Acessibilidade / Reportar erro

Esquistossomose aguda autóctone de foco na cidade do Rio de Janeiro: estudo de 22 casos

Resumos

Os autores descrevem a ocorrência de um verdadeiro "surto" da forma aguda da esquistossomose mansoni em um foco cujas características da espécie vetora, seus índices de infecção, a natureza e o local da exposição nada faziam supor esta possibilidade. Foram estudados 22 pacientes (14 crianças e 8 adultos) com a forma aguda da esquistossomose contraída em banho nas Furnas da Tifuca, no Rio de Janeiro, no período de 9 a 22 de março de 1970. Todos os pacientes eram de côr branca e de bom nível social e foram infectados em banho único, ocasional, durante piquenique nesse logradouro. As manifestações clínicas foram severas em 7 casos, moderados em outros 7 e discretos cm 8, caracterizando-se por febre em 17 casos, hepatomegalia em 14, tosse seca em I3,astenia em 13, diarréia em 12, emagrecimento em 11 casos, colicas abdominais em 9, espienomegalia em 9, cefalèia em 7 casos e nauseas e vômitos em 3. O hemogrcima mostrou leucocitose e eosinofilia na grande maioria, dos casos e na eletroforese das proteínas séricas houve uma baixa da albumina, aumento das gíobulinas alfa 2 e gama em alguns casos. As transaminases estavam normais em todos. O período ds incubação medio foi de 5 semanas. Após fazerem uma revisão sumária dos focos de esquistossomose no Estado da Guanabara, estudam a dinâmica da transmissão neste foco , recente camitendo a transmissão a distância do foco por carreamento das cercarías ou de seu hapedeiro intermediário pela água.


An "outbreak" of 22 cases of acute schistosomiasis from o new focus of S. mansoni in the periphery of Rio de Janeiro City is described. Fourteen children and 8 adults were infected in a short pericd of time while bathing in a waterfall in whose vicinity no snails were found. A small distance away, and on a higher level, however, the Biomphalaria tenagofila was found but the number of snails infected with cercariae of S. mansoni was very low. The authors believe that the explanation for this unusual "outbreak" could be that the snails or their cercariae had been washed down the waterfall in a recent heavy rainfall and thereby established the transmission of the disease. Out of the 22 cases of acute schistosomiasis described in this paper, 7 had severe clinical manifestations, 7 had moderate symptoms and signs and 8 had a mild, acute form of the disease. Fever was present in 17 cases, hepatomegaly in 14, "dry cough" in 13, astenia in 13, diarrhea in 12, loss of weight in 11, abdominal pain in 9, splenomegaly in 9, headache in 7 and nausea and vomiting in 3. The white blood cells count and eosinophilia were very high in the majority of cases. The eletrophoresis of serum protein showed a low albumin rate and an elevation of α 2 and γ globuin in some cases. The liver function test, the transaminases, chest X-ray, urine, blood and other tests zuere normal. The incubation period had an average of five weeks (15 to 45 days).


Esquistossomose aguda autóctone de foco na cidade do Rio de Janeiro: estudo de 22 casos

J. Rodrigues Coura; Leá Camillo-Coura; Alexandre Kalache; Carlos Alberto Argendo

RESUMO

Os autores descrevem a ocorrência de um verdadeiro "surto" da forma aguda da esquistossomose mansoni em um foco cujas características da espécie vetora, seus índices de infecção, a natureza e o local da exposição nada faziam supor esta possibilidade.

Foram estudados 22 pacientes (14 crianças e 8 adultos) com a forma aguda da esquistossomose contraída em banho nas Furnas da Tifuca, no Rio de Janeiro, no período de 9 a 22 de março de 1970. Todos os pacientes eram de côr branca e de bom nível social e foram infectados em banho único, ocasional, durante piquenique nesse logradouro.

As manifestações clínicas foram severas em 7 casos, moderados em outros 7 e discretos cm 8, caracterizando-se por febre em 17 casos, hepatomegalia em 14, tosse seca em I3,astenia em 13, diarréia em 12, emagrecimento em 11 casos, colicas abdominais em 9, espienomegalia em 9, cefalèia em 7 casos e nauseas e vômitos em 3. O hemogrcima mostrou leucocitose e eosinofilia na grande maioria, dos casos e na eletroforese das proteínas séricas houve uma baixa da albumina, aumento das gíobulinas alfa 2 e gama em alguns casos. As transaminases estavam normais em todos. O período ds incubação medio foi de 5 semanas.

Após fazerem uma revisão sumária dos focos de esquistossomose no Estado da Guanabara, estudam a dinâmica da transmissão neste foco , recente camitendo a transmissão a distância do foco por carreamento das cercarías ou de seu hapedeiro intermediário pela água.

ABSTRACT

An "outbreak" of 22 cases of acute schistosomiasis from o new focus of S. mansoni in the periphery of Rio de Janeiro City is described. Fourteen children and 8 adults were infected in a short pericd of time while bathing in a waterfall in whose vicinity no snails were found. A small distance away, and on a higher level, however, the Biomphalaria tenagofila was found but the number of snails infected with cercariae of S. mansoni was very low. The authors believe that the explanation for this unusual "outbreak" could be that the snails or their cercariae had been washed down the waterfall in a recent heavy rainfall and thereby established the transmission of the disease.

