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Doses e métodos de aplicação de nitrogênio em girassol

Levels and methods of nitrogen supply for sunflower

Resumos

O experimento foi conduzido com a cultura de girassol, em Latossolo Roxo eutrófico, durante as safras 91/92, 92/93 e 93/94. Avaliou-se o efeito das doses 0; 30; 60 e 90 kg ha-1 de nitrogênio (N) e dos métodos de aplicação deste nutriente 1. incorporado/aiveca (aplicado a lanço e incorporado com arado de aiveca a 30 cm de profundidade antes da semeadura); 2. incorporado/grade (aplicado a lanço e incorporado com grade de disco antes da preparação do leito de semeadura); 3. incorporado/grade/parcelado (30% N aplicado a lanço e incorporado com grade de disco antes da preparação do leito de semeadura e, 30 dias após a emergência das plantas, os 70% de N restantes em cobertura). Foram estudados os efeitos dos tratamentos na produção e peso de 1.000 aquênios, altura de plantas e diâmetro do caule. O fósforo e o potássio foram aplicados na semeadura junto com a adubação nitrogenada. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com parcelas subdivididas, com as doses nas parcelas e os métodos nas subparcelas e quatro repetições. A área total do experimento foi de 3.528 m2, com a densidade de semeadura equivalente a 42.857 plantas ha-1. A produção de grãos aumentou até a dose de 90 kg ha-1 de N, sendo que a dose econômica foi obtida com 17,5 kg ha-1 de N. As maiores produções e peso de 1.000 aquênios foram alcançados no ano agrícola de 1993/94, enquanto que os maiores valores de altura de plantas e diâmetro do caule ocorreram em 1991/92. Os métodos de aplicação de nitrogênio não influenciaram na produção de grãos. Por outro lado, o maior peso de 1.000 aquênios foi obtido com o método de incorporação do N com grade/parcelado, sendo que, para as demais variáveis, a incorporação com arado de aiveca proporcionou os maiores valores.

Helianthus annuus; girassol; nitrogênio


A sunflower field experiment was carried out during the growing seasons of 1991/92; 92/93 and 93/94, on an Typic Eutrorthox. The applied levels of nitrogen (N) were 0, 30, 60 and 90 kg ha-1 and the application methods were: 1. incorporated/moldboard plow (broadcasted with incorporation with moldboard plow down to 30 cm depth before sowing); 2. incorporated/disk bars (broadcasted with incorporation with disk bars before seedbed preparation); 3. incorporated/grade/split (30% of N broadcasted with incorporation with disk bars before seedbed preparation and the remaining N 30 days after the sunflower emergency). The effect of different levels and methods of N supply were evaluated through grain yield, weight of 1,000 achenes, plant height, and stem diameter. Phosphorus and potassium were applied together with N fertilization. The experimental design was a randomized blocks with split-plots and four replicates, with N rates in the main plots and methods in the split-plots. A density of 42,857 plants ha-1 occupied a total area of 3,528 m2. Grain yield increased with N levels up to 90 kg ha-1, while the economic level was obtained with 17.5 kg ha-1 of N. The highest grain yield and 1,000 achenes weight were achieved during the 1993/94 season, while the highest plant height and stem diameter were obtained in 1991/92. Different methods of N application did not affect grain yield. On the other hand, the greatest 1.000 achenes weight was obtained with the incorporated/grade/split method of N incorporation. However, for the other variables N incorporation with moldboard plow gave greater values.

Helianthus annuus; sunflower; nitrogen


Cesar de Castro1*; Antal Balla1; Vania Beatriz Rodrigues Castiglioni1; Gedi Jorge Sfredo1,2

1Embrapa Soja, C.P. 231 - CEP: 86001-970 - Londrina, PR.

2Bolsista do CNPq.

