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Editorial

EDITORIAL

Profa. Dra. Fernanda Dreux M. Fernandes

Eu deixei para escrever este último editorial de 2008 depois de voltar do Congresso da American Speech and Hearing Association (ASHA). Mais uma vez a participação de brasileiros nesse congresso foi grande e a impressão geral é a de que a Fonoaudiologia brasileira continua atualizada e atingindo padrões internacionais de qualidade.

Nos últimos anos tenho aproveitado a participação nesse congresso apresentando meus trabalhos para também participar de atividades que envolvem a função de presidente da SBFa. Assim, num almoço oferecido, pela presidente da ASHA, aos presidentes de Associações de Fonoaudiologia de outros países (que este ano incluiu Ásia, Suécia, Canadá, Grécia, Nova Zelândia e Chipre) foi possível constatar o grande mercado de trabalho para fonoaudiólogos em outros países. Isso não me fez pensar em "exportar" fonoaudiólogos, mas sim que são necessários apenas alguns ajustes para que a Fonoaudiologia brasileira volte a conquistar o mercado de trabalho que merece.

Mesmo correndo o risco de ser repetitiva, insisto que o principal elemento nesse processo é a qualidade do trabalho realizado cotidianamente por todo o conjunto de profissionais.

A SBFa tem procurado fazer seu papel nesse sentido, entre outras coisas, contribuindo para a difusão do conhecimento.

Neste último número de 2008 temos 12 artigos originais, dois relatos de caso, um artigo de revisão de literatura, uma resenha e dois resumos.

O primeiro artigo original é apresentado por Ferreira, Akutsu, Luciano e Viviano e tem o título "Condições de produção vocal de teleoperadores: entre questões de saúde, hábitos e sintomas vocais". A partir desse estudo com 100 teleoperadores as autoras concluem que sintomas vocais e insatisfação com a própria voz podem ser decorrentes de alterações de saúde.

Farghaly e Andrade apresentam um "Programa de treinamento vocal para locutores de rádio" que foi eficaz quando aplicado a 70 locutores.

Ortiz e Carrillo apresentam o artigo "Comparação entre as análises auditiva e acústica nas disartrias", que estudou 42 pacientes disártricos e concluiu que os dados fornecidos pelas análises perceptual-auditiva e acústica são diferentes e complementares e que portanto auxiliam no diagnóstico clínico das disartrias.

A "Variabilidade na mensuração das medidas orofaciais" por 30 diferentes fonoaudiólogos foi estudada por Rodrigues, Monção, Moreira e Motta, que concluíram que os dados produzidos por diferentes profissionais podem ser considerados parcialmente confiáveis.

Oliveira, Vieira, Mota, Salles, Salles, Di Ninno e Oliveira e Britto apresentam o estudo a "Identificação das mudanças na mastigação e deglutição de indivíduos submetidos à glossectomia parcial – relato de uma série de casos" que incluiu a comparação pré e pós-cirúrgica de cinco pacientes.

Lins, Padovani, Lucena, Argolo, Fernandes, Vila-Nova e Queirós apresentam o original "Achados audiológicos em indivíduos com Distrofia Miotônica de Steinert" que identificou perda auditiva em 30% de uma amostra de cinco sujeitos.

A "Habilidade de localização e lateralização sonora em deficientes visuais" foi estudada por Dias e Pereira em 21 sujeitos com sensibilidade auditiva normal e cegueira ou visão sub-normal. Os resultados indicaram habilidades de lateralização sonora muito melhor que a dos sujeitos com visão normal.

Teixeira, Almeida, Jotz e Barba estudaram a "Qualidade de vida de adultos e idosos pós adaptação de próteses auditivas" usando o WHOQOL-brief na investigação de 20 sujeitos e identificaram melhora na qualidade de vida quando os períodos pré e pós-adaptação são comparados.

Franco e Panhoca estudaram "Sintomas vestibulares em crianças com queixas de dificuldades escolares" em 88 crianças entre 7 e 12 anos de idade e identificaram correlações significativas entre a queixa de tontura e as dificuldades para ler e copiar.

Moura, Cielo e Mezzomo apresentam o estudo "Crianças bilíngües alemão/português: erros na escrita e características do ambiente familiar" que investigou 20 crianças e seus pais. As autoras concluem que os resultados são compatíveis com os obtidos com crianças que falam apenas o português.

O estudo "Características epidemiológicas das alterações de linguagem em um centro fonoaudiológico do primeiro setor", apresentado por Lima, Guimarães e Rocha descreve a análise de 138 prontuários e enfatiza a heterogeneidade das alterações de linguagem observadas.

Dias e Ávila descrevem o "Uso e conhecimento ortográfico no transtorno específico da leitura" a partir do estudo de 56 escolares com transtorno de leitura e escrita e concluem que os erros diminuíram com a progressão das séries e variaram de acordo com o item lingüístico.

Keske-Soares, Donicht, Checalin e Ghisleni apresentam o relato de caso "Generalização por 'reforço' ou 'contraste' no tratamento do desvio fonológico".

Martins, Pinheiro e Blassi descrevem o relato de caso "A utilização de um software infantil na terapia fonoaudiológica de distúrbio do Processamento auditivo Central".

O artigo de revisão é apresentado por Tavares e Silva e envolve "Considerações teóricas sobre a relação entre respiração oral e disfonia".

O artigo Refletindo sobre o Novo é apresentado por Andrade, Andrade, Buoso e Juste e aborda o artigo "The effect of SpeechEasy on stuttering frequency, speech rate and speech naturalness" de Armson J, Kiefte M, publicado no Journal of Fluency Disorders.

A resenha de Fortunato comenta o livro Eye Tracking Methodology de A.T. Duchowski.

Cavalheiro apresenta o resumo de sua dissertação de mestrado, intitulada "A prevalência do desvio fonológico em crianças de 4 a 6 anos de escolas públicas municipais de Salvador-BA".

O último resumo, da tese de doutorado de Pagan-Neves tem título "Descrição acústico-articulatória e perceptiva das líquidas do português Brasileiro produzidas por crianças com e sem transtorno fonológico".

Nosso Editorial Convidado é escrito por Lilly Cheng, presidente do Comitê de Educação da IALP, e fornece as informações básicas para inscrições para o Prêmio de Trabalho de Estudante, a ser atribuído no próximo congresso da IALP, em 2010, em Atenas, Grécia.

Continuo entusiasmada com a Fonoaudiologia Brasileira e tenho a certeza de que há um grande e brilhante futuro pela frente.

Estou escrevendo este editorial ainda sob o impacto das notícias sobre Santa Catarina. É fácil imaginar que fonoaudiólogos e estudantes de Fonoaudiologia tenham sido atingidos de alguma forma. Recebam nossa solidariedade.

Dezembro é o mês do Dia do Fonoaudiólogo. Que esse seja um dia para celebrar o orgulho pela nossa profissão.

Aos autores, pareceristas, editores e revisores: muito obrigada pela confiança.

Que 2009 seja um ano cheio de desafios, conquistas e alegrias.

Fernanda

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Jan 2009
  • Data do Fascículo
    2008
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