a partir da Agroecologia. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável 2: 35-45.).Contudo, o conhecimento acerca das frutíferas nativas do Rio Grande do Sul ainda se encontra incompleto, por se tratar de um tema que não despertou o devido interesse na sociedade gaúcha e no Brasil. Apesar desta situação nacionalmente desfavorável, algumas dessas frutas já são comercializadas há muitas décadas no exterior. Merecem destaque os contextos da Nova Zelândia, da Austrália, dos Estados Unidos da América e da Colômbia, sendo este o caso da goiaba-serrana (Acca sellowiana (O.Berg) Burret), do araçá (Psidium cattleianum Sabine) e da pimenta-rosa (Schinus terebinthifolia Raddi) (Morton 1978Morton JF (1978) Brazilian pepper - its impact on people, animals and the environment. Economic Botany 32: 353-359.; Patel 2012Patel S (2012) Exotic tropical plant Psidium cattleianum: a review on prospects and threats. Reviews in Environmental Science and Bio/Technology 11: 243-248.; Moretto 2014Moretto SP (2014) A domesticação e a disseminação da feijoa (Acca sellowiana) do século XIX ao século XXI. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 432p.).

A valorização local das espécies frutíferas nativas é, portanto, necessária e urgente, sendo o desconhecimento do tema uma das principais barreiras a serem vencidas. Neste trabalho, apresentamos um checklist das espécies frutíferas nativas do RS com uso alimentício atual ou potencial tanto in natura quanto por meio de produtos derivados, visando contribuir com o conhecimento para o uso sustentável da biodiversidade brasileira.

Materiais e Métodos

Área de estudo

O Rio Grande do Sul é o estado mais austral do Brasil, com superfície terrestre de 281.749 km2. Está situado entre as latitudes de 27o e 34o Sul, e as longitudes 50o e 57o Oeste, possuindo classificação climática de Köeppen Cfa e Cfb, caracterizado por clima subtropical úmido com verão quente ou ameno, respectivamente. Está dividido, neste trabalho, em oito (08) unidades fitogeológicas, adaptadas de Pacheco (1956)Pacheco MFSD (1956) Divisão regional do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul (CEMAPA) 1: 7-17., associadas às formações vegetacionais do IBGE (2004IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2004) Mapa de vegetação do Brasil. IBGE, Rio de Janeiro. Disponível em <ftp://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_ambientais/vegetacao/mapas/brasil/vegetacao.pdf> Acesso em 2018.
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, 2012)IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2012) Manual técnico da vegetação brasileira. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro. 271p., sendo estas: Alto Uruguai (AU), com Floresta Estacional Decidual; Campanha (CA), que é coberta predominantemente por Estepe; Depressão Central (DC), também dominada por Estepe, Floresta Estacional Decidual do Rio Jacuí e Áreas de Tensão Ecológica; Litoral (L), com Áreas de Formações Pioneiras; Litoral Norte (LN), onde domina a Floresta Ombrófila Densa e Áreas de Formações Pioneiras; Missões (MI), com Estepe e Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai; Planalto (PL), com Floresta Ombrófila Mista e Estepe; e Serra do Sudeste (SS), com Estepe, em geral Estepe Gramíneo-lenhosa e Estepe Parque (Fig. 1).

Figura 1
Mapa do Rio Grande do Sul, adaptado de Pacheco (1956)Pacheco MFSD (1956) Divisão regional do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul (CEMAPA) 1: 7-17., com as regiões fitogeológicas consideradas neste estudo.
Figure 1
Map of Rio Grande do Sul, adapted from Pacheco (1956)Pacheco MFSD (1956) Divisão regional do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. Boletim Geográfico do Rio Grande do Sul (CEMAPA) 1: 7-17., with the phytogeological regions used in this study.

