Resumo
As queixas de adoecimento fazem parte de uma importante parcela das demandas religiosas em diversas crenças, com destaque para a umbanda no cenário brasileiro. O objetivo deste estudo etnopsicológico foi conhecer o modo como adeptos da umbanda com queixas de adoecimento compreendem os processos de saúde-doença. Participaram 20 adeptos atendidos em dois terreiros localizados em uma cidade de médio porte do estado de Minas Gerais, Brasil. O corpus foi composto por entrevistas semiestruturadas transcritas e organizadas pela análise temática. Destacam-se as ambivalências no processo de compreensão do adoecimento e das trajetórias terapêuticas que permeiam os relatos desses adeptos. Em que pesem as explicações de ordem médica, ligadas ao corpo físico e aos medicamentos, também emergem narrativas espirituais relativas ao mundo interno e à saúde mental. E não obstante as referências ao trabalho das entidades incorporadas, também são resgatadas críticas ao modo como profissionais de saúde se distanciam da religiosidade/espiritualidade - tanto a sua como a do paciente. Apesar dessas ambivalências, os adeptos expressam uma noção integrada de saúde quando buscam atendimento no terreiro, mesclando elementos científicos com expressões religiosas. Esse movimento reafirma a umbanda como um espaço de acolhimento da diversidade, em que diferentes racionalidades podem conviver.
Palavras-chave:
Religião e Psicologia; Religião e Medicina; Espiritualidade