Integrando as atividades do Núcleo UFSCar do METUIA que, há mais de dez anos, vem desenvolvendo intervenções sociais calcadas na terapia ocupacional social, na educação e na defesa da cidadania, voltadas para o universo juvenil, este estudo realizou Oficinas de Atividades com jovens que frequentavam uma Escola Pública e/ou um Centro da Juventude, ambos equipamentos sociais de um bairro periférico, com o intuito de elaborar, confeccionar e distribuir fanzines. Tinha-se por objetivos a potencialização de formas alternativas de comunicação, da livre expressão, da criação dentre os jovens, assim como a análise do processo da construção do fanzine como recurso para a terapia ocupacional social, em práticas que articulavam espaços formais e não formais de educação. A discussão do processo de intervenção, tanto em termos da educação quanto da ação terapêutico-ocupacional, ocorreu a partir de autores tais como Paulo Freire e aqueles do campo da Terapia Ocupacional Social. Dentre seus resultados, verificou-se que os processos em torno do fanzine constituíram-se um recurso para a promoção de reflexões relacionadas a vivências daqueles jovens, para a ampliação de seus repertórios e possíveis projetos individuais e coletivos, permitindo a expressão de opiniões que questionam instituições, como "família", "escola", "polícia", e o "tráfico de drogas". As possibilidades da circulação do fanzine e de seus conteúdos adensam esse recurso, tornando-o, do ponto de vista dos seus realizadores, paradoxalmente interessante e "perigoso" pela exposição que provoca, requerendo o diálogo e a articulação entre juventude, comunidade e equipamentos sociais, fomentando tecnologias sociais.
Juventude; Terapia Ocupacional Social; Fanzine