Accessibility / Report Error

Incidência de ferrugem em folhas de pessegueiro e nectarineira do germoplasma IAC

Incidence of rust leaf disease on peaches and nectarines of the IAC germoplasm bank

Resumos

Avaliou-se, em fins do verão de 1993, o grau de incidência da ferrugem (Tranzschelia discolor f. sp. domesticae), em dezoito seleções IAC de pessegueiro e seis de nectarineira, mantidos em lote de germoplasma na Estação Experimental de Jundiaí (23°08'S; 46°55'W). A porcentagem de incidência do patógeno foi estimada através de observações macroscópicas das folhas, atribuindo-se notas de 1 a 5 (1 = nula, 2 = leve, 3 = moderada, 4 = severa, 5 = muito severa), conforme o grau da severidade do sintoma. Todo o material pesquisado mostrou-se suceptível ao patógeno, entretanto, as seleções apresentaram sensíveis variações em graus de susceptibilidade. As seleções com maior tolerância ao patógeno foram: 1) pêssegos 'Régis' e IAC 4685-45 e 2) nectarinas 'Josefina' e IAC N 2680-91.

pêssego; nectarina; ferrugem; Tranzschelia discolor f. sp. domesticae; resistência; seleções IAC


The occurrence of rust leaf disease (Tranzschelia discolor f. sp domesticae) was verified in 24 peach and nectarine selections at the Jundiaí Experimental Station (23°08'S and 46°55'W) State of São Paulo, Brazil. The trees of the germoplasm bank were evaluated using a sympton scale to evaluate selection susceptibility to the pathogen, at different levels. The less susceptible selections were: 1) peaches 'Regis' and IAC 4685-45 and 2) nectarines 'Josefina' and IAC N 2680-91.

peach; nectarine; rust; Tranzschelia discolor f. sp. domesticae; resistance; IAC selections


FITOTECNIA

Incidência de ferrugem em folhas de pessegueiro e nectarineira do germoplasma IAC1 1 Trabalho integrante do Projeto IAC: "Manutenção de Germoplasma de Frutíferas de Clima Temperado" 2 Latitude, longitude e horas anuais de frio abaixo de 7°C, respectivamente (PEDRO JÚNIOR et al., 1979).

Incidence of rust leaf disease on peaches and nectarines of the IAC germoplasm bank

W. BarbosaI, II; F.A. Campo-Dall'OrtoI, II; M. OjimaII; G.P.C. KalilII; A.A. LovateII; I.J.A. RibeiroI,II; F.P. MartinsIII; E.M.C. NogueiraI, IV

IBolsista do CNPq

IIInstituto Agronômico de Campinas, C.P. 28 - CEP: 13001-970 - Campinas,SP

IIIEstação Experimental de Jundiaí/IAC, C.P. 11 - CEP: 13200-970 - Jundiaí,SP

IVInstituto Biológico de São Paulo, C.P. 7119 - CEP: 04014-000 - São Paulo,SP

RESUMO

Avaliou-se, em fins do verão de 1993, o grau de incidência da ferrugem (Tranzschelia discolor f. sp. domesticae), em dezoito seleções IAC de pessegueiro e seis de nectarineira, mantidos em lote de germoplasma na Estação Experimental de Jundiaí (23°08'S; 46°55'W). A porcentagem de incidência do patógeno foi estimada através de observações macroscópicas das folhas, atribuindo-se notas de 1 a 5 (1 = nula, 2 = leve, 3 = moderada, 4 = severa, 5 = muito severa), conforme o grau da severidade do sintoma. Todo o material pesquisado mostrou-se suceptível ao patógeno, entretanto, as seleções apresentaram sensíveis variações em graus de susceptibilidade. As seleções com maior tolerância ao patógeno foram: 1) pêssegos 'Régis' e IAC 4685-45 e 2) nectarinas 'Josefina' e IAC N 2680-91.

Descritores: pêssego, nectarina, ferrugem, Tranzschelia discolor f. sp. domesticae, resistência, seleções IAC.

ABSTRACT

The occurrence of rust leaf disease (Tranzschelia discolor f. sp domesticae) was verified in 24 peach and nectarine selections at the Jundiaí Experimental Station (23°08'S and 46°55'W) State of São Paulo, Brazil. The trees of the germoplasm bank were evaluated using a sympton scale to evaluate selection susceptibility to the pathogen, at different levels. The less susceptible selections were: 1) peaches 'Regis' and IAC 4685-45 and 2) nectarines 'Josefina' and IAC N 2680-91.

Key words: peach, nectarine, rust, Tranzschelia discolor f. sp. domesticae, resistance, IAC selections.

