Open-access Importância da repetição do xenodiagnóstico para avaliação da parasitemia na fase crônica da doença de Chagas

Resumos

Selecionamos em Mambaí (GO) 303 chagásicos com sorologia reagenle, para estudo da parasitemia, realizada através de três xenodiagnósticos feitos com Dipetalogaster maximus e Triatoma infestans. Duzentos e dez (69,3%)pessoas apresentaram xenodiagnósticos positivos. O primeiro exame detectou parasitemia em 125 (41,2%) chagásicos, o segundo em outros 59 (19,5%) e o terceiro em mais 26 (8,6%) indivíduos. A positividade em 21 crianças de até nove anos foi 90,5%. Classificamos os chagásicos em três graus de parasitemia conforme a relação de "pools" positivos sobre "pools" examinados. Deste modo, 28 (9,2%) tiveram alta parasitemia, 73 (24,1%) média parasitemia e 202 (66,7%) baixa parasitemia. Nos indivíduos de alta e média parasitemia o Trypanosoma cruzi foi detectado nos dois primeiros xenodiagnósticos, enquanto nos de baixa parasitemia, a positividade de 22,8% no primeiro exame elevou-se para 41,1%e 54% no segundo e terceiro xenodiagnósticos, respectivamente. A repetição do xenodiagnóstico, especialmente nos indivíduos de baixa parasitemia, mostrou uma elevação significativa da positividade.

Xenodiagnóstico; Parasitemia; Doença de Chagas; Diagnóstico Parasitológico; Dipetalogaster maximus


In Mambaí (GO), 303 people with positive serology for T. cruzi were subjected to three xenodiagnoses, using two bugs species, Dipetalogaster maximus and Triatoma infestans in order to study subpatent parasitemia. Two hundred and ten (69,3%) had a positive xenodiagnosis. The first test detected parasites in 125 (41,2%), the second in 59 (19,5%) and the third in a further 26 (8,6%) individuals. In 21 children up to nine years of age 90,5% were positive. Patients were classified in three groups depending on the intensity of infection detected in the bug faeces. Using these criteria, 28 (9,2%) had high parasitemia, 73 (24,1%) had moderate parasitemia and 202 (66,7%) low parasitemia. High and moderate parasitemia were detected during the first two examination. Of the low parasitemia group 22,8% were positive in the first, 41,1% on the second and 54% on the third examination. The value of repeated xeno-diagnosis, specially in people with small numbers of circulating parasites, is indicated by the date presented.

Xenodiagnosis; Parasitemia; Chagas disease; Parasitological diagnosis; Dipetalogaster maximus


ARTIGOS

Importância da repetição do xenodiagnóstico para avaliação da parasitemia na fase crônica da doença de Chagas

Cleudson N. Castro; Maria Tereza AlvesI; Vanize O. Macêdo

IEstudante de Medicina com Bolsa de Iniciação Científica do CNPq

RESUMO

Selecionamos em Mambaí (GO) 303 chagásicos com sorologia reagenle, para estudo da parasitemia, realizada através de três xenodiagnósticos feitos com Dipetalogaster maximus e Triatoma infestans. Duzentos e dez (69,3%)pessoas apresentaram xenodiagnósticos positivos. O primeiro exame detectou parasitemia em 125 (41,2%) chagásicos, o segundo em outros 59 (19,5%) e o terceiro em mais 26 (8,6%) indivíduos. A positividade em 21 crianças de até nove anos foi 90,5%. Classificamos os chagásicos em três graus de parasitemia conforme a relação de "pools" positivos sobre "pools" examinados. Deste modo, 28 (9,2%) tiveram alta parasitemia, 73 (24,1%) média parasitemia e 202 (66,7%) baixa parasitemia. Nos indivíduos de alta e média parasitemia o Trypanosoma cruzi foi detectado nos dois primeiros xenodiagnósticos, enquanto nos de baixa parasitemia, a positividade de 22,8% no primeiro exame elevou-se para 41,1%e 54% no segundo e terceiro xenodiagnósticos, respectivamente. A repetição do xenodiagnóstico, especialmente nos indivíduos de baixa parasitemia, mostrou uma elevação significativa da positividade.

Palavras-chave: Xenodiagnóstico. Parasitemia. Doença de Chagas, Diagnóstico Parasitológico. Dipetalogaster maximus.

ABSTRACT

In Mambaí (GO), 303 people with positive serology for T. cruzi were subjected to three xenodiagnoses, using two bugs species, Dipetalogaster maximus and Triatoma infestans in order to study subpatent parasitemia. Two hundred and ten (69,3%) had a positive xenodiagnosis. The first test detected parasites in 125 (41,2%), the second in 59 (19,5%) and the third in a further 26 (8,6%) individuals. In 21 children up to nine years of age 90,5% were positive. Patients were classified in three groups depending on the intensity of infection detected in the bug faeces. Using these criteria, 28 (9,2%) had high parasitemia, 73 (24,1%) had moderate parasitemia and 202 (66,7%) low parasitemia. High and moderate parasitemia were detected during the first two examination. Of the low parasitemia group 22,8% were positive in the first, 41,1% on the second and 54% on the third examination. The value of repeated xeno-diagnosis, specially in people with small numbers of circulating parasites, is indicated by the date presented.

Keywords: Xenodiagnosis. Parasitemia. Chagas disease. Parasitological diagnosis. Dipetalogaster maximus.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido para publicação em 3-1-83.

Núcleo de Medicina Tropical e Nutrição da Universidade de Brasília. Caixa Postal 153121 70919 Brasília-DF, Brasil.

Trabalho Financiado pelo CNPq, SIP/08-004 do PIDE.

