Open-access Medida do volume da úlcera cutânea na leishmaniosetegumentar

Resumos

A medida dos diâmetros longitudinal e transverso de uma lesão ulcerada na leishmaniose tegumentar não reflete a profundidade, a qual também tem importância na avaliação da cura. A proposta deste estudo foi avaliar o volume da úlcera leishmaniõtica, através da moldagem seriada, antes e após o tratamento. A moldagem da cavidade, apôs assepsia local com água e sabão, foi feita com material plástico gelatinoso ã base de sílica, alginato de potássio, sulfato de cálcio e óxido de magnésio, comercializado sob o nome de jeltrate® (Dentsply Laboratory). Dissolveu-se 9,5g de jeltrate® em 20ml de água e aplicou-se o gel sobre a úlcera, o qual se solidificou em cinco minutos. Este molde foi então preenchido com acrílico autopolimerizante e o seu volume mensurado através do peso, usando-se balança analítica (Técnica 1) ou através do deslocamento da água, aplicando o princípio de Arquimedes (Técnica 2). Mostramos os dados de um estudo i-ealizado numa área de transmissão de Leishmania (Viannia) braziliensis onde 20 pacientes foram tratados com três diferentes esquemas: sete pacientes receberam isotianato depentamidina, sete receberam sulfato de aminosidine e seis antimoniato de meglumina. Os resultados mostram em todos os pacientes redução uniforme do volume das úlceras melhor avaliada por qualquer uvta das duas técnicas utilizadas. Em relação aos esquemas terapêuticos houve diferença estatística significante entre os três esquemas usando o teste T de student, o qual mostrou que o sulfato de aminosidine produziu maior redução de volume que os outros compostos. Moldagens seriadas são registros permanentes e refletem melhor a cura clínica. Concluímos que a medida da lesão ulcerada é útil na avaliação terapêutica como procedimento prático, barato e que pode ser utilizado em estudos de campo.

Leishmaniose tegumentar; Tratamento de LTA; Medida do volume das úlceras


Skin ulcers by Leishmania (Viannia) braziliensis are often deep and irregular and are difficult to measure by just the skin surface transverse and longitudinal diameters. The proposal is to mould the cavity, after local asepsis with fresh water plus soap, with a gelatinous plastic which contains silice, potassium alginate, calcium sulphate,magnesium oxide commercialized under the name of jeltrate® (Dentsply Laboratory), by solving 9-5g of jeltrate® in 20ml of fresh water and applying the gel on the ulcer which solidifies in 5 minutes. This mould is then filled with a self polymerising aciylic and its volume measured either by weight (by using an analytical balance) - technique 1 - or by water displacement by applying Archimeds'principle - technique 2. We shoiu data in a field trial before and after 20 days treatment in 20 patients using three different schedules as follows: 7 received pentamidine isethionate, 7 patients received aminosidine sulphate and 6 received meglumine antimoniate. Tloe results point out that there was a uniforme reduction of ulcer volume occurred during this period in the three groups, in both technique. Regarding the therapeutic schedules we are sure that there was a significant statistical difference between the three schedules using the TStudent Test, which showed that aminosidine sulphate produced a better volume reduction of the ulcer than the other drugs. Serial moulds reflect clinical healing and ai'e a permanent record. We conclude that the measure of the volume of the skin ulceration can be usefull in the therapeutic evaluation, as a practical and cheap procedure, and 7nay be used in field trials..

Tegumentary leishmaniasis; Treatment of American tegumentary leishmaniasis; Measure of ulcers volume


ARTIGOS

Medida do volume da úlcera cutânea na leishmaniosetegumentar

Dalmo Correia; Vanize Macedo; Philip D. Marsden

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Prof. Dalmo Correia Filho. DIP/FMTM. Caixa Postal 118 38001-970 Uberaba, MG.