INTRODUÇÃO

A ferrugem, doença causada pelo fungo Tranzschelia discolor f.sp. domesticae, constitui um dos problemas mais sérios nas culturas de pessegueirose nectarineiras. Quando sua incidência é severa, causa queda prematura das folhas -principal órgão afetado - debilitando os ramos de frutificação. Essa queda extemporânea de folhas afeta, ainda, o equilíbrio fisiológico das plantas, podendo proporcionar duas florações anuais, esgotando, assim, as reservas nutricionais, prejudicando a produção e a vida útil do material (BLEICHER & TANAKA, 1982; CAMPO DALL'ORTO et al., 1984; FELICIANO & ARAÚJO, 1979; ANDERSON, 1956; KANG & KO, 1976). A infecção inicial da planta ocorre com o aumento da umidade e temperatura, que propiciam a germinação dos uredos-poros. Estes, possuindo uma longevidade máxima de 150 dias, estão aptos à reinfecção das folhas, sob as condições dos dias chuvosos da primavera e verão. Daí a necessidade dos tratamentos rigorosos de inverno para a eliminação ou diminuição das fontes de inóculo, em campo, evitando-se a reciclagem da doença (BLEICHER & TANAKA, 1982; CAMPO DALL' ORTO et al. 1984; BARBOSA et al., 1990; THAKUR et al., 1991), assim como as pulverizações fúngicas preventivo-curativas, principalmente na fase vegetativa das plantas.

Verificam-se, em lotes de germoplasma de frutíferas de caroço, diferentes níveis de infecção de ferrugem, detectados pelo maior ou menor enfolhamento das plantas no final do verão. Este fato pode estar relacionado a fatores extra ambientais, ou seja, a presença de material mais tolerante à ferrugem, importante como fonte de resistência ao patógeno. A detecção de cultivares menos susceptíveis à doença, constitui avanço para utilização em pomares comerciais, diminuindo a freqüência dos onerosos tratos fitossanitários.

Este trabalho trata do levantamento preliminar da incidência da ferrugem, em coleções de pessegueiros e nectarineiras nas condições ecológicas de Jundiaí, SP. Procurou-se assim, obter maiores conhecimentos sobre as seleções IAC dessas frutíferas, avaliando a susceptibilidade relativa à ferrugem, como subsídio aos trabalhos de melhoramento.

MATERIAL E MÉTODOS

Utilizaram-se na experimentação seleções de pessegueiros e nectarineiras do germoplasma situado na Estação Experimental de Jundiaí ( 23W.;46°55'W. e 80 HF-7°C)2 1 Trabalho integrante do Projeto IAC: "Manutenção de Germoplasma de Frutíferas de Clima Temperado" 2 Latitude, longitude e horas anuais de frio abaixo de 7°C, respectivamente (PEDRO JÚNIOR et al., 1979). , do IAC. São elas: pêssegos 'Jóia-1', Jóia-3', 'Jóia-5', 'Dourado-1', 'Dourado-2', 'Aurora-1', 'Aurora-2', Tropical', 'Delicioso Precoce', 'Régis', IAC 680-13, IAC 280-28, IAC 6782-83, IAC 6882-37, IAC 785-1, IAC 4685-45, e IAC 2982-32 e nectarinas 'Centenária', 'Josefina', 'Rosalina', IAC N 1880-62, IAC N 2680-91 e IAC N 1880-3. Os tratos culturais do pomar foram similares aos rotineiramente recomendados à cultura (OJIMA et al., 1990).

Para avaliação da ferrugem em laboratório coletaram-se, ao acaso, de três plantas por seleção, 100 folhas da porção mediana da copa e dos ramos. As coletas foram realizadas na primeira quinzena de março de 1993. A incidência da ferrugem nas folhas foi estimada através de observações macroscópicas das pústulas, atribuindo notas de 1 a 5, conforme padrão anteriormente adotado para ameixeira (CAMPO DALL'ORTO et al., 1979 e 1980), sendo: 1 = nula, 2 = leve, 3 = moderada, 4 = severa, 5 = muito severa. Ao item enfolhamento da planta foram atribuídas no campo as seguintes notas: 1 = fraco, 2 = médio, 3 = forte.

As observações das plantas, as amostragens das folhas e a análise laboratorial foram realizadas por três pessoas. Assim, a nota para incidência de ferrugem e grau de enfolhamento de cada material, correspondeu à média em porcentagem das concedidas pelos três avaliadores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os pessegueiros e nectarineiras avaliados mostraram-se susceptíveis à ferrugem (Figura 1). No entanto, as seleções apresentaram diferentes níveis de susceptibilidade, variando desde o pêssego IAC 6882-37, seleção mais susceptível, com 81,67% de incidência severa e muito severa, à nectarina 'Josefina', a mais tolerante, com somente 12,33%.


Os pêssegos 'Régis' e IAC 4685-45 e as nectarinas 'Josefina' e IAC N 2680-91, com menores índices de incidência da doença (< 30% de incidência severa e muito severa), corresponderam às seleções com melhor enfolhamento das plantas (nota média de 2,2). Essas seleções, seguidas de outras que mostravam também bom comportamento - 'Delicioso Precoce' IAC N 1880-3, 'Tropical' e 'Rosalina' - sugerem ser mais tolerantes ao patógeno, merecendo atenção especial na utilização nos trabalhos de melhoramento.

