INTRODUÇÃO: A comorbidade entre dependência química e doenças infectocontagiosas é bem conhecida, assim como a relação entre transtornos de humor e uso de substâncias. Entretanto, o transtorno distímico nestes pacientes recebe pouca atenção. Em parte, isso se justifica porque a realização do diagnóstico de distimia é mais difícil do que de outros transtornos do humor em razão do tempo de abstinência (2 anos) necessário para o diagnóstico, tendo em vista que toxicodependentes apresentam diversas recaídas durante o curso de suas vidas. As infecções pelos vírus HIV e HCV, frequentemente associadas ao consumo injetável de substâncias, contribuem para alterações do estado mental e o próprio tratamento pode causar diversas flutuações no humor. RELATO DE CASO: O paciente é um homem de 40 anos de idade que apresenta comorbidade entre dependência química (heroína e álcool) e distimia, complicada por recaídas, consumo injetável e status sorológico positivo aos vírus HIV-1 e HCV. CONCLUSÃO: Pacientes dependentes químicos com comorbidades psiquiátricas e infectocontagiosas são desafiadores no que tange diagnóstico, tratamento e definição de abordagens terapêuticas para os diferentes problemas apresentados. Investigar e abordar adequadamente, entretanto, traz diversos benefícios na qualidade de vida do indivíduo afetado, assim como potenciais benefícios financeiros.
Comorbidade; transtorno distímico; dependência de heroína; alcoolismo