RESUMO
Objetivo:
A disponibilidade de produtos perigosos em domicílios aumenta os riscos de intoxicações. Este estudo objetivou avaliar a frequência e os fatores associados à disponibilidade e armazenamento de produtos perigosos em residências da Região Metropolitana de Manaus.
Métodos:
Estudo transversal de base populacional realizado em 2015 com adultos selecionados por amostragem probabilística em três estágios. Os participantes foram entrevistados pessoalmente. A razão de prevalência (RP) da presença de produtos perigosos (presença de chumbinho [rodenticida anticolinesterase ilegal], produtos de limpeza artesanais e armazenamento inseguro desses produtos e de medicamentos) e intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram calculados por regressão de Poisson com variância robusta, ponderada pela amostragem complexa adotada.
Resultados:
4.001 participantes foram incluídos, dos quais 53,0% (IC95% 51,5-54,6) reportaram a presença de produtos perigosos em seus domicílios, 36,3% (IC95% 34,8-37,8) apresentaram armazenamento inseguro, 16,2% (IC95% 15,1-17,4) possuíam produtos de limpeza artesanais e 8,2% (IC95% 7,4-9,1) possuíam chumbinho. Os domicílios com crianças menores de 5 anos apresentaram armazenamento mais seguro (RP=0,78; IC95% 0,71-0,86) e mais produtos artesanais (RP=1,30; IC95% 1,11-1,51). Presença de produtos artesanais foi maior em menores níveis de escolaridade (RP=2,20; IC95% 1,36-3,57) e menores classificações econômicas (RP=1,63; IC95% 1,25-2,13).
Conclusões:
Mais da metade dos domicílios da Região Metropolitana de Manaus possuía produtos perigosos; um terço os armazenava sem segurança. Produtos de limpeza artesanais e chumbinho estavam frequentemente presentes. Os domicílios com crianças apresentaram armazenamento mais seguro de produtos e fatores socioeconômicos afetaram a disponibilidade de tais produtos perigosos.
Palavras-chave:
Envenenamento; Substâncias perigosas; Saneantes; Armazenamento de saneantes; Produtos domésticos; Inquéritos epidemiológicos