*e-mail: ccastro@cnpso.embrapa.br

RESUMO: O experimento foi conduzido com a cultura de girassol, em Latossolo Roxo eutrófico, durante as safras 91/92, 92/93 e 93/94. Avaliou-se o efeito das doses 0; 30; 60 e 90 kg ha-1 de nitrogênio (N) e dos métodos de aplicação deste nutriente 1. incorporado/aiveca (aplicado a lanço e incorporado com arado de aiveca a 30 cm de profundidade antes da semeadura); 2. incorporado/grade (aplicado a lanço e incorporado com grade de disco antes da preparação do leito de semeadura); 3. incorporado/grade/parcelado (30% N aplicado a lanço e incorporado com grade de disco antes da preparação do leito de semeadura e, 30 dias após a emergência das plantas, os 70% de N restantes em cobertura). Foram estudados os efeitos dos tratamentos na produção e peso de 1.000 aquênios, altura de plantas e diâmetro do caule. O fósforo e o potássio foram aplicados na semeadura junto com a adubação nitrogenada. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com parcelas subdivididas, com as doses nas parcelas e os métodos nas subparcelas e quatro repetições. A área total do experimento foi de 3.528 m2, com a densidade de semeadura equivalente a 42.857 plantas ha-1. A produção de grãos aumentou até a dose de 90 kg ha-1 de N, sendo que a dose econômica foi obtida com 17,5 kg ha-1 de N. As maiores produções e peso de 1.000 aquênios foram alcançados no ano agrícola de 1993/94, enquanto que os maiores valores de altura de plantas e diâmetro do caule ocorreram em 1991/92. Os métodos de aplicação de nitrogênio não influenciaram na produção de grãos. Por outro lado, o maior peso de 1.000 aquênios foi obtido com o método de incorporação do N com grade/parcelado, sendo que, para as demais variáveis, a incorporação com arado de aiveca proporcionou os maiores valores.

Palavras-chave: Helianthus annuus, girassol, nitrogênio

Levels and methods of nitrogen supply for sunflower

ABSTRACT: A sunflower field experiment was carried out during the growing seasons of 1991/92; 92/93 and 93/94, on an Typic Eutrorthox. The applied levels of nitrogen (N) were 0, 30, 60 and 90 kg ha-1 and the application methods were: 1. incorporated/moldboard plow (broadcasted with incorporation with moldboard plow down to 30 cm depth before sowing); 2. incorporated/disk bars (broadcasted with incorporation with disk bars before seedbed preparation); 3. incorporated/grade/split (30% of N broadcasted with incorporation with disk bars before seedbed preparation and the remaining N 30 days after the sunflower emergency). The effect of different levels and methods of N supply were evaluated through grain yield, weight of 1,000 achenes, plant height, and stem diameter. Phosphorus and potassium were applied together with N fertilization. The experimental design was a randomized blocks with split-plots and four replicates, with N rates in the main plots and methods in the split-plots. A density of 42,857 plants ha-1 occupied a total area of 3,528 m2. Grain yield increased with N levels up to 90 kg ha-1, while the economic level was obtained with 17.5 kg ha-1 of N. The highest grain yield and 1,000 achenes weight were achieved during the 1993/94 season, while the highest plant height and stem diameter were obtained in 1991/92. Different methods of N application did not affect grain yield. On the other hand, the greatest 1.000 achenes weight was obtained with the incorporated/grade/split method of N incorporation. However, for the other variables N incorporation with moldboard plow gave greater values.

Key words:Helianthus annuus, sunflower, nitrogen

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) é, de modo geral, uma cultura pouco estudada no Brasil, principalmente do ponto de vista da nutrição mineral de plantas. Resultados de pesquisa de produção e, principalmente, os de adubação de girassol, são geralmente obtidos em condições edafoclimáticas bastante diferentes daquelas do Paraná. Por outro lado, o nitrogênio desempenha importante função no metabolismo e na nutrição da cultura. Sua deficiência causa a desordem nutricional que mais limita a produção do girassol, enquanto seu excesso, ocasiona decréscimo na porcentagem de óleo (Robinson, 1978). Segundo Vranceanu (1977), doses elevadas do nutriente podem aumentar consideravelmente a incidência de pragas e doenças afetando, consequentemente, a produção de grãos. Acrescido à possibilidade de doenças, outro fator importante a ser considerado é a otimização das doses de N em relação a custo/benefício na tecnologia de produção. O girassol extrai grandes quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio do solo, quando comparado com as culturas de soja, trigo e milho (Cordeiro, 1977; Machado, 1979; Gutterres et al., 1988), sendo que, dessas culturas, somente a soja extrai mais nitrogênio que o girassol (Vranceanu, 1977). Nos experimentos de adubação nitrogenada, os objetivos estão relacionados principalmente aos estudos sobre os efeitos de doses do fertilizante, sendo poucas as informações sobre a influência que o modo de aplicação do nitrogênio exerce sobre seu aproveitamento por esta espécie vegetal. Além disso, considerando que a resposta da cultura à adubação com nitrogênio varia com as condições edafoclimáticas, com o genótipo e com a tecnologia de produção empregada (Sfredo et al., 1983), há necessidade de se avaliar os efeitos de doses e métodos de aplicação de nitrogênio em locais onde a pesquisa nessa área é escassa, como em Londrina. Dentre os adubos nitrogenados, a uréia consiste na principal fonte de N para a agricultura brasileira. Entretanto, em virtude de seu comportamento no solo, a volatilização constitui-se numa das principais causas de resultados menos satisfatórios (Rodrigues & Kiehl, 1986). Resultados de pesquisa conduzidos por Rodrigues & Kiehl (1986) mostraram que a incorporação da uréia à terra, ou o enterrio, podem reduzir substancialmente a volatilização da amônia, concordando com os resultados encontrados por Connell et al. (1979). Para máxima eficiência do uso da uréia, Pavan & Parra (1995) recomendam a incorporação da uréia na camada de solo de 0 a 20 cm de profundidade. Outros aspectos importantes na estratégia de utilização da uréia que devem ser considerados, além da sua incorporação e parcelamento, são: pH do solo, CTC, textura e teor de matéria orgânica. Entretanto, essa incorporação normalmente se restringe aos primeiros 5 cm do solo.

