Apresentamos neste artigo uma análise sintética de três estudos de caso de empresas de porte médio - de vidro, de móveis e de vinho - em territórios em que a migração italiana deixou rastros que sugerem superar o sentido contrastivo atribuído à força das tradições frente ao atual espírito de concorrência no meio empresarial. A tese que apresentamos e buscamos comprovar é a de que, nos casos analisados, não há contradição entre tradição e modernidade econômica. Fortalecidos pelas análises da ampliação do empresariado dos estratos médios, os estudos sugerem reconhecer que os vínculos socioeconômicos possibilitam vislumbrar um dinamismo das empresas de porte médio. O estudo enfatiza como primeiro tópico o território local, que acolhe as empresas por ser o reservatório de memórias que continua ressaltando a tradição dos fundadores. Sucessivamente, delineamos três trajetórias de famílias de origem italiana que dinamizam o atual desenvolvimento industrial em três cidades: o mecanismos da memória aliada à mobilização de mercado assinalam um processo explícito e programado, orientado a proporcionar uma alquimia que valorize os recursos materiais e culturais disponíveis no tecido social. As empresas familiares estudadas parecem ter conseguido conquistar sua permanência no mercado industrial competitivo graças a um modelo de crescimento, que não rompe com as heranças de seu passado.
empresas familiares; herança cultural; tradição e modernidade; concorrência; mercado