Inclusão e categorização de espécies

Foram enquadradas como frutíferas aquelas espécies que apresentaram frutos ou outras estruturas de reprodução sexual (sementes, infrutescências, pseudofrutos etc.) que podem ser consumidas in natura (que inclui sucos e geleias) ou que são consumidas após preparo por cozimento, torração, fermentação ou outra forma de processamento. As espécies foram incluídas com base em seu uso registrado em bibliografia especializada, e também em experimentações por parte dos autores. As obras básicas consultadas e utilizadas sobre o uso das espécies foram Mattos (1978)Mattos JR (1978) Frutos indígenas comestíveis no Rio Grande do Sul. 2a ed. IPRNR, Porto Alegre. 37p., Lorenzi et al. (2006Lorenzi H, Bacher LB, Lacerda MTC & Sartori S (2006) Frutas brasileiras e exóticas cultivadas de consumo in natura. Instituto Plantarum, São Paulo. 672p., 2015)APG IV - Angiosperm Phylogeny Group (2016) An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-20. e Kinupp (2007)Kinupp VF (2007) Plantas alimentícias não-convencionais da região metropolitana de Porto Alegre. Tese de Doutorado em Fitotecnia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 590p., incluindo outros trabalhos de abrangência mais restrita (Dimitri 1973Dimitri JM (1973) Libro del arbol. Especies forestales indígenas argentinas de aplicación ornamental. 3ª ed. Celulosa Argentina, Buenos Aires.; Carrere 1990Carrere R (1990) El bosque natural uruguayo: utilización tradicional y usos alternativos. Serie Investigaciones 79. CIEDUR, Montevideo. Disponível em <http://www.guayubira.org.uy/monte/Ciedur7.html> Acesso em 2018.
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; Silva et al. 2001Silva DB, Silva JA, Junqueira NTV & Andrade LRM (2001) Frutas do Cerrado. Embrapa, Brasília. 179p.; Inta 2003INTA - Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (2003) Plantas silvestres comestibles y condimenticias del NOA. Boletín Desideratum 1: 32.; Zampini et al. 2011Zampini IC, Ordoñez R, Giannini N, Blendinger P & Isla MI (2011) Cactacea fruits in native forests of North-Western Argentina: a new option for functional foods. Biocell 35: 111.). Para os nomes comuns das espécies foram utilizados os trabalhos de Sobral et al. (2013)Sobral M, Jarenkow JA, Brack P, Irgang BE, Larocca J, Rodrigues RS (2013) Flora arbórea e arborescente do Rio Grande do Sul, Brasil. 2a ed. RiMa, São Carlos. 348p. e Backes & Nardino (2001)Backes A & Nardino M (2001) Nomes populares e científicos de plantas do Rio Grande do Sul. 2a ed. UNISINOS, São Leopoldo. 162p., suplementado com a experiência de campo dos autores.

O processo de experimentação alimentar ocorreu em estruturas reprodutivas potencialmente alimentícias tendo como foco as plantas com frutos carnosos, principalmente onde não se obteve registro bibliográfico sobre seu uso. Foram incluídas aquelas que apresentavam palatabilidade aceitável por dois ou mais dos presentes autores. Os critérios para a inclusão de plantas experimentadas basearam-se em aspectos como presença de polpa adocicada, ausência de adstringência, amargor e acidez elevados, bem como registros bibliográficos de compostos potencialmente tóxicos. Entretanto, estes critérios são subjetivos e sempre são objeto de reavaliações, incluindo a descoberta de outras formas de preparo de partes dos frutos, alertando-se também para a necessidade de amparo do conhecimento científico necessário que afaste potenciais riscos representados por eventual toxidez. Algumas plantas foram incluídas como potenciais, quando não registradas pela bibliografia e sem a oportunidade de experimentação, levando-se em conta a estrutura carnosa dos frutos e a associação com espécies dos mesmos gêneros em questão que possuem uso alimentício já consagrado na literatura, sendo os casos de Butia (Becc.) Becc. e Inga Mill., por exemplo.

Quanto às formas de uso de cada espécie, dividiu-se três categorias: in natura (NAT), que também pode incluir produtos derivados como sucos, geleias, polpas etc.; processadas (PRO), quando utilizada após processamento como cozimento, conserva, fermentação etc.; ou em forma de condimento (CON), quando utilizada de forma pontual como aromática para tempero e preparo de outros pratos.