Sendo assim, foi avaliado o efeito de doses e métodos de aplicação de nitrogênio na cultura de girassol, em área experimental do Centro Nacional de Pesquisa de Soja (CNPSo-EMBRAPA), localizado no município de Londrina-PR, em Latossolo Roxo eutrófico, durante três safras (1991/92, 92/93 e 93/94).

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em área experimental do Centro Nacional de Pesquisa de Soja (CNPSo-EMBRAPA), localizado no município de Londrina-PR, em Latossolo Roxo eutrófico, textura muito argilosa, sempre após a cultura do trigo, durante três safras (1991/92, 92/93 e 93/94).

Os tratamentos adotados consistiram de quatro doses de nitrogênio (0, 30, 60 e 90 kg ha-1 de N), utilizando-se como fonte do nutriente a uréia (45% de N) e três métodos de aplicação, descritos a seguir.

• incorporado/aiveca (aplicado a lanço e incorporado com arado de aiveca a 30 cm de profundidade, antes da semeadura);

• incorporado/grade (aplicado a lanço e incorporado com grade de disco antes do preparo do leito de semeadura);

• incorporado/grade/parcelado (30% N e aplicado a lanço e incorporado com grade de disco antes da preparação do leito de semeadura e os 70% de N restante em cobertura, 30 dias após a emergência das plantas).

Em todos os anos agrícolas realizou-se a adubação de plantio empregando-se 120 kg ha-1 de P2O5 e de K2O como superfosfato triplo e cloreto de potássio, respectivamente, para todos os tratamentos.

Foi utilizada como planta teste, o híbrido GR 16 de ciclo precoce. A semeadura foi efetuada em outubro, com uma semeadora de precisão Wintersteiger motorizada, a uma profundidade de 5,0 cm. Aos 15 dias após a semeadura realizou-se um desbaste, objetivando garantir três plantas por metro e uma população final equivalente a 42.857 plantas ha-1.

Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com os tratamentos dispostos em parcelas subdivididas, com quatro repetições, com as doses de N na parcela e os métodos de incorporação nas subparcelas. A unidade experimental foi de sete linhas espaçadas de 70 cm e com 45 metros de comprimento (220,5 m2) nas parcelas e de sete linhas espaçadas de 70 cm e com 15 metros de comprimento nas subparcelas (73,5 m2). A área total do experimento foi de 3.528 m2.

Foram avaliados a altura de planta e o diâmetro de caule na floração plena (R5.5), de acordo com a metodologia proposta por Castiglioni et al. (1994), a produção e o peso de 1.000 aquênios, na colheita.

A dose mais econômica foi calculada com base na derivada da equação de regressão; igualando-a à relação do custo unitário de adubo (0,262) e produção de girassol (0,233), conforme descrito por Raij (1991).

