Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar a relação entre as noções de guerra e Estado em Clastres, através de alguns de seus debates, especialmente das ligações e rupturas com Marx e Lévi-Strauss. Considero que esses dois autores estão, ainda que de forma às vezes oblíqua, implicados de forma crítica em um ponto central do argumento de Clastres: o de que a condição autárquica da sociedade primitiva tem como requisito a agência de uma força que impede uma disjunção interna (como “classe”) e limita uma conjunção externa (como “grupo de troca”). Essas duas dimensões, interna e externa, têm tanto Marx quanto Lévi-Strauss (e ainda Hobbes e Mauss) implicados, uma vez que Estado, guerra e classes foram atados ao conceito de Modo de Produção Doméstico (MPD), de Marshall Sahlins. Este, por sua vez, estabeleceu tal conceito em diálogo com aqueles autores. Considerando esses pontos, tentarei retomar o problema da guerra e da emergência do Estado em Clastres à luz da divisão político/doméstico, estabelecendo esta como ponto de partida para uma possível crítica.
Palavras-chave:
Guerra; Estado; Doméstico; Político; Clastres