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Editorial

EDITORIAL

O número 16/1 da Saúde e Sociedade traz um mosaico interessante de temas que compõem a saúde pública, denotando sua riqueza como área de atuação e de estudos. Os enfoques apresentados neste número são múltiplos.

Alguns dos artigos tratam da atuação do sistema de saúde, de suas tentativas de universalização e de atingir a integralidade, mas também de suas limitações e dificuldades. O manuscrito de Tanaka e Oliveira traça alguns paralelos entre as reformas feitas no sistema britânico de saúde, em 1997, e o Sistema Único de Saúde do Brasil, identificando algumas lições para o brasileiro. No artigo de Spink, a seguir, propõe-se que o princípio da integralidade é fractal, refletindo visões de mundo coerentes em seus micro contextos, mas nem sempre passíveis de considerar as igualmente diversas visões de mundo dos interstícios interpessoais dessas redes de acolhimento e atendimento às demandas em saúde. Um exemplo dessas limitações da implantação da integralidade é dado no texto de Varga, referindo-se a políticas de controle da malária no estado do Maranhão, o estado com a maior porcentagem de população rural do Brasil. Medeiros e Padial também apontam, em seu artigo, alguns aspectos de exclusão social e discriminação de gênero, vivenciados pelas pacientes vítimas de Doença Arterial Coronária, verificados em pesquisa realizada com mulheres após a menopausa em tratamento em ambulatório de Instituto de Cardiologia de São Paulo.

Aspectos de educação e informação em saúde são abordados em 2 artigos, um sobre estratégia Saúde da Família como objeto de educação em saúde e outro sobre Sistema de Informações dos Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família. Já as relações entre a percepção e a educação e a percepção e a prática foram abordadas em dois outros manuscritos: um trata do papel do professor perante alunos de odontologia; outro aborda o tema da segurança alimentar e nutricional entre integrantes de um Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional. Aspectos Alimentares e Nutricionais dentre usuários de um restaurante popular de Fortaleza também foram relatados em artigo de Araújo, Almeida e Bastos.

Outro tema bastante atual e crescentemente presente na agenda da saúde pública brasileira é o do atendimento e cuidado aos idosos. Dois artigos enfocam esse tema com enfoques diversos. Um deles destaca as características de idosos no Noroeste do Paraná visando contribuir para a gestão do cuidado em enfermagem. O outro trata de idosos com declínio cognitivo, no município de São Paulo, estudados como parte do projeto SABE (Saúde, Bem-estar e Envelhecimento na América Latina e Caribe), relatando arranjos domiciliares que contribuem para suprir as demandas assistenciais desses idosos com dependência.

Finalmente, o tema do saneamento ambiental é abordado em dois artigos deste número. No de Giatti , é discutido o fato de que embora a Amazônia ostente a maior abundância de recursos hídricos do mundo é a região brasileira onde se verificam os piores índices de acesso à água tratada para abastecimento de sua população, com grande impacto à saúde pública regional. Já o de Araújo e Günther discute a tentativa de solução de um problema de saneamento ambiental típico de grandes áreas urbanas brasileiras, os resíduos de construção e demolição, através do uso de caçambas metálicas, que por sua vez apresentam alguns impactos na saúde ambiental urbana.

A complexidade dos diversos problemas de saúde pública e de todas suas formas de enfrentamento é uma tônica que pode ser ressaltada em todos os artigos.

Ao final, é apresentado como relato de experiência o modo de fazer saúde em uma Unidade Básica de Saúde de Porto Alegre, RS, apontando para a importância da discussão e dos espaços de escuta na construção de novos modos de trabalhar com saúde.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Fev 2008
  • Data do Fascículo
    Abr 2007
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