Resumo
Este artigo se inicia com um questionamento sobre as consequências sociais da impossibilidade de delimitar o conceito de transtorno mental, o qual parece ser um termo “vago”, sem definições satisfatórias, sobretudo quando associado a comportamentos infantis. Argumenta-se que, para pensar os comportamentos infantis problemáticos, perturbadores ou não conformes, é necessário entender quais são os conceitos relacionados às categorias classificatórias dos comportamentos infantis e apresentados como demandas de cuidado, tanto no discurso do senso comum quanto no discurso biomédico. Os dados foram coletados a partir de pesquisas qualitativas desenvolvidas em três diferentes serviços de saúde mental infantil, um em Santos (2012) e dois em Campinas (2009-2010 e 2017-2018). Baseado no que parece ser uma relação entre disfunção biológico-psicológica e expectativa ou resposta sociocultural, toma-se como ponto de partida a agitação como uma categoria multidimensional e vaga, apresentando-se uma descrição e reflexão teórica sobre os vários conceitos relativos à agitação. A análise é centrada nos diferentes usos dos conceitos de agitação, os atores sociais e instituições envolvidos nas demandas de cuidado e as formas como eles estão interdependentemente conectados. Por fim, revela, a partir de uma perspectiva sociocultural, as implicações de classificar e definir o comportamento infantil com base em uma categoria vaga.
Palavras-chave:
Agitação; Criança; Infância; Comportamento Infantil; Perspectiva Sociocultural