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Editorial

Editorial

Profa. Dra. Fernanda Dreux M. Fernandes

O ano de 2010 traz mudanças para a Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Algumas delas dizem respeito ao Corpo Editorial da Revista. A cada um dos nossos colaboradores que encerram seu trabalho nessas funções, um agradecimento especial - que não é só meu, mas é de toda a Fonoaudiologia - por sua contribuição fundamental para o aprimoramento dessa publicação. Aos que iniciam sua participação agora e aos que continuam esse trabalho: obrigada por aceitar o desafio e a responsabilidade e bom trabalho!

O desenvolvimento da Fonoaudiologia, associada à maior eficiência nos processos de submissão, avaliação e editoração dos manuscritos possibilitaram um novo salto de qualidade para a Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. A partir de agora, cada número contará com 17 artigos originais, a respeito das diversas áreas da nossa ciência. Segue-se um breve relato de cada um deles.

Lima e colaboradores estudaram a Detecção de perdas auditivas em neonatos de um hospital público com o objetivo de analisar os resultados da triagem auditiva neonatal realizada por meio das Emissões Otoacústicas Transientes e do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico - modo automático. Num estudo extenso, 5106 neonatos foram testados e os autores verificaram que 10% desses bebês falharam nos dois testes utilizados.

Balen, Boeno e Liebel investigaram A influência do nível socioeconômico na resolução temporal em escolares numa amostra de 44 sujeitos divididos segundo o nível socioeconômico. Os resultados indicaram que, em testes de detecção de intervalos de ruído e de detecção de intervalos de silêncio, houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos.

Monteiro e Samelli apresentam o estudo intitulado Estudo da audição de ritmistas de uma escola de samba de São Paulo, que envolveu 10 ritmistas de bateria de uma escola de samba com idades entre 20 e 31 anos. As autoras relatam que 40% dos sujeitos apresentaram algum grau de perda auditiva.

Campos, Oliveira e Blasca descrevem a proposta Processo de adaptação de aparelho de amplificação sonora individual: elaboração de um DVD para auxiliar a orientação a indivíduos idosos. Nesse trabalho, 10 indivíduos idosos responderam a um questionário a respeito das dificuldades encontradas na utilização e adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI). As informações colhidas funcionaram como subsídio para a elaboração de um DVD didático destinado à obtenção de melhor aproveitamento e maior autonomia em relação ao AASI por parte de idosos.

Também a respeito da utilização de aparelhos de amplificação sonora individual, Farias e Russo descrevem o estudo Saúde auditiva: estudo do grau de satisfação de usuários de aparelho de amplificação sonora individual. Nesse estudo foram avaliados 39 indivíduos com idades entre 18 e 90 anos, que revelaram índices de satisfação superiores à normatização.

A Avaliação de serviços de saúde auditiva sob a perspectiva do usuário: proposta de instrumento é apresentada por Armigliato e colaboradores. Esse estudo teve como objetivo verificar a aplicabilidade de um questionário de avaliação do serviço, sob a perspectiva do usuário a partir da aplicação de um questionário especificamente construído para a realidade brasileira. As autoras concluem que o instrumento mostrou-se de fácil aplicação e sugerem sua aplicação em diferentes contextos para a verificação de sua efetividade.

O Conhecimento que acompanhantes de pacientes de uma clínica-escola de Fonoaudiologia tem sobre a atuação fonoaudiológica foi estudado por Pimentel, Lopes-Herrera e Duarte. Foram entrevistados para a aplicação de um questionário a respeito do conhecimento sobre a Fonoaudiologia, 100 acompanhantes de pacientes de uma clínica-escola e 100 pessoas da população em geral. Foi constatado que em ambos os grupos o conhecimento a respeito da Fonoaudilogia está restrito ao seu caráter reabilitador, havendo pouca noção das possibilidades preventivas e de promoção de saúde desse profissional.

Silva, Sampaio e Bianchini estudaram as Percepções do fonoaudiólogo recém-formado quanto a sua formação, intenção profissional e atualização de conhecimentos e concluíram que a maioria dos fonoaudiólogos considerou-se atendida em suas expectativas e segura dos conhecimentos adquiridos, especialmente da área da linguagem e que a especialização apresenta-se como a forma mais frequente de atualização de conhecimento.

A Adesão à terapia em motricidade orofacial no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais foi investigada por Lopes, Friche e Motta. As autoras identificaram que 73,3% dos casos de encerramento de processos terapêuticos deveu-se a desligamento, sendo 24,4% por excesso de faltas.

Brustello, Yamashita e Fukushiro descrevem a pesquisa intitulada Resistência laríngea em indivíduos com fechamento velofaríngeo marginal que teve como objetivo verificar se pacientes com disfunção velofaríngea marginal modificam a resistência laríngea como uma estratégia para alcançar o fechamento velofaríngeo completo durante a fala. Analisando 19 pacientes com fissura de palato operada as autores concluíram que os pacientes com fechamento velofaríngeo marginal estudados não modificaram a resistência laríngea.

Relação entre ambiente de trabalho e alteração vocal em trabalhadores metalúrgicos é o título do estudo apresentado por Ubrig-Zancanella e Behlau. Nesse estudo foram entrevistados e submetidos a triagem vocal 280 metalúrgicos e as autoras concluem que há elevada ocorrência de alterações vocais nessa população, que podem estar relacionadas ao ambiente de trabalho.

Marchetti, Mezzomo e Cielo realizaram o estudo intitulado Habilidades em consciência silábica e fonêmica de crianças com fala desviante com e sem intervenção fonoaudiológica. Nesse estudo foram avaliadas 23 crianças com distúrbio fonológico evolutivo e as autoras concluem que há pouca diferença estatística entre as crianças que receberam fonoterapia e as que não receberam, mas que há uma tendência a essas primeiras apresentarem melhor desempenho nas tarefas de consciência fonológica.

