Resumo
Como a participação pública é alcançada dentro dos movimentos sociais? Ela realmente depende de condições políticas e econômicas ou se refere majoritariamente à esfera discursiva ou das ideias? Esse problema é abordado através de uma síntese crítica de teorias que tratam da questão (teorias de mobilização de recursos, modelo de processo político, com base em Jürgen Habermas, Richard Sennett e Alexis de Tocqueville) e, empiricamente, por meio da observação e análise de modalidades concretas de participação dentro de movimentos sociais portugueses (a partir de uma sociologia qualitativa e etnografia de alguns movimentos conduzida em Lisboa entre 2010 e 2012). Nesse contexto, como em outros, a participação pública se ampara em dois axiomas éticos e políticos que estão relacionados: isonomia - a mesma lei para todos, a base econômica da participação pública - e a isegoria - o mesmo tempo de fala para todos, o fundamento ideal da participação. Assim, para o modo da participação pública dentro dos movimentos sociais é necessário superar a tradicional dicotomia entre teorias materialistas (que enfatizam dimensão econômica da participação pública e dos movimentos sociais) e abordagens idealistas, que se reportam aos seus aspectos simbólicos e culturais.
Palavras-Chave:
movimentos sociais; ativismo; participação pública; esfera pública; Portugal