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Investigação da afetividade na psiquiatria com a utilização do International Affective Picture System

CARTA AOS EDITORES

Investigação da afetividade na psiquiatria com a utilização do International Affective Picture System

Rafaela Larsen RibeiroI; Sabine PompéiaII; Orlando Francisco Amodeo BuenoIII

IProfessor adjunto visitante, Departamento de Psicobiologia, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP

IIPesquisadora, Departamento de Psicobiologia, UNIFESP, São Paulo, SP

IIIProfessor livre-docente, Departamento de Psicobiologia, UNIFESP, São Paulo, SP

Correspondência Correspondência: Rafaela Larsen Ribeiro Departamento de Psicobiologia, UNIFESP, EPM Rua Botucatu, 862, 1º andar CEP 04023-062 - São Paulo, SP Fax: (11) 5572.5092 E-mail: rafa@psicobio.epm.br

Senhores editores,

Gostaríamos de ressaltar quão importante tem sido a investigação da afetividade na psiquiatria através de um estudo publicado por nosso grupo nesta revista1. Esse estudo teve como objetivo determinar normas brasileiras para a avaliação afetiva subjetiva das fotografias do International Affective Picture System (IAPS), seguindo a metodologia do seu trabalho original2, à medida que se leva em conta que essas fotografias podem ser usadas tanto no estudo das respostas emocionais em sujeitos normais como no diagnóstico e na avaliação de disfunções afetivas em populações clínicas brasileiras.

O IAPS, projetado para o uso em pesquisa ao redor do mundo como um material afetivo padronizado, engloba centenas de fotografias coloridas de alta resolução, que representam muitos aspectos da vida real (esportes, moda, paisagens, desastres naturais, pornografia, violência, etc.) e atuam como potentes geradores de emoções, que podem ser facilmente apresentados no contexto do laboratório experimental, permitindo, assim, o controle preciso do seu momento e tempo de exposição3.

Entre os principais quadros psiquiátricos em que o IAPS foi recentemente utilizado na investigação da afetividade, podemos citar os pacientes ansiosos4, psicopatas5, depressivos6,7, dependentes de drogas8 e esquizofrênicos9. Pacientes esquizofrênicos9, por exemplo, mostraram uma maior reatividade emocional frente às fotografias positivas, ao passo que os dependentes de drogas em abstinência8 mostraram uma menor reatividade emocional em resposta a essas fotografias, quando comparados à população normal.

Sendo assim, estudos que investigam de forma controlada as reações aos materiais com conteúdo emocional por pacientes psiquiátricos podem levar a uma melhor caracterização de quadros psiquiátricos, auxiliar na seleção de tratamentos mais específicos para cada tipo de paciente, bem como permitir a avaliação de alterações advindas de tratamentos farmacológicos e/ou terapêuticos.

REFERÊNCIAS

1. Ribeiro RL, Pompéia S, Bueno OFA. Normas brasileiras para o International Affective Picture System (IAPS): comunicação breve. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul. 2004;26(2):190-4.

2. Lang PJ, Bradley MM, Cuthbert BN. International affective picture system (IAPS): instruction manual and affective ratings. Technical Report A-4. The Center for Research in Psychophysiology. Gainesville: University of Florida; 1999.

3. Bradley MM, Lang PJ. Measuring emotion: behavior, feeling and physiology. In: Lane R & Nadel L, eds. Cognitive neuroscience of emotion. New York: Oxford University Press; 2000. p. 242-76.

4. Aftans LI, Pavlov SV, Reva NV, Varlamov AA. Event-related synchronization and desynchronization of EEG during appraisal of threatening and pleasant visual stimuli in high anxious subjects. Zh Vyssh Nerv Deiat Im I P Pavlova. 2004;54(4):473-81.

5. Weber T, Sommer M, Hajak G, Muller J. Emotional processing in patients with a dissocial personality disorder subtype "psychopathy" according to PCL-R. Psychiatr Prax. 2004;31 Suppl 1:S68-9.

6. Wagner V, Muller JL, Sommer M, Klein HE, Hajak G. Changes in the emotional processing in depressive patients: a study with functional magnetoresonance tomography under the employment of pictures with affective contents. Psychiatr Prax. 2004;31 Suppl 1:S70-2.

7. Pause BM, Raack N, Sojka B, Goder R, Aldenhoff JB, Ferstl R. Convergent and divergent effects of odors and emotions in depression. Psychophysiology. 2003;40(2):209-25.

8. Aguilar de Arcos F, Verdejo-Garcia A, Peralta-Ramirez MI, Sanchez-Barrera M, Perez-Garcia M. Experience of emotions in substance abusers exposed to images containing neutral, positive, and negative affective stimuli. Drug Alcohol Depend. 2005;78(2):159-67.

9. Hempel RJ, Tulen JH, van Beveren NJ, van Steenis HG, Mulder PG, Hengeveld MW. Physiological responsivity to emotional pictures in schizophrenia. J Psychiatr Res. 2005;39(5):509-18.

  • Correspondência:

    Rafaela Larsen Ribeiro
    Departamento de Psicobiologia, UNIFESP, EPM
    Rua Botucatu, 862, 1º andar
    CEP 04023-062 - São Paulo, SP
    Fax: (11) 5572.5092
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Nov 2006
    • Data do Fascículo
      Ago 2006
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