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Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), Volume: 36 Suplemento 3, Publicado: 2009
  • Depressão e condições médicas Editorial

    Fráguas, Renério
  • Prevalência de depressão em mulheres idosas com fratura de quadril Artigos Originais

    Costa, Andréia Cristina Bustamante; Demétrio, Frederico Navas; Guajardo, Valeri Delgado; Gattaz, Wagner Farid; Amatuzzi, Marco Martins; Cafalli, Francisco; Leme, Luiz Eugênio Garcez; Fráguas, Renério

    Resumo em Português:

    CONTEXTO: A fratura de quadril possui elevada prevalência, principalmente em mulheres idosas. A depressão possui elevada prevalência nas mulheres e dados da literatura sugerem a existência de uma associação entre depressão e risco de fratura de quadril. Entretanto, não encontramos estudos brasileiros investigando especificamente esse tópico. OBJETIVOS: Investigar, em mulheres idosas, a prevalência de episódio depressivo maior precedendo a fratura de quadril e comparar com a prevalência de depressão em um grupo controle. MÉTODOS: Foram avaliadas 65 mulheres idosas, sendo 30 com fratura de quadril e 35 sem fratura de quadril. Para avaliar a depressão, utilizaram-se a Entrevista Clínica Estruturada para DSM-IV (SCID) e a Escala de Hamilton para Depressão na versão de 31 itens (HAM-D-31); para a avaliação do estado cognitivo, utilizou-se o Mini-Exame do Estado Mental (Mini Mental State Examination " MMSE). RESULTADOS: As pacientes com fratura de quadril apresentaram uma tendência para maior prevalência de história de episódio depressivo maior (p = 0,08) e menor pontuação para o MMSE. CONCLUSÕES: Neste estudo preliminar, encontrou-se uma tendência para maior prevalência de depressão em mulheres idosas com fratura de quadril. Estudos multicêntricos são recomendados para investigar essa possível associação na população brasileira.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Hip fracture has a high prevalence, especially among older women. Depression is common among females and data have suggested the existence of an association between depression and risk of hip fracture. However, we could not find Brazilian studies focusing specifically this issue. OBJECTIVES: To investigate, in elderly women, the prevalence of major depressive episode previously to the hip fracture and compare with the prevalence of depression in a control group. METHODS: We evaluated 65 elderly women, 30 with hip fracture and 35 without a hip fracture. To evaluate the depression we used the Structured Clinical interview for DSM-IV (SCID) and the 31-item version of the Hamilton Rating Scale for Depression (HAM-D-31), and to evaluate the cognitive state we used the Mini Mental State Examination (MMSE). RESULTS: Patients with hip fracture showed a trend for increased prevalence of previous major depressive episode (p = 0.08) and lower scores on the MMSE. DISCUSSION: In this preliminary study we found a trend for increased prevalence of depression in elderly women with hip fracture. Multicenter studies are warranted to investigate this possible association in the Brazilian population.
  • Depressão maior em pacientes com dor torácica não cardíaca: Quem vai tratar? Artigos Originais

    Fráguas, Renério; Nobre, Moacyr Roberto Cuce; Wajngarten, Mauricio; Cardeal, Marcus Vinicius; Figueiró, João Augusto Bertuol; Iosifescu, Dan V.; Teixeira, Manoel Jacobsen

    Resumo em Português:

    OBJETIVO: Investigar a presença de transtornos psiquiátricos em pacientes com dor torácica de origem não cardíaca que não respondem aos tratamentos regulares. MÉTODO: Dezoito pacientes com dor torácica sem origem cardíaca e considerados por seus clínicos como não respondentes aos tratamentos regulares instituídos foram avaliados por um psiquiatra treinado. As entrevistas foram realizadas com base no Present State Examination e os diagnósticos psiquiá-tricos, de acordo com os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana, 3ª Edição Revisada (DSM-III-R). RESULTADOS: Depressão maior no momento da avaliação foi diagnosticada em 6 (30%) pacientes, somatização em 1 (6%) e transtorno do pânico em 1 (6%) paciente. Sete pacientes estavam recebendo antidepressivos tricíclicos com doses < 75 mg/dia. CONCLUSÕES: A baixa dose de ADTs usadas para o tratamento da dor nesses pacientes pode ter melhorado parcialmente os sintomas depressivos, tornando mais difíceis o diagnóstico e o tratamento apropriado(s) da depressão e, assim, contribuindo para a persistência da dor e outras queixas. As futuras pesquisas deverão focalizar a eficácia do tratamento da depressão nesses pacientes e o impacto deste no alívio da dor torácica não cardíaca.