A análise química do solo (TABELA 1) foi efetuada no Laboratório de Análises Químicas de Solo e Tecido Vegetal, do CNPSo-EMBRAPA, segundo métodos descritos por Raij et al. (1987), sendo o fósforo e o potássio extraído por Mehlich 1; o Ca, Mg e o Al por KCl 1 mol L-1. O H++Al3+ foi determinado potenciometricamente pela solução-tampão SMP e o carbono orgânico por oxidação com a mistura de dicromato de potássio e ácido sulfúrico.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F; para os fatores métodos e anos agrícolas efetuou-se o teste de Tukey a 5% e para as doses realizou-se a análise de regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na TABELA 2 são apresentados os valores médios de produção de grãos, altura de planta, diâmetro de caule e peso de 1.000 aquênios em função dos métodos de aplicação, nos anos agrícolas de 1991/92, 1992/93 e 1993/94. Para o efeito de doses, a análise de regressão foi significativa apenas para a variável produção, na análise conjunta dos anos (Figura 1).


Na avaliação conjunta dos anos estudados, a maior produção de grãos foi conseguida no ano de 1993/94 com 2.239 kg ha-1 (P < 0,05), enquanto nos anos de 1991/92 e 1992/93 as produções de grãos foram de 2.021 kg ha-1 e 1.938 kg ha-1, respectivamente. As diferenças de produção entre os anos podem ter ocorrido como conseqüência de variações de fertilidade natural do solo e à melhor distribuição de chuvas durante o ciclo da cultura ocorrida em 1993/94 (TABELA 1 e Figura 2). Na safra 1992/93, fases importantes para o desenvolvimento e a produção da cultura, como o florescimento e enchimento de aquênios e grande demanda de água, coincidiram com a baixa precipitação pluviométrica ocorrida no mês de dezembro (Figura 2).


Os métodos de aplicação de nitrogênio não influenciaram significativamente a produção do girassol, alcançando valores médios nos três anos de avaliação de 2.100 kg ha-1, 2.062 kg ha-1 e 2.036 kg ha-1 para os métodos incorporado/arado, incorporado/grade e incorporado/grade/parcelado, respectivamente (TABELA 2). Estes resultados sugerem que em solos de textura muito argilosa, CTC elevada e com alta capacidade de armazenamento de água, a incorporação do N antes da semeadura pode ser uma opção de manejo da cultura, reduzindo o custo operacional da adubação, eliminando-se a aplicação do N em cobertura, além de evitar riscos como quebra de plantas e compactação do solo pela entrada de máquinas como discutido por Castro et al. (1996).

Outro aspecto também importante a ser observado, é que o preparo do solo profundo possibilita o desenvolvimento do sistema radicular, maior absorção de água, o aproveitamento do N mineral já existente no solo, abaixo da "camada arável", bem como aquele proveniente da adubação. Por outro lado, é evidente que o aproveitamento desse N pelas plantas depende das características químicas e físicas do solo para que as raízes possam penetrar no perfil, explorando grande volume de solo, o que no experimento parece ter sido atendido, quando o preparo do solo foi efetuado com arado de aiveca a 30 cm de profundidade, bem como pelas características químicas descritas na TABELA 1.

Schuch & Mundstock (1994), avaliando o efeito de doses e métodos de aplicação de N, concluíram que a produção foi pouco afetada, quando o N foi parcelado, ou quando foi aplicado em dose única, corroborando com os resultados obtidos neste trabalho. Sharma & Gaur (1988), também trabalhando com métodos de aplicação e as doses de N variando entre 0 a 90 kg ha-1, em girassol, encontraram respostas significativas até a dose máxima estudada de N; quanto aos métodos de aplicação do fertilizante, os autores constataram que os aumentos na produção de grãos, devido à incorporação em sulco a 5,0 cm de profundidade abaixo das sementes, foi 9% e 11% maior em relação ao método de aplicação a lanço antes da aração ou antes da semeadura, respectivamente.

Como observação geral, verifica-se que é difícil a comparação com outros experimentos, visto que a incorporação naqueles experimentos são normalmente efetuadas a pouca profundidade, além de serem normalmente aplicados após a emergência das plantas.

Para a altura de planta, medida no estádio R5.5, a análise de variância acusou diferença significativa entre os métodos de aplicação, sendo que a incorporação do N com arado de aiveca proporcionou a maior altura de planta (1,84 m). Embora tenha existido diferença significativa entre os tratamentos, a mesma foi relativamente pequena, não interferindo na eficiência da colheita mecânica, nas perdas pré-colheita relacionadas com o acamamento, na quebra de plantas ou no manejo da cultura. Entretanto, os resultados obtidos não foram concordantes com aqueles constatados para o peso de 1.000 aquênios, uma vez que para esta variável a incorporação com grade e parcelamento de N (38,2 g), foi superior ao tratamento incorporado com arado de aiveca (36,9 g).

