EDITORIAL
Pegando o mino-tauro à unha
A Cidade Saudável é, com certeza, uma utopia, mas todos sabemos que isto não quer dizer fantasia, fantasmagoria, castelo de cartas.
A utopia não é isso, é uma esfinge ou seja, não é a construção de um delírio mas a solução de um enigma.
Neste caso, de que enigma se trata?
Nós da Saúde e Sociedade pensamos que ele pode ser assim formulado: como erigir cidades saudáveis num mundo doente? Mais precisamente: se o mundo, hoje, é um conjunto de cidades que o compõe e se este mundo está doente, também o estão as suas cidades.
É claro que as coisas podem ser assim vistas; mas o movimento das Cidades Saudáveis busca romper este círculo, vicioso e paralizante na medida em que postula -sobretudo pela via daquilo que no jargão sanitarista é chamado de regionalização - a cidade como um locus de ação política, recuperando o velho sentido grego da polis e da ação política como a busca do bem, da harmonia, da ética, da estética, da saúde enfim, na cidade e não, como hoje, no corpo individual do consumidor.
Os artigos aqui presentes - de uma forma ou de outra - assumem este desafio enigmático, que é também uma aposta, talvez uma das últimas, de que é possível pegar o "tauro", isto é, o minotauro (da doença) à unha.
A Comissão Editorial
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
05 Jun 2008 -
Data do Fascículo
Dez 1997