RESUMO
Objetivo:
A nutrição enteral adequada para recém-nascidos prematuros é um grande desafio, e a pré-eclâmpsia (PE) pode comprometer a segurança da oferta alimentar. O objetivo deste estudo é investigar a influência da PE de início precoce na tolerância alimentar e no crescimento de prematuros durante a hospitalização.
Métodos:
Estudo prospectivo, com 55 prematuros <34 semanas de mães com PE pareados por idade gestacional e com 55 prematuros de mães normotensas, de 2013 a 2016. Foram avaliados dados clínicos maternos, gestacionais e neonatais. Os desfechos foram intolerância alimentar e crescimento durante a hospitalização. Na comparação entre grupos, utilizaram-se teste t de Student ou de Mann-Whitney e teste qui-quadrado ou exato de Fisher. Regressão logística múltipla foi usada para investigar se a PE é fator de risco para intolerância alimentar.
Resultados:
A idade gestacional média foi de 30 semanas. Prematuros de mães com PE tiveram menor peso ao nascer e eram menores na alta. A intolerância alimentar foi frequente, mas a enterocolite necrosante foi rara nesta amostra (PE=4% vs. controle=2%), sem diferença entre grupos. Prematuros de mães com PE tiveram pior crescimento, mas a PE não foi fator independente de risco para intolerância alimentar. O aumento da idade gestacional foi fator de proteção, e nascer pequeno para a idade gestacional (PIG) aumentou em seis vezes o risco de intolerância alimentar.
Conclusões:
Prematuros de mães com PE de início precoce tiveram maior probabilidade de nascer PIG e pior trajetória de crescimento na hospitalização. Em análises ajustadas, baixa idade gestacional e PIG foram preditores independentes de intolerância alimentar.
Palavras-chave:
Pré-eclâmpsia; Recém-nascido prematuro; Trato gastrointestinal; Nutrição enteral