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Dengue: ações de combate aos vetores

Dengue: actions to fight vectors

INFORMES TÉCNICOS INSTITUCIONAIS

Dengue: ações de combate aos vetores

Dengue: actions to fight vectors

Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD)

Superintendência de Controle de Endemias (Sucen)

Correspondência Correspondência: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Av. Dr. Arnaldo, 351 1ºandar sala 135 01246-901 São Paulo, SP, Brasil E-mail: agencia@saude.sp.gov.br

Desde 1997, 11 municípios no Estado de São Paulo apresentam transmissão da dengue todos os anos. Entre eles destacam-se aqueles que facilitam a difusão da dengue dentro do Estado, devido ao grande fluxo de turistas provenientes de todas as regiões do Estado e do País. Foram notificados 4.665 casos autóctones de dengue (até a semana epidemiológica 32) no Estado de São Paulo, em 2005, cerca de 50% acima do registrado no ano de 2004 (3.060 casos autóctones).

Em 2004, três regiões foram responsáveis por 80,4% dos casos autóctones de dengue no Estado: Baixada Santista, com 1.374 casos (45,1%); Litoral Norte, com 517 casos (17,0%); e Vale do Paraíba, especificamente o município de Potim, com 558 casos (18,3%). Em 2005, a Baixada Santista continuou se destacando com relação à transmissão de dengue, apresentando, no mesmo período, 1.825 casos autóctones, 39,1% do total do Estado. Além desta região, os municípios de Olímpia, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto também se destacaram no período citado com respectivamente, 834 (17,6%), 478 (10,2%) e 238 casos (5,1%).

A região da Baixada Santista reveste-se de grande importância epidemiológica na transmissão de dengue, por apresentar complexo conglomerado urbano, com inúmeras áreas sem estrutura urbana adequada, elevada densidade, importante movimentação populacional e grande número de imóveis fechados (temporada). Além disso, apresenta condições climáticas extremamente favoráveis ao desenvolvimento do vetor (temperatura e umidade). A cidade de Santos possui o maior porto da América Latina, com 15 hectares e 18 quilômetros de extensão, que movimenta 41 milhões de toneladas e 700 mil contêineres por ano, em 4.000 navios que atracam no cais, sendo responsável por 25,4% do comércio externo do País.

De 1997, início da transmissão de dengue nessa região, até junho de 2005, o número de casos autóctones de dengue na Baixada (66.682) corresponde a 43,7% do total de casos autóctones do Estado (152.417).

Em relação à situação entomológica, o programa de controle baseia-se na redução das populações de Aedes aegypti. Atualmente, essa espécie está distribuída por 498 municípios paulistas (77,2%), onde vivem, aproximadamente, 85% da população do Estado. Desses municípios infestados, cerca de 60% já tiveram registro de casos autóctones de dengue.

As atividades vetoriais são diferenciadas, segundo a infestação. Nas regiões onde a espécie não está estabelecida, as ações voltam-se à vigilância, visando a evitar a dispersão da espécie, mediante atividades programadas. Nas regiões infestadas são realizadas atividades de rotina para controle vetorial: visitas casa a casa e em imóveis especiais e pesquisa/tratamento químico em pontos estratégicos. De janeiro a maio de 2005, mais de 4 milhões de imóveis em áreas infestadas por Aedes aegypti foram trabalhados na visita casa a casa. Essa atividade foi realizada por equipes municipais de controle de vetores e dos programas de Agente Comunitário de Saúde (PACS) e da Saúde da Família (PSF) (Tabela 1).

Outras atividades de controle são desencadeadas quando ocorre transmissão: bloqueio-controle de criadouros e bloqueio-nebulização (Tabela 2).

Nas regiões infestadas realiza-se também a vigilância vetorial, mediante a determinação dos níveis de infestação, por meio da Avaliação de Densidade Larvária. O indicador adotado no programa é o Índice de Breteau (IB). A Figura mostra, comparativamente o número de imóveis trabalhados nesta atividade em todo o Estado, em 2005 pelas equipes municipais e da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen).


Historicamente, os níveis de infestação do vetor no Estado mostram sazonalidade bem demarcada, registrando valores altos no verão e reduzidos a níveis próximos de zero, no inverno. Observa-se na Tabela 3 que no primeiro trimestre de 2005, para a maioria dos municípios, o valor estimado para o IB foi superior a 5,0, sendo que em considerável número desses municípios este valor foi superior a 10,0. Estes dados apontam para um agravamento da situação epidemiológica e, portanto, reforçam a necessidade da manutenção das atividades preconizadas no Programa de Controle de Dengue.

Destaca-se que das 40 avaliações realizadas entre abril e junho, meses menos favoráveis à proliferação do vetor, 26 (65%) resultaram em IB maior que 2,0.

Nos últimos anos ocorreram invernos atípicos, com temperaturas mais elevadas e índices pluviométricos acima da média. Portanto, é alto o risco de ocorrer transmissão importante nos próximos meses, pois o período mais propício ao desenvolvimento do vetor se iniciará com níveis de infestação acima do esperado.

Em vista do exposto, é fundamental o envolvimento de todos os segmentos da sociedade, na busca de melhores perspectivas de controle de dengue.

* Texto de difusão técnico-científica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

  • Correspondência:
    Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
    Av. Dr. Arnaldo, 351 1ºandar sala 135
    01246-901 São Paulo, SP, Brasil
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Dez 2005
    • Data do Fascículo
      Dez 2005
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