As formas biológicas foram classificadas em: ervas terrícolas (erv), plantas não lenhosas ou semi-lenhosas até 1 m de altura; ervas ou arbustos epifíticos (epi); arbustos terrícolas (arb), plantas lenhosas de 1 m a 4 m, sem fuste; árvores, plantas lenhosas com altura acima de 4 m e presença predominante de fuste, divididas em altas (ava), com altura que pode ultrapassar 20 m, médias (avm), entre 10 m e 20 m, e baixas (avb), entre 4 m e 10 m; palmeiras (pal) e trepadeiras (trp). No que se refere ao tamanho das frutas, dividiu-se em escala de diâmetro médio, ou seja, comprimento da maior largura da fruta in natura, como: pequeno = até 1,5 cm; médio = entre 1,6 cm e 3,5 cm; e grande = acima de 3,5 cm. Os dados fenológicos, relativos à floração (antese) e frutificação (frutos maduros) de cada espécie, foram obtidos com base em registros nos principais herbários do RS (ICN, PACA e HAS), registros pessoais de campo, e em bibliografia especializada para o estado, sendo apresentados mais a título de informação da disponibilidade de espécies com frutos em diferentes meses, não sendo o objetivo deste trabalho uma análise pormenorizada do tema.

A ocorrência das espécies foi categorizada nas unidades fitogeológicas previamente descritas para o RS, sendo aquelas que ocorrem em mais de três regiões foram consideradas com distribuição ampla ou variável (VAR). Quanto ao habitat, considerou-se Floresta (FL), campo (CM), vegetação ruderal (RU) e vegetação savanoide (VS), neste caso englobando butiazais e vegetação denominada de Parque de Espinilho. As espécies seguem classificação da APG IV (2016)APG IV - Angiosperm Phylogeny Group (2016) An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-20., e são acompanhadas de material testemunho (voucher) para a Flora do Rio Grande do Sul, com as siglas dos herbários de acordo com Thiers (continuamente atualizado)Thiers B [continuamente atualizado] Index Herbariorum: a global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/science/ih/>. Acesso em 22 janeiro 2017.
http://sweetgum.nybg.org/science/ih/...
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Resultados

Foram encontradas 213 espécies consideradas frutíferas nativas do Rio Grande do Sul, englobando 48 famílias e 102 gêneros (Tab. S1, disponibilizada no material suplementar <https://doi.org/10.6084/m9.figshare.12751931.v1>), sendo parte delas ilustrada na Figura 2. As espécies estão distribuídas em 113 árvores (53,1%), 33 arbustos (15,5%), 32 trepadeiras (15%), 14 palmeiras (6,6%), 12 ervas (5,6%) e 9 epífitas (4,2%) (Fig. 3), sendo a maioria de hábitat florestal (182), e as demais de campos (15), ambiente savanoide (12) ou ruderal (6) (Fig. 4). Quanto à distribuição geográfica nas unidades do estado, 75 espécies apresentam variação na região de ocorrência (ocorrendo em mais de três unidades), enquanto 64 são encontradas no Litoral Norte, 43 no Planalto, 33 na Depressão Central, 25 na Serra do Sudeste, 20 no Alto Uruguai, 14 na Campanha, 6 no Litoral e 5 nas Missões (Fig. 5).

Figura 2
Riqueza e potencial alimentício das espécies de frutas nativas do Rio Grande do Sul. Ilustração de parte da diversidade - a. Bromelia antiacantha (Bromeliaceae); b. Lepismium crucriforme (Cactaceae); c. Celtis ehrenbergiana (Cannabaceae); d. Gaylussacia brasiliensis (Ericaceae); e. Odontocarya acuparata (Menispermaceae); f. Myrcia cuspidata (Myrtaceae); g. Eugenia multicostata (Myrtaceae); h. Eugenia myrcianthes (Myrtaceae); i. Scutia buxifolia (Rhamnaceae); j. Acanthosyris spinescens (Santalaceae); k. Solanum sisymbriifolium (Solanaceae); l. Citharexylum montevidense (Verbenaceae). Fotos: Sérgio A.L. Bordignon.
Figure 2
Richness and potential food of Rio Grande do Sul’s native fruit species. Illustration from part of diversity - a. Bromelia antiacantha (Bromeliaceae); b. Lepismium crucriforme (Cactaceae); c. Celtis ehrenbergiana (Cannabaceae); d. Gaylussacia brasiliensis (Ericaceae); e. Odontocarya acuparata (Menispermaceae); f. Myrcia cuspidata (Myrtaceae); g. Eugenia multicostata (Myrtaceae); h. Eugenia myrcianthes (Myrtaceae); i. Scutia buxifolia (Rhamnaceae); j. Acanthosyris spinescens (Santalaceae); k. Solanum sisymbriifolium (Solanaceae); l. Citharexylum montevidense (Verbenaceae). Photos: Sérgio A.L. Bordignon.

