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Como se tornar um intelectual da saúde: a illusio necessária e seus tormentos

Resumo

Este ensaio emprega o arcabouço teórico de Pierre Bourdieu, autor fundamental para a descrição da prática científica, como estratagema heurístico para se obter uma compreensão hermenêutica do significado da graduação em saúde coletiva no contexto do campo da saúde, e tentar explicar se a formação do neo-higienista consegue possibilitar que os alunos de graduação em saúde coletiva incorporem a illusio necessária - mas não suficiente - para se transformar a saúde no Brasil. Trata-se de um ensaio que discute como a forma como o pensamento social, por meio de disciplinas das ciências humanas e sociais, introduziu-se historicamente no campo da saúde. Nesse processo, comenta-se como essas disciplinas formam o fundo de pensamento comum da chamada saúde coletiva e assim passam a incorporar o habitus dos profissionais da área. Por fim, discutimos como a aceitação do pacto inicial dos profissionais com as regras do campo e das formas simbólicas de sua legitimação poderia ocorrer e como os novos graduandos em saúde coletiva passariam a aceitar as regras tácitas e implícitas de atuação nesse campo. Constata-se o fato de que a dominação simbólica da clínica continua aparentemente inabalada e a formação de alunos em uma área que deveria contestar essa unicidade de pensamento parece manter intacta essa hegemonia, a despeito dos objetivos confessos da criação dessa graduação.

Palavras-chave:
Ciências Sociais; Saúde Coletiva; Educação; Habitus; Illusio

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