RESUMO
Objetivo:
Estimar a taxa de uso de corticosteroide antenatal (CAN) em gestantes e identificar condições associadas à não utilização do medicamento no Brasil.
Métodos:
Análise secundária de dados da Pesquisa Nascer no Brasil de 2011–2012, inquérito nacional de base hospitalar sobre parto e nascimento. A amostra foi caracterizada em relação a idade materna, estado civil e escolaridade da mãe, paridade, via de parto e local de moradia. Foram associados o uso de CAN e a idade gestacional do parto e o tipo do parto. As intercorrências maternas observadas foram a presença de hipertensão, pré-eclâmpsia/eclâmpsia, pielonefrite, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou síndrome de imunodeficiência adquirida.
Resultados:
Foram identificadas 2.623 gestantes com idade gestacional inferior a 37 semanas e, destas, 835 (31,8%) receberam CAN. A faixa de idade gestacional de 26–34 semanas foi a que mais recebeu, em 481 (48,7%) casos. Em gestação com menos de 37 semanas, a utilização de CAN em parto espontâneo foi de 23,9%; em parto induzido, de 20,6%; e naquelas que não entraram em trabalho de parto, de 43,8%. As variáveis parto vaginal (Odds Ratio — OR=2,5; intervalo de confiança de 95% — IC95% 1,8–3,4) e residir em cidades do interior estiveram associadas ao não uso do CAN. Ocorrência de pré-eclâmpsia/eclâmpsia (OR=1,8; IC95% 1,2–2,9) mostrou-se associada ao seu uso.
Conclusões:
O uso de CAN em gestantes brasileiras foi baixo. Intervenções para aumentar sua utilização são necessárias e podem contribuir para reduzir a mortalidade e a morbidade neonatal. Deve-se promover a utilização de CAN em gestações com menos de 37 semanas, especialmente em casos de parto vaginal e naquelas residindo em cidades do interior.
Palavras-chave:
Corticosteroides; Cuidado pré-natal; Trabalho de parto prematuro; Prevenção primária; Fatores de risco