Referências bibliográficas

  • 1. Barreto AC, Marsden PD, Cuba CC, Alvarenga NJ. Estudo preliminar sobre o emprêgo de Dipetalogaster maximus (Uhler 1894) (Triatominae) na técnica do xenodiagnóstico em forma crônica de doença de Chagas. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 20:183-189, 1978
  • 2. Barreto AC, Prata A, Marsden PD, Cuba CC, Trigueira CP. Aspectos biológicos e criação em massa de Dipetalogaster maximus (Uhler, 1894) (Triatominae). Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 23:18-27, 1981
  • 3. Boainain E, Rassi A. Quadro Clínico e diagnóstico. Diálogo Médico, doença de Chagas. Publicação da Roche. Gráfica Olímpica Editora Rio. Ano 5 no 4.
  • 4. Castro CN. Influência da parasitemia no quadro clínico da doença de Chagas. Revista de Patologia Tropical 9(1/2) : 73-136, 1980
  • 5. Cerisola JA., Rohwedder R. Comportamient ) de la parasitemia y el inmunodiagnostico de 1; infecíon chagasica crônica. In: Sociedad Argentina de Parasitologia (ed) Simposio internacional sobre Enfermedad de Chagas. Buenos Aires, p 271-275, 1972
  • 6. Cerisola JA, Rohwedder R, Segura EL, Del Prado CE, Alvarez Me, De Martini GJW. El Xenodiagnóstico. Buenos Aires, 1974
  • 7. Chiari E, Brener Z. Contribuição ao diagnóstico parasitológico da doença de Chagas na sua fase crônica. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 8:134-138, 1966
  • 8. Cuba CC, Alvarenga NJ, Barreto AC, Marsden PD, Chiarini C. Nuevos estúdios comparativos entre Dipetalogaster maximus y Triatoma infestans en el xenodiagnóstico de la infección chagasica crônica humana. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 20:145-151, 1978
  • 9. Cuba CC, Alvarenga NJ, Barreto AC, Marsden PD, Macedo V, Gama MP. Dipetalogaster maximus (Hemiptera, Triatominae) for xenodiagnosis of patients with serologically detectable Trypanosoma cruzi ínfection. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 73:524-527, 1979
  • 10. Dubois L. Morbidade da doença de Chagas. Estudo seccional em uma área endêmica. Tese de mestrado, FMUFRJ 82p, 1977
  • 11. Pedreira de Freitas JL. Contribuição para o estudo do dignóstico da moléstia de Chagas por processos de laboratório. Tese de doutoramento FMUSP p 169, 1947
  • 12. Hoff R, Mott KE, Silva JF, Menezes V, Hoff NJ, Barret TV, Sherlock I. Prevalence of parasitemia and seroreactivity to Trypanosoma cruzi in a rural population of northeast Brasil. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 28:461-466, 1979
  • 13. Maekelt GA. A modified procedure of xenodiagnosis for Chagas disease. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 13:11-15, 1964
  • 14. Marsden PD, Mott KE, Prata A. The prevalence of Trypanosoma cruzi parasitemia in 8 families in a endemic area. Gazeta Médica da Bahia 69:65-69, 1969
  • 15. Marsden PD, Barreto AC, Cuba CC, Gama MB, Ackers J. Improvements in routine xenodiagnosis with first instar Dipetalogaster maximus (Uhler, 1894) (Triatominae). The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 28:649-652, 1979
  • 16. Marsden PD, Cuba CC, Alvarenga NJ, Barreto AC. Report on a field collection of Dipetalogaster maximus (Hemiptera, Triatominae) (Uhler, 1894). Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 21:202-206, 1979
  • 17. Petana WB, Willcox HPF, Abreu LL, Vieira W, Coura JR. Comportamento do xenodiagnóstico em pacientes crônicos com sorologia positiva para doença de Chagas. In: Resumos do XIII Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e II Congresso da Sociedade Brasileira de Parasitologia, Brasília, p 46, 1977
  • 18. Pifano C Felix, Morrel JR, Ortiz MD. Estúdio comparativo entre el Rhodnius prolixus (Stal 1859) y el Triatoma pallidipennis (Stal, 1872) Pinto, 1927 en prueba xenodiagnóstico realizada em casos crônicos de enfermedade de Chagas. Archivos Venezolanos de Medicina Tropical y Parasitologia Medica 5:85- 94, 1973
  • 19. Salgado AA. Consideraciones sobre metodologia y sensibilidad del xenodiagnóstico. Boletim Chileno de Parasitologia 24:9-13, 1969
  • 20. Schenone H, Alfaro E, Reyes H, Taucher E. Valor del xenodiagnóstico en la infección chagásica crônica. Boletim Chileno de Parasitologia 23:149-154, 1968
  • 21. Schenone H, Concha L, Aranda R, Rojas A, Alfaro E. Experiencia terapeutica con el Bay 2502 en la infección chagásica crônica del adulto. Importancia del uso adecuado del xenodiagnostico. Boletim Chileno de Parasitologia 24:66-69, 1969
  • 22. Schenone H, Alfaro E, Rojas A. Bases y rendimento del xenodiagnóstico em la infección chagásica humana. Boletim Chileno de Parasitologia 29:24-26, 1974

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Jun 1983

Histórico

  • Recebido
    03 Jan 1983
  • Aceito
    03 Jan 1983
location_on
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - SBMT, Núcleo de Medicina Tropical – UnB, Sala 43C – 70904-970, E-mails: rsbmt@uftm.edu.br | artes.rsbmt@gmail.com | sbmt@sbmt.org.br , WhatsApp: SBMT (61) 9.9192-6496, WhatsApp: RSBMT (34) 9.9996-5807 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: rsbmt@uftm.edu.br
rss_feed Stay informed of issues for this journal through your RSS reader
Accessibility / Report Error