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Corpo e emoção no protesto feminista: a Marcha das Vadias do Rio de Janeiro1 1 Agradeço às professoras Maria Claudia Coelho e Ceres Víctora pelo convite para integrar este dossiê, bem como à/ao parecerista anônima/o, à Bila Sorj, Silvia Aguião e Jimena de Garay Hernandez por suas valiosas revisões e sugestões a este artigo.

Body and emotion at the feminist protest: the Rio de Janeiro Slut Walk (Marcha das Vadias)

Cuerpo y emoción en la protesta feminista: la Marcha de las Putas (Marcha das Vadias) de Río de Janeiro

Resumo

Os corpos e as emoções sempre foram importantes recursos políticos para ativistas, embora apenas recentemente tenham se tornado objetos de interesse dos estudos sobre movimentos sociais. Na Marcha das Vadias, protesto feminista contra o estupro, os corpos das participantes constituem os próprios sentidos da ação coletiva, já que são mobilizados por elas para produzir novos códigos acerca da violência sexual e da sexualidade. A nudez e o uso de roupas “sensuais” são algumas das formas pelas quais o corpo é utilizado para produzir e comunicar essas mensagens. A performatividade incorporada das participantes busca produzir eficácia simbólica evocando emoções associadas ao humor, à provocação e à autoafirmação, e preterindo a expressão pública de dor e a figura da vítima, marcantes em outros protestos contra o estupro. Os repertórios corporais e emocionais do protesto, resultantes do trabalho simbólico e material feito pelas ativistas a partir de contextos culturais e de interação específicos, reelaboram a política identitária feminista, na medida em que são usados tanto pelas vadias como por outros grupos feministas para delimitar fronteiras, sempre fluidas, de diferenciação mútua.

Palavras-chave:
corpo; emoções; identidade; feminismo; Marcha das Vadias

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