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Interseções geográficas: uma análise da cartografia filatélica brasileira

Geographical intersections: an analysis of the Brazilian Philatelic Cartography

Resumos

As interseções entre Filatelia e Cartografia no Brasil geraram mais de 350 selos ao longo da história. Este trabalho analisa a cartografia filatélica brasileira e as interseções geográficas presentes nos selos postais brasileiros, interseções estas intimamente relacionadas à Geografia Cultural. As interseções geográficas, consubstanciadas na representação simbólica dos selos postais estão intimamente associadas à cultura e suas relações com o espaço. A análise dos selos evidenciou relações topológicas e de distância, indicando a localização de feições e elementos, além de representar trajetórias e fluxos diversos. Por outro lado, mapas e projeções também carregam forte apelo simbólico, comunicando informações que transcendem as meras relações topológicas e de distância, costumeiramente comunicadas nos documentos cartográficos. A iniciativa e os resultados obtidos neste trabalho revelam uma miríade de possibilidades de estudo dos conteúdos dos selos postais brasileiros, sobretudo aqueles relacionados a temas clássicos da Geografia.

Cartografia Filatélica; Geografia Cultural; Selos Postais


The intersections between Philately and Cartography in Brazil have generated over 350 stamps throughout history. This study analyzes the Brazilian philatelic cartography and the geographic intersections taking place within Brazilian postal stamps, intersections deeply related to Cultural Geography. Geographic intersections materialized in the symbolic representation of postal stamps are intimately related to culture and its relationship with space. The analysis of postal stamps carrying maps and other cartographic elements identified the presence of topological, distance, and location relationships, as well as trajectories and flows. On the other hand, maps and projections also carry strong symbolic appeal, bringing information that transcends topological and distance relationships, usually addressed in cartographic documents. The initiative and results of this study reveal a plethora of analytical possibilities focusing on Brazilian postal stamps, especially those related to classic geographic themes.

Philatelic Cartography; Cultural Geography; Postal Stamps


Interseções geográficas: uma análise da cartografia filatélica brasileira

Geographical intersections: an analysis of the Brazilian Philatelic Cartography

IJosé Flávio Morais Castro; IIAlexandre M. A. Diniz; IIIGislaine Fernanda de Barros

IProfessor adjunto III do Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial da PUCMINAS, E-mail: joseflavio@pucminas.br

IIProfessor adjunto III do Programa de Pós-Graduação em Geografia - Tratamento da Informação Espacial da PUCMINAS, E-mail: dinizalexandre@terra.com.br

IIIAluna do Curso de Geografia com ênfase em geoprocessamento da PUCMINAS, E-mail: nana_gislaine@yahoo.com.br

RESUMO

As interseções entre Filatelia e Cartografia no Brasil geraram mais de 350 selos ao longo da história. Este trabalho analisa a cartografia filatélica brasileira e as interseções geográficas presentes nos selos postais brasileiros, interseções estas intimamente relacionadas à Geografia Cultural. As interseções geográficas, consubstanciadas na representação simbólica dos selos postais estão intimamente associadas à cultura e suas relações com o espaço. A análise dos selos evidenciou relações topológicas e de distância, indicando a localização de feições e elementos, além de representar trajetórias e fluxos diversos. Por outro lado, mapas e projeções também carregam forte apelo simbólico, comunicando informações que transcendem as meras relações topológicas e de distância, costumeiramente comunicadas nos documentos cartográficos. A iniciativa e os resultados obtidos neste trabalho revelam uma miríade de possibilidades de estudo dos conteúdos dos selos postais brasileiros, sobretudo aqueles relacionados a temas clássicos da Geografia.

Palavras-chave: Cartografia Filatélica, Geografia Cultural, Selos Postais.

ABSTRACT

The intersections between Philately and Cartography in Brazil have generated over 350 stamps throughout history. This study analyzes the Brazilian philatelic cartography and the geographic intersections taking place within Brazilian postal stamps, intersections deeply related to Cultural Geography. Geographic intersections materialized in the symbolic representation of postal stamps are intimately related to culture and its relationship with space. The analysis of postal stamps carrying maps and other cartographic elements identified the presence of topological, distance, and location relationships, as well as trajectories and flows. On the other hand, maps and projections also carry strong symbolic appeal, bringing information that transcends topological and distance relationships, usually addressed in cartographic documents. The initiative and results of this study reveal a plethora of analytical possibilities focusing on Brazilian postal stamps, especially those related to classic geographic themes.

Keywords: Philatelic Cartography, Cultural Geography, Postal Stamps

1. INTRODUÇÃO

A Filatelia é o "estudo dos selos do correio usados nas diferentes nações, metodicamente colecionados" (BUENO, 1976). Os selos postais de uma nação, principalmente os comemorativos, podem trazer na estampa distintos aspectos sociais, ambientais, culturais, históricos e geopolíticos, constituindo-se importante veículo de comunicação dos valores de uma dada sociedade.

