Resumo
As comunidades rurais possuem um repertório de conhecimentos associados ao uso de plantas que se relacionam com diversos aspectos biológicos e sociais. O objetivo deste estudo foi identificar a diversidade do uso de plantas alimentícias e medicinais pela comunidade rural do Brejal no estado do Rio de Janeiro, Brasil. Os dados etnobotânicos foram obtidos por meio da técnica “Snow ball ” e entrevistas semiestruturadas com 22 agricultores. A diversidade de espécies e índices de valor de uso foram calculados. Foram investigadas as relações entre o número de plantas citadas, idade dos entrevistados, gênero e tempo de trabalho na agricultura. Identificamos um alto índice de diversidade, compreendendo 185 espécies pertencentes a 53 famílias botânicas, destacando Asteraceae, Lamiaceae e Brassicaceae. Os maiores valores de uso foram associados a espécies exóticas. As folhas foram as estruturas vegetais mais utilizadas e as infusões o método de preparo predominante. As prescrições mais citadas são relacionadas a doenças do sistema digestivo. Homens e mulheres não diferiram em termos do número de espécies úteis citadas. Não encontramos correlação entre a idade dos entrevistados e o tempo de trabalho na agricultura. A uniformidade do número de citações demonstra o conhecimento compartilhado por toda a comunidade, abrangendo uma grande diversidade de plantas, usos, indicações e preparações.
Palavras-chave:
etnobotânica; plantas alimentícias; conhecimento local; plantas medicinais; variáveis sociais-ecológicas