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Relação entre prevalência, incidência e duração média da doença

Relation between prevalence, incidence and average duration of disease

Resumos

Foi apresentada uma demonstração da fórmula Pt = I d onde P t = prevalência instantânea; I = Incidência; e d duração média da doença para a situação de estabilidade de doença.

Epidemiologia; Prevalência; Incidência


A derivation of the relation Pt = I. d where: Pt = pointprevalence; I = incidence; d = average durantion of disease is presented given the disease is stable, that is, the incidence and duration remained constant over time.

Epidemiology; Prevalence; Incidence


ARTIGO ORIGINAL

Relação entre prevalência, incidência e duração média da doença

Relation between prevalence, incidence and average duration of disease

Antonio Ruffino Netto

Do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. – Ribeirão Preto, SP – Brasil

RESUMO

Foi apresentada uma demonstração da fórmula Pt = I d onde P t = prevalência instantânea; I = Incidência; e d duração média da doença para a situação de estabilidade de doença.

Unitermos: Epidemiologia (Métodos quantitativos) *; Prevalência *; Incidência *.

SUMMARY

A derivation of the relation Pt = I.d where: Pt = pointprevalence; I = incidence; d = average durantion of disease is presented given the disease is stable, that is, the incidence and duration remained constant over time.

Uniterms: Epidemiology (quantitative methods)*; Prevalence*; Incidence *.

INTRODUÇÃO

É conhecido da literatura epidemiológica que a prevalência instantânea (Pt)de uma doença é uma função da incidência (I) e da duração média (d) desta doença 1.

Assim, variação na prevalência poderia ser o resultado de variações na incidência e/ou na duração média.

Chama-se condições de equilíbrio ou de estabilidade de uma doença, a situação em que a incidência e a duração média permanecem constantes com o tempo. Evidentemente, uma doença somente atingiria uma perfeita condição de estabilidade em uma situação teórica de constância das variáveis incidência e duração média.

MACMAHON & PUGH 1. e TAYLOR & KNOWELDEN2 têm apresentado empiricamente a fórmula,

onde

Pt = prevalência instantânea

I = incidência

= duração média, medida na mesma unidade de tempo utilizada na especificação da incidência

fórmula esta que somente seria válida na situação teórica de estabilidade da doença.

O fato de não encontrarmos na literatura demonstração alguma desta fórmula empírica, motivou-nos a pensar num modelo que nos possibilitasse demonstrar matematicamente a relação Pt = I. d

2. MODELO

Suponhamos N indivíduos (I1 ,I2, I3, . . . IN ) expostos ao risco de adquirir a doença D, no intervalo de tempo Dt = t2 – tx (medidos em unidades arbitrárias de tempo = U):

Seja n (onde n < N) o número dos indivíduos que adquiriram a doença dentro do intervalo Dt e permaneceram doentes respectivamente d1 d2, d3 . . . dn unidades de tempo U (ou seja, medidos nas mesmas unidades de tempo de Dt).

Seja:

P1 — a prevalência instantânea no tempo t1

P2 — a prevalência instantânea no tempo t2

Pm — a prevalência média num intervalo de tempo qualquer t

Se d t = Dt, a prevalência média no intervalo de tempo será calculada por definição

I = a incidência no intervalo de tempo Dt, que será calculada por definição

Pt = a prevalência instantânea em qualquer ponto t no intervalo Dt

di = duração da doença no indivíduo doente.

3. SOLUÇÕES

1.aSolução Supondo o intervalo de tempo d t e que fosse definido por e que somente uma pessoa tivesse ficado doente durante todo esse período, a prevalência média em d t seria portanto:

No caso particular de d t ser igual a Dt, a prevalência média em Dt será dada por

onde a razão entre os tempos na fórmula (2), ou seja equivale ao número de indivíduos doentes durante todo o intervalo Dt.

Assim teremos:

Lembrando que

(4) em (3) resulta

Dada a condição de estabilidade da doença, isto é, a incidência e duração permanecerem constante com o tempo, podemos tirar:

a) Para efeito de computação de Pm no período Dt é válido tomar di mesmo que o indivíduo ultrapasse o limite de tempo t2, pois será compensado pelo indivíduo número zero que já entrou doente no intervalo Dt.

b) A prevalência média no período Dt será igual a prevalência instantânea P1 , P2 ou Pt , ou seja:

Lembrando (7)

2.a Solução

O tempo total T que representa indivíduos-unidades de tempo U de doença no intervalo de tempo Dt poderá ser obtido a partir dos casos, isto é:

Por outro lado, o mesmo valor de T poderá ser obtido a partir da integração da prevalência instantânea no intervalo Dt , ou seja:

Lembrando da condição de estabilidade da doença, portanto Pt é constante, podemos escrever

Sendo (11) = (9), podemos escrever

Resolvendo a integral e (4) ® (12) resulta

Sendo t2 – t1 = Dt, tiramos

4. CONCLUSÃO

Utilizando-se o modelo proposto, na condição de estabilidade da doença é possível demonstrar-se matematicamente a fórmula empírica

AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Emilio C. Venezian, pelas sugestões dadas para a segunda solução do modelo que apresentamos e ao Dr. Euclydes Custódio de Lima Filho, pelas suas sugestões.

Recebido para publicação em 1.°-8-1973

Aprovado para publicação em 9-10-1973

Trabalho desenvolvido durante período de estágio na Harvard School of Public Health – Boston – Mass., através de bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

  • 1. MACMAHON, B. & PUGH, T. F. Epidemiology: principles and methods. Boston, Little, Brown Co., 1970.
  • 2. TAYLOR, I. & KNOWELDEN, J. Principles of epidemiology. London, Churchill Ltd., 1957.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Set 2006
  • Data do Fascículo
    Dez 1973

Histórico

  • Aceito
    09 Out 1973
  • Recebido
    01 Ago 1973
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