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EDITORIAL

Celebramos o lançamento de mais um número da Saúde e Sociedade que reforça suas tradicionais marcas da diversidade temática, valorização da pluralidade metodológica e das múltiplas abordagens nos campos da saúde pública e coletiva. Consiste em missão do Conselho Editorial da revista preservar e fortalecer sua vocação em tempos de crescimento da participação dos periódicos científicos brasileiros na produção mundial. Este trabalho tem assegurado à Saúde e Sociedade sua relevância como referencial teórico e metodológico de estudos, pesquisas acadêmicas e na avaliação de serviços de saúde.

O presente número é inaugurado com artigo da antropóloga Mirian Goldenberg que analisa o papel do corpo como uma importante forma de capital (físico, simbólico e social) na cultura brasileira a partir das ideias de Gilberto Freyre, Marcel Mauss e Pierre Bourdieu. Sua abordagem concebe "o corpo" como um capital que sintetiza três conceitos: 1) o corpo como uma insígnia (ou emblema) do esforço de cada um para controlar, aprisionar e domesticar o corpo a fim de conseguir a "boa forma", 2) o corpo como um ícone da moda (ou grife), que simboliza a superioridade daqueles que o possuem, e 3) o corpo como um prêmio (medalha), merecidamente conquistado por aqueles que foram capazes de alcançar uma forma física mais "civilizada", através de muito trabalho e sacrifício.

No transcorrer deste número há um bloco de quatro artigos que tratam da transversalidade entre gênero e saúde pública, com abordagens inovadoras que versam sobre os estereótipos ambivalentes sobre homens e mulheres no imaginário de adolescentes masculinos entre 12 e 16 anos; as conseqüências de vasectomias realizadas nos serviços públicos na cidade de Campinas - SP; representações femininas e decisão sobre parturição e; análise das políticas de enfrentamento do HIV/Aids em perspectiva de interseccionalidade entre raça e gênero. As abordagens originais destes artigos asseguram novos enfoques para temáticas clássicas no âmbito da saúde coletiva e tornam sua leitura ainda mais proveitosa.

Dentre os demais textos que compõem este número, destaca-se o denominado A importância da participação cidadã nas políticas de saúde: o caso da reestruturação dos serviços de saúde materno-infantil em Portugal que, ao tratar das dificuldades que residem na ampla definição das modalidades de participação pública no processo das políticas sociais, analisa as ações de protesto como uma modalidade legítima de participação nos processos públicos de decisão. Toma como objeto o processo de encerramento de maternidades em Portugal, medida implementada na reestruturação dos serviços de saúde materno-infantil daquele país e as consequentes ações de protesto encetadas pelas populações das localidades afetadas pela medida.

O presente número continua com artigo que aborda metodologia para a alocação eqüitativa de recursos federais para o Sistema Único de Saúde ao propor fórmulas para procedimentos de Atenção Básica e de Média e Alta Complexidade. Os autores propõem a substituição da regra usual, na qual prevalece a alocação de recursos pautada na produção, e não nas necessidades da população, por uma formulação que considere a técnica de análise de componentes principais. Propõem ajustes metodológicos e alterações na definição da escala de referência, especialmente para procedimentos de média e alta complexidade, no ensejo de buscar uma alocação mais racional dos recursos públicos.

A Saúde e Sociedade convida seus leitores para desfrute de mais um número, na certeza do cumprimento de sua missão editorial de indicar caminhos e oferecer novas reflexões e abordagens no tratamento de novos e velhos temas no campo da saúde pública.

Irineu Francisco Barreto Junior

Pelo Conselho Editorial

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Abr 2012
  • Data do Fascículo
    Set 2011
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