RESUMO
Objetivo:
Determinar eventos associados à ocorrência de hipertensão intracraniana (HIC) em pacientes pediátricos com traumatismo cranioencefálico grave.
Métodos:
Trata-se de coorte prospectiva de pacientes de até 18 anos, com traumatismo cranioencefálico, pontuação abaixo de nove na Escala de Coma de Glasgow e monitoração da pressão intracraniana, admitidos entre setembro de 2005 e março de 2014 em unidade de terapia intensiva pediátrica. A HIC foi definida como episódio de pressão intracraniana acima de 20 mmHg por mais de cinco minutos e com necessidade de tratamento.
Resultados:
Incluídas 198 crianças e adolescentes, 70,2% masculinos, mediana de idade de nove anos. A HIC ocorreu em 135 (68,2%) pacientes; valor máximo de pressão intracraniana de 36,3; mediana 34 mmHg. Receberam sedação e analgesia para tratamento da HIC 133 (97,8%) pacientes, 108 (79,4%) receberam bloqueadores neuromusculares, 7 (5,2%) drenagem de líquor, 105 (77,2%) manitol, 96 (70,6%) hiperventilação, 64 (47,1%) solução salina a 3%, 20 (14,7%) barbitúricos e 43 (31,9%) foram submetidos à craniectomia descompressiva. Os eventos associados à ocorrência de HIC foram os achados tomográficos à admissão de swelling (edema mais ingurgitamento) difuso ou hemisférico. A razão de chance para que pacientes com classificação tomográfica Marshall III (swelling difuso) apresentassem HIC foi 14 (IC95% 2,8–113; p<0,003) e para aqueles com Marshall IV (hemisférico) foi 24,9 (IC95% 2,4–676; p<0,018). A mortalidade foi de 22,2%.
Conclusões:
Pacientes pediátricos com traumatismo cranioencefálico grave e alterações tomográficas tipo Marshall III e IV apresentaram grande chance de desenvolver HIC.
Palavras-chave:
Trauma craniano; Pressão intracraniana; Hipertensão intracraniana; Cuidados críticos; Criança; Adolescente