Figura 3
Forma biológica das espécies de frutas nativas do Rio Grande do Sul.
Figure 3
Life-form of Rio Grande do Sul’s native fruit species.

Figura 4
Principais habitats das espécies de frutas nativas do Rio Grande do Sul.
Figure 4
Main habitats of Rio Grande do Sul’s native fruit species.

Figura 5
Distribuição das espécies de frutas nativas do Rio Grande do Sul nas regiões fitogeológicas do estado. VAR: Variável. LN: Litoral Norte. PL: Planalto. DC: Depressão Central. SS: Serra do Sudeste. AU: Alto Uruguai. CA: Campanha. L: Litoral. MI: Missões.
Figure 5
Distribution of Rio Grande do Sul’s native fruit species into phytogeological regions of the state.

As quinze famílias com maior número de espécies são Myrtaceae (43 spp.), Solanaceae (15 spp.), Arecaceae (14 spp.), Cactaceae (14 spp.), Passifloraceae (10 spp.), Annonaceae (9 spp.), Melastomataceae (8 spp.), Fabaceae (8 spp.), Rosaceae (7 spp.), Rubiaceae (7 spp.), Sapotaceae (7 spp.), Urticaceae, (6 spp.), Anacardiaceae (5 spp.) e Moraceae (5 spp.). Estas famílias contemplam cerca de 75% do total das espécies, e cada uma contém cinco ou mais espécies (Fig. 6).

Figura 6
Diagrama das principais famílias botânicas das espécies de frutas nativas do Rio Grande do Sul.
Figure 6
Diagram of the main botanical families of Rio Grande do Sul’s native fruit species.

Os quinze gêneros com maior número de espécies são: Eugenia (13 spp.), Passiflora (10 spp.), Annona (8 spp.), Butia (8 spp.), Solanum (8 spp.), Inga (6 spp.), Leandra (6 spp.), Campomanesia (6 spp.), Rubus (6 spp.), Myrciaria (5 spp.), Schinus (4 spp.), Lepismium (4 spp.), Rhipsalis (4 spp.), Myrcia (4 spp.) e Psidium (4 spp.) (Fig. 7). Estes gêneros representam 44% do total de espécies listadas, com pelo menos quatro espécies cada. O gênero Eugenia (Myrtaceae), com a maior diversidade, compreende espécies como pitanga (E. uniflora L.), cereja-do-rio-grande (E. involucrata DC.), araçá-piranga (E. multicostata D. Legrand) (Fig. 2g), pessegueiro-do-mato (E. myrcianthes Nied.) (Fig. 2h), uvaia (E. pyriformis Cambes.), batinga (E. rostrifolia D. Legrand), dentre outras.

Figura 7
Diagrama dos principais gêneros botânicos das espécies de frutas nativas do Rio Grande do Sul.
Figure 7
Diagram of the main botanical genera of Rio Grande do Sul’s native fruit species.

Cerca de 40% das frutas listadas são pequenas (85), enquanto 37% são médias (78) e 23% (50) são grandes (Fig. 8). Destas, 169 espécies (79%) já estavam listadas em alguma bibliografia específica como frutífera, enquanto 44 (22%) carecem de registro bibliográfico pretérito (Fig. 9). A maioria das frutas (196) pode ser utilizada para consumo in natura, enquanto 12 espécies são apreciadas apenas após processamento, e cinco são utilizadas como condimento (Fig. 10).

Figura 8
Tamanho das espécies de frutas nativas do Rio Grande do Sul.
Figure 8
Size of the Rio Grande do Sul’s native fruit species.

Figura 9
Informações bibliográficas acerca das espécies de frutas nativas do Rio Grande do Sul.
Figure 9
Bibliographical information regarding Rio Grande do Sul’s native fruit species.