RESUMO

A medida dos diâmetros longitudinal e transverso de uma lesão ulcerada na leishmaniose tegumentar não reflete a profundidade, a qual também tem importância na avaliação da cura. A proposta deste estudo foi avaliar o volume da úlcera leishmaniõtica, através da moldagem seriada, antes e após o tratamento. A moldagem da cavidade, apôs assepsia local com água e sabão, foi feita com material plástico gelatinoso ã base de sílica, alginato de potássio, sulfato de cálcio e óxido de magnésio, comercializado sob o nome de jeltrate® (Dentsply Laboratory). Dissolveu-se 9,5g de jeltrate® em 20ml de água e aplicou-se o gel sobre a úlcera, o qual se solidificou em cinco minutos. Este molde foi então preenchido com acrílico autopolimerizante e o seu volume mensurado através do peso, usando-se balança analítica (Técnica 1) ou através do deslocamento da água, aplicando o princípio de Arquimedes (Técnica 2). Mostramos os dados de um estudo i-ealizado numa área de transmissão de Leishmania (Viannia) braziliensis onde 20 pacientes foram tratados com três diferentes esquemas: sete pacientes receberam isotianato depentamidina, sete receberam sulfato de aminosidine e seis antimoniato de meglumina. Os resultados mostram em todos os pacientes redução uniforme do volume das úlceras melhor avaliada por qualquer uvta das duas técnicas utilizadas. Em relação aos esquemas terapêuticos houve diferença estatística significante entre os três esquemas usando o teste T de student, o qual mostrou que o sulfato de aminosidine produziu maior redução de volume que os outros compostos. Moldagens seriadas são registros permanentes e refletem melhor a cura clínica. Concluímos que a medida da lesão ulcerada é útil na avaliação terapêutica como procedimento prático, barato e que pode ser utilizado em estudos de campo.

Palavras-chaves: Leishmaniose tegumentar. Tratamento de LTA. Medida do volume das úlceras.

ABSTRACT

Skin ulcers by

Leishmania (Viannia) braziliensis are often deep and irregular and are difficult to measure by just the skin surface transverse and longitudinal diameters. The proposal is to mould the cavity, after local asepsis with fresh water plus soap, with a gelatinous plastic which contains silice, potassium alginate, calcium sulphate,magnesium oxide commercialized under the name of jeltrate® (Dentsply Laboratory), by solving 9-5g of jeltrate® in 20ml of fresh water and applying the gel on the ulcer which solidifies in 5 minutes. This mould is then filled with a self polymerising aciylic and its volume measured either by weight (by using an analytical balance) - technique 1 - or by water displacement by applying Archimeds'principle - technique 2. We shoiu data in a field trial before and after 20 days treatment in 20 patients using three different schedules as follows: 7 received pentamidine isethionate, 7 patients received aminosidine sulphate and 6 received meglumine antimoniate. Tloe results point out that there was a uniforme reduction of ulcer volume occurred during this period in the three groups, in both technique. Regarding the therapeutic schedules we are sure that there was a significant statistical difference between the three schedules using the TStudent Test, which showed that aminosidine sulphate produced a better volume reduction of the ulcer than the other drugs. Serial moulds reflect clinical healing and ai'e a permanent record. We conclude that the measure of the volume of the skin ulceration can be usefull in the therapeutic evaluation, as a practical and cheap procedure, and 7nay be used in field trials..

Keywords: Tegumentary leishmaniasis. Treatment of American tegumentary leishmaniasis. Measure of ulcers volume.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação em 10/01/96.

