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Agrotóxicos e sintomas respiratórios entre agricultores

OBJETIVO: Apesar do uso intensivo de pesticidas na agricultura, ainda são raros os estudos sobre avaliação de riscos respiratórios devidos a esses produtos. O objetivo do estudo foi dimensionar a prevalência de sintomas respiratórios entre agricultores e avaliar suas relações com o uso ocupacional de agrotóxicos. MÉTODOS: Foi desenvolvido um estudo transversal com 1.379 agricultores de dois municípios da Serra Gaúcha, Brasil, em 1996. Foram medidas a freqüência e as formas de exposição química aos agrotóxicos, além das intoxicações agudas para ambos os sexos. Foram entrevistados todos os indivíduos com 15 anos de idade ou mais, com no mínimo 15 horas semanais de atividade. Para investigar os sintomas respiratórios, foi usada uma adaptação do questionário da American Thoracic Society. A análise multivariada foi realizada por meio de regressão logística. RESULTADOS: Dos agricultores entrevistados, 55% eram do sexo masculino. A prevalência de sintomas de asma foi de 12% e 22% foram considerados como portadores de doença respiratória crônica. As mulheres apresentaram os odds ratios mais elevados para sintomas de asma (OR=1,51; IC 95%: 1,07-2,14) e para sintomas de doença respiratória crônica (OR=1,34; IC 95%: 1,00-1,81). A regressão logística identificou associações entre várias formas de exposição aos agrotóxicos e aumento de sintomas respiratórios. A ocorrência de intoxicações por agrotóxicos mostrou-se associada com maior prevalência de sintomas de asma (OR=1,54; IC 95%: 1,04-2,58) e de doença respiratória crônica (OR=1,57; IC 95%: 1,08-2,28). CONCLUSÕES: Apesar das limitações de causalidade, os resultados evidenciaram que o trabalho agrícola envolvendo agrotóxicos está associado com a elevação da prevalência de sintomas respiratórios, especialmente quando a exposição é superior a dois dias por mês.

Doenças respiratórias; Agrotóxicos; Doenças ocupacionais; Agricultura; Asma; População rural


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