A propagação da aids tem sofrido mudanças em seu perfil, e o aumento de casos em mulheres tem sido cada vez mais frequente, contribuindo de modo decisivo para o fenômeno chamado feminização da aids. Levando em consideração essa realidade, este trabalho tem por objetivo analisar a exposição de adolescentes às DST/aids no semiárido nordestino. A metodologia de trabalho utilizada foi baseada na abordagem qualitativa em saúde, utilizando como modelo teórico-metodológico as Práticas Discursivas e Produção de Sentido (Spink, 2004; Spink e Medrado, 1999). Ao todo três estratégias metodológicas foram utilizadas para a coleta de dados: 1024 horas de observação participante, 72 entrevistas semiestruturadas e 36 grupos focais, englobando dois grupos de atores: 72 profissionais de 8 equipes de saúde e 360 adolescentes, de ambos os sexos. A partir da análise dos resultados, constatou-se que a realidade nordestina é permeada por características que tornam a mulher vulnerável às DST/aids, tais como: a) a baixa escolaridade; b) as relações desiguais de gênero; c) a ausência de uma política de prevenção direcionada ao público adolescente; d) a inexistência de vínculo entre profissionais da saúde e população; e e) a frequente compreensão dos serviços de saúde como espaço exclusivamente da mulher. Diante desse contexto, aponta-se a necessidade da efetivação de políticas de atenção à saúde integral de adolescentes, que trabalhem os direitos sexuais e reprodutivos na perspectiva de gênero, para a efetiva prevenção das DST/aids, exercendo impacto direto na promoção da qualidade de suas vidas.
Gênero; Adolescentes; Saúde da Família; Doenças Sexualmente Transmissíveis