    Resumo em Inglês:

    OBJECTIVE: To investigate the presence of psychiatric disorders in patients with chest pain not responsive to treatment. METHOD: We evaluated 18 patients judged by their physicians to have a chest pain not responsive to usual treatment, which included anti-pain medicines and investigation and treatment of possible etiological causes such as coronary artery disease, and gastroesophageal reflux disease. A psychiatrist interviewed the patients using the Present State Examination and made the diagnosis based on the DSM-III-R criteria. Current major depression was diagnosed in 6 (30%) patients, somatization in 1 (6%) and panic disorder in 1 (6%) patient. Seven patients were receiving tricyclics antidepressant with doses > 75 mg/day. DISCUSSION: Patients were receiving doses of tricyclics antidepressants efficacious for pain but not for major depression. It is possible that the low dose of antidepressants used to treat pain may partially ameliorate depressive symptoms, making the appropriate diagnosis and treatment of major depression even more difficult, consequently contributing to the persistence of pain and other complains. Considering the wide alternatives to effectively treat depression, a focus on detection and treatment of major depression in patients with chest pain is warranted by clinicians and researchers.
  • Depressão e infarto agudo do miocárdio Revisões Da Literatura

    Alves, Tânia Correa de Toledo Ferraz; Fráguas, Renério; Wajngarten, Mauricio

    Resumo em Português:

    A associação entre transtorno depressivo maior e doenças cardiovasculares, em particular infarto agudo do miocárdio, é frequente, levando a pior prognóstico tanto da depressão como da doença cardiovascular, com maiores taxas de reinfarto e maior morbidade e mortalidade. Os autores discutem as evidências na literatura que demonstram essa associação entre infarto agudo do miocárdio e quadros depressivos, com enfoque nos avanços em fisiopatologia e terapêutica psiquiátrica. Vários estudos têm mostrado que o tratamento da depressão associada a quadros cardíacos é eficaz, melhora a qualidade de vida e pode ser feito com segurança. Embora o tratamento da depressão tenha sido associado à melhora de alguns parâmetros cardiovasculares, ainda não existem, entretanto, evidências de associação entre tratamento da depressão e melhora da morbidade e mortalidade cardiovascular.

    Resumo em Inglês:

    The association between major depressive disorder and cardiovascular diseases, particularly myocardial infarction, is frequently observed, leading to worse prognosis both on the depressive disorder as well as cardiovascular disease, with increased rates of re-infarction and both morbidity and mortality. The authors review and discuss the evidence in the literature that supports the relationship between depressive disorder and cardiovascular disease, with focus on the advances on the physiopathology and the psychiatric management. Various studies have shown that treatment of depression is efficacious, improves quality of life and can be safely conducted. Although, treatment of depression has been associated with improvement on some cardiovascular parameters, there is no evidence so far that treatment of depression is associated with decrease of cardiovascular morbidity and mortality.
  • Depressão e diabetes mellitus Revisões Da Literatura

    Fráguas, Renério; Soares, Simone Maria de Santa Rita; Bronstein, Marcelo Delano

    Resumo em Português:

    O diabetes mellitus possui elevada prevalência, acometendo cerca de 7% da população brasileira. Em torno de 20% a 30% dos pacientes com diabetes apresentam depressão. A depressão pode atuar como um fator de risco para o desenvolvimento do diabetes, piorar seus sintomas e interferir com o autocuidado dos pacientes. Quando não tratada adequadamente, a depressão nesses pacientes tende a evoluir com elevada taxa de recorrência. Entre os tratamentos disponíveis, encontramos na literatura um benefício da psicoterapia, cognitiva ou cognitivo-comportamental, para melhora dos sintomas depressivos, mas sem evidência de um benefício no controle glicêmico. Os antidepressivos tricíclicos, em especial os com maior ação noradrenérgica, e os inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) tendem a aumentar os níveis glicêmicos. A bupropiona não interfere na glicemia e há evidências de que os inibidores seletivos de recaptura de serotonina (ISRS) melhoram os níveis glicêmicos e podem reduzir a taxa de recaídas, mostrando-se boas opções de tratamento farmacológico. A eletroconvulsoterapia também é uma estratégia interessante para esses pacientes, recomendando-se, no entanto, monitorização da glicemia. Não foram encontrados estudos significativos sobre os demais antidepressivos disponíveis para comercialização.

    Resumo em Inglês:

    Diabetes mellitus has an estimated prevalence of 7% among Brazilian population. Around 20% to 30% of these patients have a depressive disorder. Depression can work as risk factor to the development of diabetes, can worse its symptoms and interfere with self-care. When not adequately treated, depressive disorder in these patients tends to have high rates of recurrence. Among the available treatments literature shows a benefit of psychotherapy, mainly cognitive or cognitive-behavioral, in ameliorating depressive symptoms, but without impact on glycaemic control. Tryciclic antidepressants, especially those with more noradrenergic profile, and monoamino oxidase inhibitors are associated with worsening of glycaemic control. Bupropion shows no action on glucose blood levels and there are evidences that serotonin selective reuptake inhibitors may improve the glycaemic levels and reduce the recurrence, being good choices to treat these patients. Electroconvulsive therapy is an interesting treatment to these patients, but monitoring of blood glucose is recommended. We did not find data about other antidepressants.
  • Depressão pós-AVC: aspectos psicológicos, neuropsicológicos, eixo HHA, correlato neuroanatômico e tratamento Revisões Da Literatura