Por outro lado, as seleções de pêssegos IAC 6882-37, IAC 680-13, 'Jóia-1', 'Jóia-5' e IAC 280-28, com altos índices de incidência severa e muito severa (ao redor de 60% e acima), indicam tratar-se de material que carece de maiores cuidados no monitoramento da doença e nos tratos fitossanitários com produtos fúngicos.

Os resultados obtidos neste trabalho necessitam ainda de averiguações mais aprofundadas. É interessante que sejam analisados o início da infecção da planta, o período de maior incidência e o controle da ferrugem, frente às condições ecológicas locais. De um lado, seriam detectadas as seleções mais sensíveis ao patógeno e aos desequilíbrios fisiológicos e nutricionais, responsáveis pela diminuição da produção e da vida útil do pomar (ANDERSON, 1956; FELICIANO et al., 1979; BLEICHER &TANAKA, 1982; KANG & KO, 1976). De outro lado, poder-se-iam selecionar pessegueiros e nectarineiras que confirmassem as características de tolerância ou resistência à ferrugem, constituindo material genético útil aos trabalhos de cruzamentos controlados.

CONCLUSÕES

1. Todas seleções de pessegueiros e nectarineiras analisadas mostraram-se susceptíveis à ferrugem. No entanto, houve variações em graus de susceptibilidade entre as seleções.

2. Os pessegueiros 'Regis' e IAC 4685-45, e as nectarineiras 'Josefina' e I AC N 2680-91 apresentaram-se mais tolerantes à doença, com plantas de melhor enfolhamento.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos Técnicos de Apoio, MEIRE CORREIA DA SILVA FERRARI e MARCILENE DE MORAIS, o auxílio na coleta e análise das folhas dos pessegueiros e nectarineiras do experimento.

Enviado para publicação em 13.07.93

Aceito para publicação 13.12.93

  • ANDERSON, H.W. Leaf blight and fruit spot of pear and quince.In:________. Diseases of fruit crops. New York: Me Graw Hill, 1956. p.201-205.
  • BARBOSA, W.; CAMPO DALL'ORTO, F.A.; OJIMA, M.; SAMPAIO, V.R.; BANDEL, G. Ecofisiologia do desenvolvimento vegetativo e reprodutivo do pessegueiro em região subtropical. Campinas: Instituto Agronômico, 1990. 37p. (IAC. Documentos, 17)
  • BLEICHER, J.; TANAKA, H. Doenças do pessegueiro no Estado de Santa Catarina. 2.ed. Florianópolis, EMPASC, 1982. 53p.
  • CAMPO DALL'ORTO, F.A.; OJIMA, M.; RIBEIRO, IJ.A.; RIGITANO, O.; ALVES, S. Resistência varietal da ameixeira à ferrugem (Tranzschelia spp.) nas condições de Monte Alegre do Sul,SP. Bragantia, Campinas, v.39, p.171-174,1980. (Nota, 3).
  • CAMPO DALL'ORTO, F.A.; OJIMA, M.; BARBOSA, W.; RIGITANO, O.; SANTOS, R.R.; BETTI, J.A. Recuperação de ameixeiras improdutivas. Campinas: Instituto Agronômico, 1984. 8p.
  • CAMPO DALL'ORTO, F.A.; OJIMA, M.; RIBEIRO, I.J.A.; RIGITANO, O.; VEIGA, A.A. Resistência varietal de ameixeira (Prunus salicina Lindl.) à ferrugem (Tranzschelia spp.) nas condições de Tietê-SP, In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 5., 1979, Pelotas, Anais... Pelotas: Sociedade Brasileira de Fruticultura, 1979. v.2, p.789-796.
  • FELICIANO, A.; ARAÚJO, P.F. Ferrugem das fruteiras de caroço I. Eficiência de diferentes fungicidas no controle da ferrugem do pessegueiro causado por Tranzschelia spp. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 5., 1979, Pelotas, Anais... Pelotas: Sociedade Brasileira de Fruticultura, 1979. p.724-727.
  • KANG, S.M.; KO, K.C. A study of cold hardiness, flowering and bearing in "Okubo" peach trees (Prunus pérsica) as affected by defoliation, Journal of the Korean Society for Horticultural Science, Suwon, v.17, n.1,p.1-11,1976.
  • THAKUR, V.S.V.; GUPTA, V.K.; GARC, R.C. Management of fungal diseases of stone fruits with fungicides in Himachal Pradesh. Indian Journal of Agricultural Sciences, New Delhi, v.61, n.9, p.677-681,1991.
  • 1
    Trabalho integrante do Projeto IAC: "Manutenção de Germoplasma de Frutíferas de Clima Temperado"
    2
    Latitude, longitude e horas anuais de frio abaixo de 7°C, respectivamente (PEDRO JÚNIOR et al., 1979).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Jul 2005
    • Data do Fascículo
      Abr 1994

    Histórico

    • Recebido
      13 Jul 1993
    • Aceito
      13 Dez 1993
    Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" USP/ESALQ - Scientia Agricola, Av. Pádua Dias, 11, 13418-900 Piracicaba SP Brazil, Phone: +55 19 3429-4401 / 3429-4486 - Piracicaba - SP - Brazil
    E-mail: scientia@usp.br