Figura 10
Forma de aproveitamento das espécies de frutas nativas do Rio Grande do Sul.
Figure 10
Utilization form of Rio Grande do Sul’s native fruit species.

Novembro foi o mês com o maior número de espécies florescendo (101 spp.), seguido de outubro e dezembro (92 e 75 spp., respectivamente) (Fig. 11). O mês de março é o com maior número de espécies frutificando (79 spp.), seguido de fevereiro e janeiro (73 e 69 spp., respectivamente). Em contrapartida, o mês de julho foi o que apresentou o menor número de espécies florescendo e frutificando (7 e 10 spp., respectivamente).

Figura 11
Distribuição fenológica de florescimento e frutificação das espécies de frutas nativas do Rio Grande do Sul.
Figure 11
Phenological distribution of flowering and fruiting of Rio Grande do Sul’s native fruit species.

Discussão

Existem diferentes estimativas da porcentagem da flora de um determinado local que seja alimentícia, variando com especificidades geográficas, grau de distúrbio e de diversidade local. Por exemplo, Rapoport & Drausal (2001)Rapoport EH & Drausal BS (2001) Edible plants. In: Levin S (ed.) Encyclopedia of biodiversity. Academic Press, New York. Pp. 375-382. citam que cerca de 15% da flora do Deserto de Sonora (Estados Unidos da América) é alimentícia, enquanto que na Terra do Fogo (Argentina) pelo menos 6% da flora é comestível, e na Amazônia Boliviana os indígenas Chácobo utilizam cerca de 21% da flora local. Em média, Rapoport & Drausal (2001)Rapoport EH & Drausal BS (2001) Edible plants. In: Levin S (ed.) Encyclopedia of biodiversity. Academic Press, New York. Pp. 375-382. estimam que pelo menos 10% da flora mundial deve ser alimentícia.

Na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), Kinupp (2007)Kinupp VF (2007) Plantas alimentícias não-convencionais da região metropolitana de Porto Alegre. Tese de Doutorado em Fitotecnia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 590p. encontrou 311 espécies alimentícias, o que representa 21% da riqueza florística estimada para a região. Destas, 133 espécies (43%) são frutíferas, o que correspondeu a cerca de 8% da flora da região do estudo. No presente estudo, listamos 213 espécies frutíferas para o Rio Grande do Sul, o que corresponde a cerca de 4,5% da flora fanerogâmica identificada até agora para o estado do RS (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). Os resultados aqui apresentados superam em 3,5 vezes o número de espécies encontrado por Mattos (1978)Mattos JR (1978) Frutos indígenas comestíveis no Rio Grande do Sul. 2a ed. IPRNR, Porto Alegre. 37p.. A família mais numerosa, Myrtaceae, compreende 20% do total de espécies listadas, sendo, tradicionalmente, uma das famílias mais citadas com espécies frutíferas nativas na literatura (Lorenzi et al. 2006Lorenzi H, Bacher LB, Lacerda MTC & Sartori S (2006) Frutas brasileiras e exóticas cultivadas de consumo in natura. Instituto Plantarum, São Paulo. 672p., 2015)Lorenzi H, Lacerda MTC & Bacher LB (2015) Frutas no Brasil: nativas e exóticas (de consumo in natura). Instituto Plantarum, São Paulo. 704p.. Brack et al. (2007)Brack P, Kinupp VF & Sobral MEG (2007) Levantamento preliminar de espécies frutíferas de árvores e arbustos nativos com uso atual ou potencial do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agroecologia 2: 1769-1772. citaram 31 famílias de frutíferas para o RS, porém se limitavam a árvores e arbustos, não incluindo famílias de ervas e trepadeiras, por exemplo, que incrementaram a atual lista de espécies frutíferas. Dessa maneira, destaca-se a elevada riqueza de espécies frutíferas encontrada no estado do RS e o potencial alimentício da flora para utilização sustentável da agrobiodiversidade local e geração de renda.

