RESUMO
Objetivo:
Realizar uma revisão sistemática da literatura para analisar os dados existentes sobre os efeitos neurológicos do coronavírus em recém-nascidos.
Fontes
de dados: Esta revisão seguiu as diretrizes dos Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-Análises (Preferred Reported Items for Systematic Review - PRISMA) e dos Protocolos dos Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-Análises (Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analysis Protocols - PRISMA-P), pesquisando as plataformas PubMed e Embase pelas palavras-chave [brain damage (dano cerebral) OU pregnancy (gravidez) OU developmental outcomes (alterações de desenvolvimento)] e [coronavirus (coronavírus) OU SARS-CoV-2 OU SARS-CoV OU MERS-CoV] entre 1º de janeiro de 2000 e 1º de junho de 2020.
Síntese
dos dados: Vinte e três relatos descreveram a evolução de mulheres grávidas expostas ao SARS-CoV-2, SARS-CoV ou MERS-CoV durante o período gestacional, oito ao SARS-CoV-2, oito ao SARS-CoV e sete ao MERS-CoV. Não foram encontrados dados sobre anormalidades no desenvolvimento cerebral ou sobre uma ligação direta entre o vírus e alterações neurológicas no embrião, feto ou crianças. Abortamento espontâneo, morte fetal e interrupção da gravidez foram algumas das complicações relacionadas à infecção por SARS/MERS-CoV. Até o momento, o SARS-CoV-2 não está associado a complicações no período gestacional.
Conclusões:
Não há dados na literatura que associem a exposição ao coronavírus durante a gravidez com malformações cerebrais e distúrbios do neurodesenvolvimento. No entanto, apesar da falta de relatos, o monitoramento do desenvolvimento de crianças expostas ao SARS-CoV-2 é essencial devido ao risco de complicações em gestantes e às potenciais propriedades neuroinvasivas e neurotrópicas encontradas em cepas anteriores.
Palavras-chave:
SARS-CoV-2; SARS-CoV; MERS-CoV; Gravidez; Lesão cerebral; Coronavírus