Casagrande (1978) e Ruy (1986), estudando o efeito de doses de boro em girassol, observaram que a altura média da planta é um bom parâmetro de avaliação do estado nutricional das plantas. Entretanto, tomado ao redor dos 45 dias após a emergência das plantas, podem não refletir o estado nutricional da planta na fase reprodutiva, quando a demanda de nutrientes é maior e determinante na produção final da cultura. Sendo assim, apesar da altura média das plantas realmente indicar, de modo geral, o estado nutricional, observa-se que este é um parâmetros que somente auxilia na interpretação dos resultados finais de produção de aquênios. Dessa forma, não se observou a existência de uma correlação positiva entre a altura da planta e a produção de aquênios.

Os valores médios do peso de 1.000 aquênios, nos três anos estudados, mostram uma grande variação, com a maior média conseguida no ano 1993/94 com 49,94g, enquanto em 1991/92 e 1992/93 foi de 35,3 g e 27,4 g, respectivamente.

Considerando-se os anos agrícolas estudados, a maior produção e peso de 1.000 aquênios foram constatados no ano agrícola de 1993/94, provavelmente devido às características químicas do solo e às condições climáticas mais favoráveis neste período. Observou-se que o maior peso dos aquênios influiu positivamente na produção do girassol, o que pode ser constatado pela maior produção da cultura obtida neste ano agrícola.

O maior desenvolvimento do caule foi obtido no tratamento com a incorporação do N com arado de aiveca, possivelmente em função deste método ter proporcionado melhor distribuição e exploração do N aplicado no solo, pelo sistema radicular (TABELA 2).

Entre os anos estudados, em 1991/92 obteve-se o maior diâmetro de caule com 26,8 mm. Esta variável é muito importante, já que está relacionada com a resistência da planta ao acamamento e à quebra das plantas. Entretanto, a diferença de 4,1 mm entre os anos de 1991/92 e 1992/93, apesar de significativa nas condições do experimento, não provocou nenhuma alteração neste contexto.

Quanto ao efeito de doses de N, ajustou-se uma equação de regressão quadrática para a produção do girassol (Figura 1). Observa-se que a produção aumentou com o aumento das doses. Entretanto, avaliando-se a produção apenas com base nos custos da uréia (U$/t 262) e no valor pago pelo girassol (U$/t 233), a dose mais econômica foi de 17,5 kg ha-1 de N, correspondendo a uma produção máxima de 2.013 kg ha-1 de grãos.

Zubriski & Zimmerman (1974), trabalhando com doses de nitrogênio de 0, 56 e 112 kg ha-1 em seis localidades (sete experimentos) com girassol tipo óleo e em cinco localidades (cinco experimentos) com girassol para confeitaria, também observaram incrementos de produção até a dose máxima de nitrogênio, em ambos os tipos de girassol e localidades. Massey (1971), trabalhando com doses de N de 0, 56, 112 e 168 kg ha-1, somente encontrou aumento na produção até a dose de 56 kg ha-1, para as variáveis produção e peso de 1.000 aquênios, altura de planta e diâmetro de caule.

CONCLUSÕES

• Em condições de boa fertilidade natural de solo, dose de uréia superior a 17,5 kg ha-1 não é economicamente viável.

• Apesar da produção não ter sido influenciada significativamente pelos métodos estudados, a maior produção de aquênios foi sempre conseguida com o método de incorporação do N com arado de aiveca. Isso significa que, em condições de solo de textura muito argilosa, o N pode ser aplicado em sua totalidade, incorporado no plantio, eliminando a aplicação em cobertura. Com essa prática, economiza-se o custo de aplicação do N em cobertura e reduz-se o efeito de compactação e quebra de plantas, devido ao trabalho do trator.

• O método de aplicação de N incorporado com arado de aiveca apresentou, de modo geral, as maiores respostas para as variáveis estudadas.

AGRADECIMENTO

Os autores agradecem ao empenho e dedicação do Técnico Agrícola Roberval Fagundes do CNPSo-EMBRAPA, pela condução do experimento e coleta de dados.

Recebido para publicação em 22.10.98

Aceito para publicação em 08.04.99

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Jan 2000
  • Data do Fascículo
    Out 1999

Histórico

  • Aceito
    08 Abr 1999
  • Recebido
    22 Out 1998
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