A maioria das espécies frutíferas corresponde a árvores (53%) e de ambiente florestal (85%), sendo que estas representam cerca de 21% do total de espécies arbóreas existentes no território do RS (Sobral et al. 2013Sobral M, Jarenkow JA, Brack P, Irgang BE, Larocca J, Rodrigues RS (2013) Flora arbórea e arborescente do Rio Grande do Sul, Brasil. 2a ed. RiMa, São Carlos. 348p.). Apesar disso, destaca-se a riqueza complementar constituída de espécies frutíferas não arbóreas, que, em geral, carecem de estudos quando comparadas com espécie arbóreas. Espécies frutíferas não arbóreas, principalmente ervas, arbustos e trepadeiras, apresentam grande potencial na fruticultura, tendo em vista aspectos que otimizam sua produção por apresentarem crescimento mais rápido do que espécies de crescimento secundário, e necessitarem menos espaço para crescimento. Assim, destaca-se o potencial de espécies frutíferas não florestais, tendo em vista que Brack et al. (2010)Brack P, Kinupp VF, Ardissone RE & Mouzer MVS (2010) Espécies frutíferas do Bioma Pampa, no Brasil. In: Filippini Alba, JM (ed.) J. Sustentabilidade socioambiental da bacia da Lagoa Mirim. Embrapa Clima Temperado, Pelotas. Pp. 133-140. já assinalaram a ocorrência de 78 espécies para o bioma Pampa, área definida pelo IBGE (2004)IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2004) Mapa de vegetação do Brasil. IBGE, Rio de Janeiro. Disponível em <ftp://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_ambientais/vegetacao/mapas/brasil/vegetacao.pdf> Acesso em 2018.
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, como ambiente predominantemente de vegetação herbácea e arbustiva.

No estado, as espécies frutíferas estão amplamente distribuídas, sendo que todas unidades fitogeológicas possuem cinco ou mais espécies. Constatou-se que a maioria das espécies (75) ocorre em mais de três unidades, ou seja, possuindo uma ampla distribuição geográfica. Ademais, verificou-se que o Litoral Norte do RS apresenta o maior número de espécies frutíferas. Esta constatação pode estar relacionada com o fato desta ser a unidade fitogeológica representada, predominantemente, pela Floresta Ombrófila Densa da Mata Atlântica, ambiente conhecido de alta diversidade (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.).

Quanto ao tamanho das frutas na escala proposta, predominaram as de tamanho pequeno (85 spp.), seguidas das de tamanho médio (78 spp.) e por fim as de tamanho grande (50 spp.). As frutas de tamanho grande possuem, muitas vezes, maior interesse ou potencial comercial. Contudo, os frutos pequenos e médios não devem ser menosprezados pelo critério de tamanho. É sabido o potencial de frutas pequenas na produção de compostos bioativos e nutracêuticos (Moyer et al. 2002Moyer RA, Hummer KE, Finn CE, Frei B & Wrolstad RE (2002) Anthocyanins, phenolics, and antioxidant capacity in diverse small fruits: Vaccinium, Rubus, and Ribes. Journal of Agricultural and Food Chemistry 50: 519-525.). Dessa maneira, destaca-se os pequenos frutos condimentares da aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolia, Anacardiaceae), bem como os nutracêuticos e antioxidantes frutos da camarinha ou “mirtilo-brasileiro” (Gaylussacia brasiliensis, Ericaceae) (Fig. 2d) (Bramorski et al. 2011Bramorski A, Cherem AR, Mezadri T, Melo SS, Deschamps FC, Gonzaga LV, Rockenbach II & Fett R (2011) Chemical composition and antioxidant activity of Gaylussacia brasiliensis (camarinha) grown in Brazil. Food Research International 44: 2134-2138.; Reis & Siminski 2011Reis A & Siminski A (2011) Espécies aromáticas nativas da Região Sul do Brasil. In: Coradin L, Siminski A & Reis A (eds.) Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Sul. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. 934p.). As frutas médias e grandes são, de fato, as mais conhecidas e já utilizadas por parte da população, sendo as da família Myrtaceae aquelas que já possuem registros de venda in natura em mercados e feiras de agricultores, como pitanga (Eugenia uniflora), araçá (Psidium cattleianum), guabiroba (Campomanesia xanthocarpa), goiabeira-serrana (Acca sellowiana) e jabuticaba (Plinia peruviana) (Köhler 2014Köhler M (2014) Diagnóstico preliminar da cadeia das frutas nativas no estado do Rio Grande do Sul. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 81p.). Além dessas, outras frutas também têm tido importância na produção e comercialização no RS, caso do butiá (Butia spp., Arecaceae) e da juçara (Euterpe edulis, Arecaceae) (Köhler & Brack 2016Köhler M & Brack P (2016) Frutas nativas no Rio Grande do Sul: cultivando e valorizando a diversidade. Revista Agriculturas 13: 7-15.). Ainda cabe evidenciar que também são comercializadas, por meio de variedades ou cultivares, frutas de Passiflora edulis (Passifloraceae) e Physalis spp (Solanaceae).