Out of the 22 cases of acute schistosomiasis described in this paper, 7 had severe clinical manifestations, 7 had moderate symptoms and signs and 8 had a mild, acute form of the disease. Fever was present in 17 cases, hepatomegaly in 14, "dry cough" in 13, astenia in 13, diarrhea in 12, loss of weight in 11, abdominal pain in 9, splenomegaly in 9, headache in 7 and nausea and vomiting in 3. The white blood cells count and eosinophilia were very high in the majority of cases. The eletrophoresis of serum protein showed a low albumin rate and an elevation of α 2 and γ globuin in some cases. The liver function test, the transaminases, chest X-ray, urine, blood and other tests zuere normal. The incubation period had an average of five weeks (15 to 45 days).

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

BIBLIOGRAFIA

1) COURA, J. R., COUTINHO, S. G., MORAES, H. M., DIAS, L. B. RODRIGUES, N. P. & RODRIGUES DA SILVA, J. — Esquistossomose pulmonar. O Hospital, 63: 993-1012, 1963.

2) DEANE, L. M., MARTINS, R. S. & LOBO, M. B. — Um foco ativo de esquistossomose mansônica em Jacarepaguá, Distrito Federal. Rev. Bras. Mal. Doenç. Trop. 5: 549-552, 1953.

3) FERREIRA, H., OLIVEIRA, C. A., BITTENCOURT, D., KATZ, N., CARNEIRO L F. C., GRINBAUM, E., VELOSO, C., DIAS, R. P., ALVARENGA, R. J. & DIAS, C. B.— A fase aguda da esquistossomose mansoni; considerações sôbre 25 casos observados em Belo Horizonte. J. Bras. Med., 11: 54- 67, 1966.

4) FERREIRA, L. F. NAVEIRA, J B. & RODRIGUES DA SILVA, J. R. — Fase toxêmica da esquistossomose mansoni. Considerações a propósito de alguns casos coletivamente cantaminados em uma piscina. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 2: 112-120, 1960.

5) FERREIRA, L. F., COURA, J. R., GAMA, M. P. & TOSTA, C. E. — Equistossomose mansoni experimental, em Cebus apella. I. Determinação da transaminase glutâmico - pirúvica e glutâmico-oxalacética no sôro sanguíneo. Rev. Bras. Med. Trop 1: 253- 260, 1967.

6) MACEDO, A. G. — Esquistossomose aguda; diagnóstico de um caso na fase dita toxêmica. O Hospital, 59: 79-85, 1961.

7) MARQUES, R. J. — A propósito da chamada fase toxêmica da esquistossomose mansônica. Anais Fac. Med. Univ. Recife, 17: 243-256, 1957.

8) MAYRINK, W. & NEVES, J. — Anais Fac Med. da Univ. Minas Gerais, 22: 195-198, 1967.

9) MEIRA, J. A. — Esquistossomose mansoni. Subsídio ao estudo de sua incidência e distribuição geográfica no Brasil. Arq. Fac. Hig. Saúde Pública Univ. São Paulo. 1: 5-146, 1947.

10) NEVES, J., MARTINS, N. R. L., & TONELLI, E. — Forma toxêmica da esquistossome mansoni; considerações diagnosticas em tôrno de 50 casos identificados em Belo Horizonte. O Hospital, 70 (6) : 1583-603, 1966. Anais Fac, Med. Univ. Minas Gerais, 22: 75- 98, 1967.

11) NEVES, J., SOUZA D. W. C., ARAÚJO, P. K. A. & MARINHO, R. P. — Forma toxêmica da esquistossomose mansônica; registro de mais 70 casos identificados no Hospital Carlos Chagas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalho inscrito para apresentação no VII Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

12) OLIVEIRA, J. L. — O período toxêmico da esquistossomose. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 3: 143-164, 1969.

13) PRATA, A. — In Veronesi Doenças Infecciosas e Parasitárias, 4.a Edição, Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1969.

14) PEREIRA, A. & SIMON, R. — Síndrome eosinófilo febril neotropical. Arq. Soc. Med. Alagoas, 10: 11-45, 1954.

15) PESSOA, S. B. — Parasitologia Médica, 7.a Edição, Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1967.

16) RIBEIRO, L. P FERREIRA, L. F. & RODRIGUES DÁ SILVA, J. — Eletroforese em papel das proteínas séricas na fase aguda da esquistossomose mansoni. O Hospital, 58: 233-240, 1960.

17) RODRIGUES DA SILVA, J. — Estudo clínico da Esquistossomose mansoni. Tese, 452 págs. Fac. Med. Univ. Rio de Janeiro, 1949.

18) SERRAVALE, A. — Urticária febril esquistossomótica. Arq. Univ. Bahia, Fac. Med. 8: 169-175, 1952.