Outro estudo a respeito dos resultados da intervenção fonoaudiológica é intitulado Habilidades de Letramento após intervenção fonoaudiológica em crianças do 1° ano do Ensino Fundamental e é descrito por Brito e colaboradores. Participaram desse estudo 37 crianças da primeira série do ensino fundamental que foram avaliadas antes e depois da aplicação de um programa de intervenção fonoaudiológica. As autoras concluíram que houve mudanças qualitativas relevantes no vocabulário, letramento, consciência fonológica e leitura.

O resultado de processos de intervenção terapêutica também é descrito no Estudo do papel do contexto linguístico no tratamento do desvio fonológico de Gonçalves, Keske-Soares e Checalin. Seis crianças com desvio fonológico foram tratadas com um modelo terapêutico específico e as autoras concluem que a utilização de dados da normalidade a respeito de contextos linguísticos favoráveis não é aplicável a crianças com desvio fonológico.

O estudo de Galea e Wertzner descreve a Comparação entre onset e coda silábica durante a aquisição fonológica em crianças de 2:1 a 3:0 em desenvolvimento fonológico típico. As autoras concluem que, de forma geral, notou-se que não houve diferença entre o /s/ em onset e coda silábica. Porém, quanto ao /R/, houve diferença entre as duas posições na sílaba, sendo que em onset as crianças dos dois grupos tiveram mais acertos.

Arcuri e colaboradores pesquisaram a Duração do onset vocálico da fala fluente de gagos com o objetivo de comparar a duração da emissão da fala fluente de adultos com diferentes graus de gagueira, em tarefa de repetição de frases. As autoras concluem que os parâmetros acústicos de duração delimitados pela medida dos onset vocálicos demonstraram que os gagos diferem dos não-gagos, além destas medidas diferenciarem os graus de severidade da gagueira.

Verificar o efeito da orientação familiar de curto prazo na fluência da fala de crianças com gagueira foi o objetivo do estudo realizado por Oliveira e colaboradores, com o título Orientação familiar e seus efeitos na gagueira infantil. Participaram deste estudo 20 díades de crianças com gagueira e familiares. Os resultados evidenciaram a diminuição tanto nas disfluências gagas quanto nas comuns e na porcentagem de descontinuidade de fala e no total de rupturas gagas.

O Relato de Caso descrito por Misquiatti e Brito sob o título Terapia de linguagem de irmãos com transtornos invasivos do desenvolvimento: estudo longitudinal apresenta o processo de intervenção fonoaudiológica de dois irmãos com transtornos invasivos do desenvolvimento durante um período de quatro anos, e seus resultados.

Zeigelboim, Klagenberg e Liberalesso descrevem dois casos clínicos no estudo intitulado Reabilitação vestibular: utilidade clínica em pacientes com esclerose múltipla. Os autores concluem que o protocolo utilizado promoveu melhora na qualidade de vida e auxiliou no processo de compensação vestibular.

Lamônica e colaboradores apresentam o estudo intitulado Desordens do espectro alcoólico fetal e habilidades de comunicação: relato de caso familiar em que é caracterizado o perfil de habilidades comunicativas de cinco irmãos com desordens do espectro alcoólico fetal.

O Artigo de Revisão escrito por Ramires e colaboradores aborda a Tipologia facial aplicada à Fonoaudiologia. Segundo as autoras, conhecer o tipo facial e correlacioná-lo às funções estomatognáticas, musculatura e oclusão é importante para a prática clínica, mas há a necessidade de flexibilidade em relação aos dados apontados pela literatura.

Körbes e colaboradores realizaram uma revisão de literatura a respeito de Alterações no sistema vestibulococlear decorrentes da exposição ao agrotóxico e concluíram que os estudos indicam que a exposição de caráter agudo aos agrotóxicos pode também ser responsável por alterações no sistema auditivo, caracterizadas por lesões estruturais na cóclea, principalmente nas células ciliadas externas.

O artigo Refletindo sobre o Novo foi escrito por Lewis e Rodrigues e aborda o artigo New efficient stimuli for evoking frequency-specific auditory steady-state response de Stürzebecher, Cebulla, Elberling e Berger. As autoras sugerem que os resultados são promissores e podem ser valiosos para aplicações clínicas, particularmente no diagnóstico audiológico infantil.

A resenha apresentada por Fernandes e Molini-Avejonas refere-se ao artigo Can children with autism master the core deficits and become empathetic, creative and reflective? A ten to fifteen year follow-up of a subgroup of children with autism spectrum disorders (ASD) who received a comprehensive developmental, individual-difference, relationship-based (DIR) approach de Greenspan e Wieder, que descreve os resultados de uma proposta específica de intervenção terapêutica para crianças autistas.

Krüger apresenta o resumo da dissertação Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA): fatores favoráveis e desfavoráveis ao uso no contexto familiar defendida no Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná sob a orientação de Ana Paula Berberian.

Paixão apresenta o resumo da dissertação Pais, filhos e disfonia: estudo comparativo defendida no Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná sob a orientação de Kelly Cristina Alves Silvério.

Por fim, o resumo A escrita de narrativas autobiográficas no processo de envelhecimento sintetiza a dissertação de Lourenço, defendida no Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná sob a orientação de Giselle Athayde Massi.

A partir de agora o segundo Editorial da Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia é escrito pela diretoria da SBFa. Acompanhe as notícias e os planos de sua Sociedade.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Abr 2010
  • Data do Fascículo
    2010
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