Dos registros pretéritos na literatura, 169 espécies (79%) já estavam referenciadas como frutíferas, a maioria delas nas obras de Lorenzi et al. (2006Lorenzi H, Bacher LB, Lacerda MTC & Sartori S (2006) Frutas brasileiras e exóticas cultivadas de consumo in natura. Instituto Plantarum, São Paulo. 672p., 2015)Lorenzi H, Lacerda MTC & Bacher LB (2015) Frutas no Brasil: nativas e exóticas (de consumo in natura). Instituto Plantarum, São Paulo. 704p., Kinupp (2007)Kinupp VF (2007) Plantas alimentícias não-convencionais da região metropolitana de Porto Alegre. Tese de Doutorado em Fitotecnia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 590p. e Mattos (1978)Mattos JR (1978) Frutos indígenas comestíveis no Rio Grande do Sul. 2a ed. IPRNR, Porto Alegre. 37p.. As demais espécies (44) foram citadas no presente trabalho como frutíferas de maneira inédita, pelo menos para o Rio Grande do Sul ou em outras referências para o Brasil, por meio de experimentação das estruturas frutíferas ou por apresentarem potencial alimentício. Das 26 espécies listadas e experimentadas, tiveram destaque positivo pelo sabor e textura agradáveis o aguaí-guaçu (Chrysophyllum viride, Sapotaceae), o ingá-banana (Inga affinis, Fabaceae), a gaioleira (Aegiphila brachiata, Lamiaceae), a pixirica (Miconia sellowiana, Melastomataceae), a caapeba (Odontocarya acuparata, Menispermaceae) (Fig. 2e), a coronilha (Scutia buxifolia, Rhamnaceae) (Fig. 2i) e o tarumã-de-espinho (Citharexylum montevidense, Verbenaceae) (Fig. 2l). Com uso alimentício potencial, foram elencadas 18 espécies não experimentadas durante a realização deste estudo, tampouco com informações detalhadas na bibliografia consultada. Essas espécies são indicadas como potencialmente alimentícias por pertencerem a gêneros ricos em espécies frutíferas, o caso de Butia, Eugenia, Inga, Ficus, Myrcianthes, Podocarpus e Pouteria. Ademais, cabe ressaltar que muitas espécies que não foram tratadas como frutíferas na bibliografia consultada, ou que não têm uso corriqueiro pela população, podem ser consideradas Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANC). As PANC são uma categoria de plantas que tem recebido destaque em pesquisas recentes, e com ilimitado uso potencial na gastronomia (Kinupp & Lorenzi 2014Kinupp VF & Lorenzi H (2014) Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. Instituto Plantarum, São Paulo. 768p.).

A maioria das frutas nativas do Rio Grande do Sul pode ser aproveitada para consumo in natura (196 spp.). Esse escore permite, além do consumo direto, o aproveitamento como geleias, sucos, mousses, molhos, sorvetes, polpas etc. Por outro lado, 12 espécies necessitam algum tipo de processamento para consumo humano. Ressalta-se que a necessidade de processamento não é um obstáculo para o uso alimentício das espécies que o requerem, uma vez que espécies de uso tradicional e comercial já são aproveitadas processadas, como o pinhão (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze) e o açaí (Euterpe oleraceae Mart.), que no Rio Grande do Sul é substituída pela palmeira-juçara (Euterpe edulis Mart.) com uso similar e valores nutricionais superiores aos do açaí (Cardoso et al. 2018Cardoso AL, Liz S, Rieger DK, Farah ACA, Vieira FGK, Assis MAA & Pietro PF (2018) An update on the biological activities of Euterpe edulis (Juçara). Planta Medica 84: 487-499.). Cinco espécies têm uso condimentar, no tempero e finalização aromática de pratos doces ou salgados. Merecem destaque a aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolia), conhecida internacionalmente como brazilian-pepper (“pimenta-brasileira”, em tradução livre), e a pimenteira-silvestre (Capsicum flexuosum Sendtn.), essa última de grande potencial, embora pouco explorado (Kinupp 2011Kinupp VF (2011) Espécies alimentícias nativas da Região Sul do Brasil. In: Coradin L, Siminski A & Reis A (eds.) Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro - Região Sul. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. 934p.).