19) SUASSUNA, A. & COURA, J. R. — Esquistossomose mansoni no Estado da Guanabara. Aspectos epidemiológicos relacionados às migrações internas. Rev. Soc. Bras. Med. Trop 3: 59-71, 1969.

Trabalho da Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias (Departamento de Medicina Preventiva — Faculdade de Medicina da U.F.R.J.) e do Instituto Brasileiro de Tropicologia Médica, rezalido com auxilio do Conselho de Ensino e Pesquisas para Graduados da U.F.R.J.

  • 1) COURA, J. R., COUTINHO, S. G., MORAES, H. M., DIAS, L. B. RODRIGUES, N. P. & RODRIGUES DA SILVA, J. Esquistossomose pulmonar. O Hospital, 63: 993-1012, 1963.
  • 2) DEANE, L. M., MARTINS, R. S. & LOBO, M. B. Um foco ativo de esquistossomose mansônica em Jacarepaguá, Distrito Federal. Rev. Bras. Mal. Doenç. Trop. 5: 549-552, 1953.
  • 3) FERREIRA, H., OLIVEIRA, C. A., BITTENCOURT, D., KATZ, N., CARNEIRO L F. C., GRINBAUM, E., VELOSO, C., DIAS, R. P., ALVARENGA, R. J. & DIAS, C. B. A fase aguda da esquistossomose mansoni; considerações sôbre 25 casos observados em Belo Horizonte. J. Bras. Med., 11: 54- 67, 1966.
  • 4) FERREIRA, L. F. NAVEIRA, J B. & RODRIGUES DA SILVA, J. R. Fase toxêmica da esquistossomose mansoni. Considerações a propósito de alguns casos coletivamente cantaminados em uma piscina. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 2: 112-120, 1960.
  • 5) FERREIRA, L. F., COURA, J. R., GAMA, M. P. & TOSTA, C. E. Equistossomose mansoni experimental, em Cebus apella I. Determinação da transaminase glutâmico - pirúvica e glutâmico-oxalacética no sôro sanguíneo. Rev. Bras. Med. Trop 1: 253- 260, 1967.
  • 6) MACEDO, A. G. Esquistossomose aguda; diagnóstico de um caso na fase dita toxêmica. O Hospital, 59: 79-85, 1961.
  • 7) MARQUES, R. J. A propósito da chamada fase toxêmica da esquistossomose mansônica. Anais Fac. Med. Univ. Recife, 17: 243-256, 1957.
  • 8) MAYRINK, W. & NEVES, J. Anais Fac Med. da Univ. Minas Gerais, 22: 195-198, 1967.
  • 9) MEIRA, J. A. Esquistossomose mansoni. Subsídio ao estudo de sua incidência e distribuição geográfica no Brasil. Arq. Fac. Hig. Saúde Pública Univ. São Paulo. 1: 5-146, 1947.
  • 10) NEVES, J., MARTINS, N. R. L., & TONELLI, E. Forma toxêmica da esquistossome mansoni; considerações diagnosticas em tôrno de 50 casos identificados em Belo Horizonte. O Hospital, 70 (6) : 1583-603, 1966.
  • Anais Fac, Med. Univ. Minas Gerais, 22: 75- 98, 1967.
  • 11) NEVES, J., SOUZA D. W. C., ARAÚJO, P. K. A. & MARINHO, R. P. Forma toxêmica da esquistossomose mansônica; registro de mais 70 casos identificados no Hospital Carlos Chagas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalho inscrito para apresentação no VII Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
  • 12) OLIVEIRA, J. L. O período toxêmico da esquistossomose. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., 3: 143-164, 1969.
  • 13) PRATA, A. In Veronesi Doenças Infecciosas e Parasitárias, 4.a Edição, Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1969.
  • 14) PEREIRA, A. & SIMON, R. Síndrome eosinófilo febril neotropical. Arq. Soc. Med. Alagoas, 10: 11-45, 1954.
  • 15) PESSOA, S. B. Parasitologia Médica, 7.a Edição, Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1967.
  • 16) RIBEIRO, L. P FERREIRA, L. F. & RODRIGUES DÁ SILVA, J. Eletroforese em papel das proteínas séricas na fase aguda da esquistossomose mansoni. O Hospital, 58: 233-240, 1960.
  • 17) RODRIGUES DA SILVA, J. Estudo clínico da Esquistossomose mansoni. Tese, 452 págs. Fac. Med. Univ. Rio de Janeiro, 1949.
  • 18) SERRAVALE, A. Urticária febril esquistossomótica. Arq. Univ. Bahia, Fac. Med. 8: 169-175, 1952.
  • 19) SUASSUNA, A. & COURA, J. R. Esquistossomose mansoni no Estado da Guanabara. Aspectos epidemiológicos relacionados às migrações internas. Rev. Soc. Bras. Med. Trop 3: 59-71, 1969.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 1970
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT Caixa Postal 118, 38001-970 Uberaba MG Brazil, Tel.: +55 34 3318-5255 / +55 34 3318-5636/ +55 34 3318-5287, http://rsbmt.org.br/ - Uberaba - MG - Brazil
E-mail: rsbmt@uftm.edu.br