    Terroni, Luisa de Marillac Niro; Mattos, Patricia Ferreira; Sobreiro, Matildes de Freitas Menezes; Guajardo, Valeri Delgado; Fráguas, Renério

    Resumo em Português:

    CONTEXTO: A depressão pós-AVC (DPAVC) possui uma prevalência elevada. Apesar disso, ela é pouco detectada e tratada. Muitos fatores de risco e repercussões negativas na recuperação dos pacientes estão associados à DPAVC. OBJETIVO: Revisar alguns aspectos da DPAVC como: qualidade de vida, prejuízos cognitivos, eixo HHA, localização do AVC e tratamento. MÉTODOS: Pesquisa dos últimos 10 anos da base de dados MedLine/PubMed usando as palavras-chave post-stroke depression, stroke, quality of life, hypercortisolism, cogntitive dysfunction e treatment. RESULTADOS: A prevalência de DPAVC é de 23% a 60%. Há poucos estudos sobre a incidência de DPAVC. A DPAVC está associada a pior prognóstico e evolução, agravo das disfunções cognitivas e redução da qualidade de vida. O hipercortisolismo está associado à DPAVC que ocorre tardiamente ao AVC. AVC em gânglios da base, região frontal esquerda e estruturas do circuito prefrontosubcortical está relacionado à frequência e à gravidade da DPAVC. CONCLUSÕES: É necessário melhoria na metodologia dos estudos para maior esclarecimento sobre a fisiopatologia da incidência da DPAVC. Programas objetivando o aumento das taxas de detecção dos pacientes deprimidos se fazem necessários inclusive para a redução dos impactos negativos na recuperação desses pacientes.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: The prevalence of post-stroke depression (PSD) is elevated. Some risk factors and poor outcome have been associated with PSD. The treatment of PSD reduced the negative impact in patients recovery. Appart from these data the PSD has been under diagnosed and under treated. OBJECTIVE: Review some aspects such as quality of life, cognitive dysfunction, hypercortisolism, stroke localization and treatment of PSD. METHODS: MedLine/PubMed database search using the terms post-stroke depression, stroke, quality of life, hypercortisolism, cognitive dysfunction and treatment, published in MedLine in the last 10 years. RESULTS: PSD has a high rate of prevalence, from 23% to 60%. Few incidence rates are investigated. PSD is associated with poor outcome, increase of cognitive dysfunction and reduced quality of life. The hypercortisolism seems to be associated with PSD in the latter period of stroke. Stroke in the left frontal region, basal ganglia and some structures of prefrontosubcortical circuits have been related with frequency and severity of PSD. DISCUSSION: Some programs can be used to assist the medical care researcher with these patients in diagnosis and treatment of PSD. The research needs to be continued with clear methodological protocols in order to understand the physiopathology related to the incident PSD.
  • Depressão e câncer Revisões Da Literatura

    Bottino, Sara Mota Borges; Fráguas, Renério; Gattaz, Wagner Farid

    Resumo em Português:

    A depressão é o transtorno psiquiátrico mais comum em pacientes com câncer, com prevalências variando de 22% a 29%. Essa variabilidade está associada a sítios do tumor, estágio clínico, dor, funcionamento físico limitado, além da existência de suporte social. A depressão associa-se a um pior prognóstico e aumento da mortalidade pelo câncer. Síndromes depressivas podem ser uma consequência das terapias antineoplásicas, como ocorre em 21% a 58% dos pacientes recebendo interferon-alfa. Sentimentos de tristeza e desespero podem inibir a procura de cuidado pelos pacientes, dificultando o reconhecimento da depressão. O tratamento com antidepressivos é efetivo e melhora a adesão aos tratamentos do câncer, reduzindo efeitos adversos como náusea, dor e fadiga. Em pacientes com câncer, tratamento prévio com antidepressivos pode minimizar sintomas depressivos induzidos por interferon-alfa. O tratamento com antidepressivos parece ser uma estratégia efetiva para prevenir o desenvolvimento da depressão induzida por interferon-alfa. Intervenções psicossociais, como técnicas de relaxamento, terapia individual e em grupo, também podem ser utilizadas na redução dos sintomas depressivos e de estresse em pacientes com câncer.

    Resumo em Inglês:

    Depression is the most common psychiatric disorder in patients with cancer, with prevalence rates ranging from 22% to 29%. This variability is associated to cancer sites, clinical stages, pain, limited physical functioning, beyond the existence of social support. Depression is associated to poorer prognosis and higher cancer mortality. Depressive syndromes can be a consequence of the antineoplasic therapies, as occurs in 21% to 58% of the patients treated with alfa-interferon. Sadness and desperation can inhibit the search for care by the patients, and difficult depression recognition. Antidepressant treatment is effective, and improve the adherence to cancer treatments, reducing side effects as nausea, pain and fatigue. In cancer patients, pretreatment with antidepressants seems to minimize depressive symptoms induced by interferon-alfa. Psychosocial interventions as relaxing techniques, group and individual psychotherapies can also be applied to reduce depressive and stress symptoms in patients with cancer.
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