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As LER/DORT no contexto do encontro simbólico entre pacientes e médicos peritos do INSS/SP

Este artigo discute aspectos da relação médico-paciente no contexto do encontro simbólico entre portadores de LER/DORT e médicos peritos do Instituto Nacional de Seguro Social de São Paulo (INSS/SP). A pesquisa empírica que serviu de base à discussão foi de abordagem qualitativa e utilizou como instrumento para obtenção dos dados a entrevista em profundidade, com roteiros distintos para médicos peritos e pacientes. Foram realizadas 9 entrevistas, 6 com pacientes e 3 com médicos peritos. Análise de conteúdo foi aplicada ao material empírico segundo a referência conceitual das representações sociais. As narrativas dos portadores as LER/DORT, as narrativas dos médicos sobre o trabalho pericial e as narrativas de ambos acerca das consultas periciais possibilitaram explorar o encontro simbólico, não necessariamente factual, da consulta pericial. A relação médico-paciente que se estabelece nesse encontro simbólico é extremamente peculiar, pois está direcionada à avaliação do processo saúde-doença do paciente, com base em premissas do direito previdenciário, fator que descaracteriza a relação médico-paciente assentada no imaginário social como espaço de cuidado e confiança. Como consequência, portadores de LER/DORT e peritos, no momento do encontro, estão em diferentes escalas de poder: aqueles são avaliados e estes avaliam a validade da queixa segundo os padrões do INSS/SP. Por isso, apresentam narrativas sobre as consultas permeadas pela tensão relativa às expectativas e necessidades quanto aos resultados.

Pesquisa Qualitativa; Relações Médico-Paciente; LER/DORT; Transtornos Traumáticos Cumulativos


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