O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a emitir selos postais, trajetória que remonta ao Período Imperial, mais especificamente ao ano de 1843. Ao longo de mais de um século de produção filatélica, o Brasil já produziu mais de 4.000 estampas, dotadas de qualidade e criatividade superiores, fato que fez com que os selos brasileiros tenham sido laureados em diversos certames internacionais.

A filatelia brasileira também notabiliza-se pelo uso de diversos recursos técnicos de representação dos valores de nossa sociedade. Dentre esses recursos, merece destaque a Cartografia, ciência que historicamente chamou para si a responsabilidade de localizar e representar objetos no espaço, em determinadas proporções. Entendida simultaneamente como ciência e arte, a Cartografia recorre a variadas teorias para representar dinâmicas espaciais, entre elas, a Teoria da Comunicação Cartográfica. Nesta perspectiva, o mapa é concebido como meio de comunicação, tornando-se um elemento altamente estratégico e um poderoso instrumento de pesquisa.

As interseções entre Filatelia e Cartografia no Brasil geraram mais de 350 selos ao longo da história (CORREIOS, 2002a, p.1), constituindo-se no primeiro lançamento dessa relação o selo em comemoração ao 3º Congresso Panamericano, realizado no Rio de Janeiro, editado em 23/07/1907. Desde então, a Cartografia tem municiado a Filatelia com mapas antigos, projeções, planisférios, globos e mapas temáticos, subsidiando, assim, a comunicação de diversas idéias, valores e conceitos. Neste sentido, torna-se oportuno analisar os recursos da cartografia utilizados ao longo da história da Filatelia brasileira.

Este trabalho tem por objetivo analisar a cartografia filatélica brasileira e as interseções geográficas que ocorrem na representação gráfica adotada nos selos postais brasileiros, interseções estas intimamente relacionadas à Geografia Cultural. Em função do relacionamento existente entre Filatelia, Cartografia e Geografia Cultural, este trabalho pretende também abordar os princípios que os norteiam e suas possíveis interseções.

2. GEOGRAFIA, CULTURA E COMUNICAÇÃO

As interseções geográficas, do ponto de vista da representação simbólica nos selos postais, podem estar intimamente associadas à cultura e suas relações com o espaço, sendo, portanto, passíveis de serem investigadas no âmbito da Geografia Cultural. Vale lembrar que os seres humanos vivenciam e transformam o mundo natural em humano. Nesse processo de transformação ganha destaque a cultura, entendida por Claval (2001a:63) como: "a soma dos comportamentos, dos saberes, das técnicas, dos conhecimentos e dos valores acumulados pelos indivíduos durante suas vidas e, sem uma outra escala, pelo conjunto dos grupos de que fazem parte. A cultura é herança transmitida (grifo nosso) de uma geração para a outra". Portanto, a produção e reprodução da vida material, resultante da intercessão entre cultura e natureza, é subordinada aos sistemas de comunicação, uma vez que sem eles a construção e transmissão de comportamentos, saberes, técnicas, conhecimentos e valores não seria possível.

Tais interseções encontram-se no cerne da Geografia Cultural, uma significativa subdisciplina da Geografia, iniciada em solo europeu, de onde se espalhou para diversas partes do mundo. Suas origens formais remontam ao final do Séc. XIX, quando o objeto de estudo da geografia se confundia com a paisagem geográfica, sendo esta entendida como resultante das influências mútuas exercidas pelas paisagens naturais e grupos culturais. A Geografia Cultural também encontrou solo fértil no departamento de geografia de Berkley, Califórnia, onde Carl Otowin Sauer e seus discípulos, baseados em abordagens historicistas desenvolveram uma série de estudos sobre sociedades tradicionais, nos quais o processo de construção histórica e suas determinações eram enfatizados (CORRÊA E ROSENDAHL, 2003).

Não se pode ignorar que os fatos da cultura estiveram sempre presentes na análise geográfica, entrementes, os fatores culturais eram tratados em sua condição material, com ênfase nas obras dos seres humanos, seus gêneros de vida e as diversas transformações por eles impingidas na paisagem. Os resultados da Geografia Cultural desenvolvida nessas bases eram ao mesmo tempo fascinantes e limitados, uma vez que buscavam inventariar o passado, com o fito de compreender o presente. Grosso modo, pode-se dizer que tais perspectivas perduraram até meados da década de 1970, quando um movimento de renovação foi iniciado. Na raiz deste movimento está uma significativa mudança suscitada pela constatação de que as realidades que refletem a organização social, os modos de vida e as atividades humanas não são puramente materiais, uma vez que representam manifestações de processos cognitivos, atividades mentais e trocas de informação e idéias (CLAVAL, 2001b:39).

