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Síndrome do zika vírus, carência de políticas ambientais e riscos de agravamento por proliferação de cianobactérias em um cenário de mudanças climáticas

RESUMO

No Brasil, quase metade da população não tem acesso a coleta e tratamento de esgotos. Os efluentes não tratados, devido a contaminação das águas de reservatórios para abastecimento humano, geram florações de cianobactérias – e esses microrganismos produzem toxinas, como a saxitoxina, uma neurotoxina bastante potente e presente nos reservatórios da região Nordeste. Estudo recente confirmou que a ingestão crônica de água contaminada com neurotoxinas associada a infeção pelo zika vírus em camundongos prenhes poderia levar a desfecho semelhante a microcefalia. Cianobactérias são beneficiadas por tempo quente e matéria orgânica na água, e essas condições estão sendo intensificadas pelas mudanças climáticas, segundo nossos estudos anteriores. Aqui, ressaltamos que, à luz dos novos achados, a arbovirose do zika, associada às mudanças do clima, se amplifica e se agrava, sobretudo em países de média ou baixa renda, com baixos níveis de cobertura de saneamento.

Infecção por Zika virus; Neurotoxinas; Cianobactérias; Poluição da Água; Saneamento; Saúde Ambiental

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