Referências bibliográficas

  • 1. Barral A, Barral-Netto M, Almeida R, Ribeiro de Jesus A, Grimaldi Jr R, Netto EM, Santos I, Bacellar O, Carvalho EM. Lymphadenopathy associated with Leishmania braziliensis cutaneous infection. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 47:587-592,1992.
  • 2. Barral A, Guerreiro J, Bomfim G, Correia D, Barral- Netto M, Carvalho EM. Lymphadenopathy as the first sign of human cutaneous infection by Leishmania braziliensis American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 53:256-259,1995.
  • 3. Carvalho EM, Correia Filho D, Bacellar O,Almeida RP, Lessa H, Rocha H. Characterization of the immune response in subjects with self-healing cutaneous leishmaniasis. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 53:273-277,1995.
  • 4. Chunge CN, Owate J, Pamba HO, Donno L. Treatment of visceral leishmaniasis in Kenya by aminosidine alone or combined with sodium stibocluconate.Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 84:221-225, 1990.
  • 5. Colgan Mp Dormandy JA, Jones PW, Schraibman IG, Shanik DG, Young RAL, Oxipentifyline treatment of venous ulcers of the leg. British Medical Journal 300:972-974,1990.
  • 6. Costa JML, Netto EM, Vale KC, Osaki NK,Tada MS, Marsden PD. Spontaneous healing of Leishmania braziliensis braziliesis skin ulcers Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 21:606, 1987.
  • 7. Costa JML, Vale KC, França F, Saldanha ACR, Silva JO, Lago EL, Marsden PD, Magalhães AX Silva CMP, Netto AS, Galvão CES. Cura espontânea da leishmaniose causada por Leishtnania Viannia braziliensis em lesões cutâneas. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 23:205- 208,1990.
  • 8. Jones TC, Johnson WD Jr, Barreto AC, Lago EL, Badaró R, Cerf B, Reed SG, Netto EM, Tada MS, França F, Wiese K, Golightly L, Fikrig E, Costa JML, Cuba CC, Marsden PD. Epidemiology of american cutaneous leishmaniosis due to Leishmania braziliensis braziliensisThe Journal of Infectious Diseases 156:73-83,1987.
  • 9. Llanos-Cuentas EA, Marsden PD, Lago EL,Barreto AC, Cuba Cuba C, Johnson WD Jr. Human mucocutaneous leishmaniasis in Três Braços, Bahia-Brazil. An area of Leishmania braziliensis transmission. II. Cutaneous diseases. Presentation and evolution. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 17:169-177,1984.
  • 10. Marsden PD. Clinical presentations of Leishmania braziliensis brazilienzis Parasitology Today 1:129-33,1985.
  • 11. Marsden PD. Mucosal leishmaniasis ("espundia" Escomel, 1911).Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 80:859-876, 1986.
  • 12. Marsden PD, Badaró F, Netto EM, Casler JD. Spontaneous clinical resolution without specific treatment in mucosal leishmaniasis. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 85:221,1991.
  • 13. Marsden PD, Tada MS, Barreto AC, Cuba CC. Spontaneous healing of Leishmania braziliensis braziliensis skin ulcers. Transactions of the Royal Society ofTropical Medicine and Hygiene 78:561- 562,1984.
  • 14. Merchan-Hamann E. Ensaio terapêutico com quatro dosagens de antimonial no tratamento da leishmaniose cutânea causada por Leishmania (Viannia) brasiliensis.Tese de Mestrado. Universidade de Brasília, Brasília, 1989.
  • 15. Moraes MAP, Correia D, Santos JB. Linfadenopatías na leishmaniose tegumentar americana: Considerações sobre dois casos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 26:181- 185,1993.
  • 16. Pradinaud R, Servans G, Sainte-Marie D, Girardeau I. Bilan de 10 années de traitement de la leishmaiose tégumentaire par la pentamidine en Guyanc Française. Nouvelle Dermatologie 10:456-611, 1991.
  • 17. Rezzano S, Moreno G, Scorza JV Quimioterapia experimental em hamsters por paramomicina contra dos aislados de Leishmania mexicana y Leishmania brasiliensis Revista Cubana de Medicina Tropical 34:34-45,1982.
  • 18. Rosa AC, Cuba CC,Vexenat A, Barreto AC, Marsden PD. Predominance of Leishmania braziliensis braziliensis in the regions of Três Braços and Corte de Pedra, Bahia Brazil. Transactions of the Royal Society ofTropical Medicine and Hygiene 1988;82:409-10.
  • 19. Sampaio RN. Ensaios terapêuticos na leishmaniose tegumentar americana. Anais Brasileiros de Dermatologia 57:151-152,1982.
  • 20. Skene AI, Smith JM , Doré CJ, Charlett A, Lewis JD. Venous leg ulcers: a prognostic index to predict time to healing. British Medical Journal 305:1119- 1121,1992.
  • Endereço para correspondência:
    Prof. Dalmo Correia Filho.
    DIP/FMTM.
    Caixa Postal 118
    38001-970
    Uberaba, MG.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      04 Abr 2013
    • Data do Fascículo
      Dez 1996

    Histórico

    • Recebido
      10 Jan 1996
    • Aceito
      10 Jan 1996
    location_on
    Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT, Núcleo de Medicina Tropical – UnB, Sala 43C – 70904-970, E-mails: rsbmt@uftm.edu.br | artes.rsbmt@gmail.com | sbmt@sbmt.org.br , WhatsApp: SBMT (61) 9.9192-6496, WhatsApp: RSBMT (34) 9.9996-5807 - Brasília - DF - Brazil
    E-mail: rsbmt@uftm.edu.br
    rss_feed Stay informed of issues for this journal through your RSS reader
    Accessibility / Report Error