No aspecto fenológico, observamos que há frutas nativas do Rio Grande do Sul maduras em todos os meses do ano. Esse dado reforça o potencial de uso das frutíferas nativas na incrementação da diversidade de espécies para a fruticultura local, agregando valores nutracêuticos de sustentabilidade no aproveitamento da agrobiodiversidade nativa (Barbieri et al. 2014Barbieri RL, Gomes JCC, Alercia A & Padulosi S (2014) Agricultural Biodiversity in Southern Brazil: integrating efforts for conservation and use of neglected and underutilized species. Sustainability 6: 741-757.). Julho é o mês em que há o menor número de espécies com frutos, 10 no total, o que faz dele o mês com menor valor para esse quesito. Ressaltamos que os dados fenológicos obtidos neste trabalho são de natureza generalista, obtidos por meio da revisão de dados de herbário das espécies e observações de campo dos autores. Dessa maneira, entendemos como necessários estudos de caráter local e com metodologias voltadas a estimar com maior precisão a oferta de frutas nativas em cada mês ou estação do ano. Dada a escassez de publicações para a maioria das frutas nativas, torna-se indispensável a ampliação dos dados aqui discutidos, e a realização de trabalhos futuros com esse tema tão caro sob os pontos de vista da conservação da biodiversidade e da segurança alimentar.

Dado o grande potencial de uso das frutas nativas do estado do Rio Grande do Sul, urge a valorização da flora autóctone, sob o viés do uso sustentável da biodiversidade. A manutenção dessas espécies na natureza depende da conservação dos ambientes naturais, principalmente se considerarmos que poucas delas contam com cultivos comerciais para produção de frutas. A maior parte das frutas nativas encontradas eventualmente nos mercados locais é produto de extrativismo. Assim, perduram dificuldades como as lacunas de conhecimento desde o ponto de vista taxonômico até os âmbitos biológico, ecológico, agrícola e econômicos. Para o avanço no uso destes recursos, não podem ser esquecidas as formas de propagação e de manutenção da diversidade genética, a implementação de Bancos Ativos de Germoplasma e o desenvolvimento de sistemas agroecológicos para a produção agrícola, tendo em vista, inclusive, que algumas espécies sofrem declínio populacional e perda da variabilidade genética (Filippon et al. 2012Filippon S, Fernandesm CD, Ferreira DK, Duarte AS & Reis MS (2012) Produção de frutos para uso medicinal em Bromelia antiancatha (caraguatá): fundamentos para um extrastivismo sustentável. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 14: 506-513. <https://dx.doi.org/10.1590/S1516-05722012000300013>
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; Nazareno & Reis 2013Nazareno AG & Reis MS (2013) At risk of population decline? An ecological and genetic approach to the threatened palm species Butia eriospatha (Arecaceae) of Southern Brazil, Journal of Heredity 105: 120-129. <https://doi.org/10.1093/jhered/est065>
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; Salomão & Santos 2018Salomão AN & Santos IRI (2018) Criopreservação de germoplasma de espécies frutíferas nativas. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília. 28p.)

Agradecimentos

Agradecemos a Sérgio A.L. Bordignon, ceder e autorizar o uso de suas fotos neste trabalho; e aos revisores, as contribuições para o aprimoramento deste manuscrito.

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Editado por

Editora de área: Dra. Cristina Baldauf

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Set 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    31 Out 2018
  • Aceito
    26 Fev 2019
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