No entanto, CLAVAL (2001b:50) alerta que o termo cultura deve ser utilizado com precaução, pois no plano objetivo, não existe nada que se assemelhe a esse conceito, que só existe, na verdade, no espírito das pessoas. Segundo o autor, não existe tampouco cultura unificada, uma vez que é construída por elementos retransmitidos e reinterpretados permanentemente. Isso implica que cada indivíduo desenvolve sua própria cultua, a partir dos elementos presentes no meio ambiente onde vive, trabalha ou viaja, das dificuldades que encontra e da informação que recebe de diversas fontes.

De toda forma, a nova Geografia Cultural trabalha simultaneamente as dimensões materiais e não materiais da cultura, incorporando análises sobre o presente e o passado, trabalhando as diversas escalas e enfocando tanto aspectos objetivos como intersubjetivos (CORRÊA E ROSENDAHL, 2003). Nota-se, assim, que a abordagem cultural tem amplo campo para o seu desenvolvimento, uma vez que conscientiza os geógrafos de que suas atividades fazem parte da esfera cultural e que é impossível construir uma abordagem científica livre de determinações culturais (CLAVAL, 2001b). Mas não se deve perder de vista o fato que o movimento de renovação e revalorização da geografia cultural, iniciado nas últimas décadas, tem sido construído a partir de bases híbridas. De um lado, valorizam-se as ricas tradições da geografia cultural francesa e americana. Por outro lado, incorporam-se novas bases epistemológicas, como a fenomenologia, o materialismo cultural e até mesmo a geografia social (CORRÊA E ROSENDAHL, op. cit.).

Mas diante da miríade de possibilidades descortinadas pela Geografia Cultural, WAGNER e MIKESELL (2000) apontam cinco interesses mais objetivos e imediatos da sub-disciplina, quais sejam: cultura, áreas culturais, paisagem cultural, história da cultura e ecologia cultural. Note-se que no escopo de cada um desses temas as possibilidades de análise empírica são gigantescas. COSGROVE (2000:101) corrobora esta assertiva, ilustrando a amplitude temática e o pluralismo da Geografia Cultural:

"muito esforço é dirigido para o entendimento da forma, da função e do significado dos ambientes construídos. Grande energia é empregada em entender os processos que resultam em modificações no ambiente natural, como o desmatamento, a erosão, e o reaproveitamento da terra. Outros tópicos estudados pelos geógrafos culturais, pelo menos de forma esporádica, como a geolinquística, as preferências alimentares, as migrações e as aspirações das minorias, não têm uma conexão tão óbvia com o ambiente natural ou artificial".

Como se viu, boa parte da recente produção brasileira de Geografia Cultural concentra-se em um dos eixos-temáticos identificados por WAGNER e MIKESELL (2000), qual seja: o estudo da cultura e suas diversas formas de manifestação. No entanto, neste momento é necessário destacar que como a cultura representa um conjunto valores, práticas, mitos, comportamentos e padrões herdados, mas também continuamente reinventados, a capacidade de transmissão ou de comunicação desses elementos é condição sine qua non à criação, manutenção e metamorfose das culturas (CLAVAL, 2002). Neste sentido, é profícua a discussão de alguns conceitos associados à comunicação humana, que por sua vez, tem sido marcada por crescente complexidade, rapidez, interatividade e multiplicidade dos meios de comunicação empregados.

A semiótica ou semiologia é uma disciplina recente nas ciências humanas, criada no início do Séc. XX. Etimologicamente, ambos os epítetos são derivações de semeion, vocábulo grego que designa "signo". No entanto, a semiótica é de origem americana, significando termo canônico que designa a semiótica como filosofia das linguagens. Por outro lado, a semiologia é um termo de origem européia compreendido como o estudo de linguagens particulares (imagens, gestos, teatro, etc.). Essa intrigante ciência dos signos tem como grandes precursores o lingüista suíço Ferdinand de Saussure, e o cientista norte-americano Charles Sanders Peirce (JOLY, 2002; SANTAELLA e NOTH, 2001).

Ferdinand Saussure (1974) partiu do princípio de que a língua não era o único sistema de signos que exprime idéias empregadas na comunicação, imaginando, assim, a semiologia como uma ciência geral dos signos. No âmbito da semiologia, a lingüística, estudo sistemático da língua, estaria em primeiro lugar, constituindo-se em seu campo de estudos. Tendo estudado a natureza do signo lingüístico, Saussure descreve-o como uma entidade psíquica de duas faces indissociáveis que uniam um significante (o conjunto de sons que podem ou não formar palavras) a um significado (o conceito). Saussure também empenhou em descrever a forma dos signos lingüísticos e as principais regras de funcionamento da linguagem.

Por outro lado, Charles Sanders Peirce (1978), com a sua semiótica, propunha uma ciência mais ampla, que apesar enfatizar a língua, buscava uma teoria geral dos signos e uma tipologia operacional. Para Peirce, os signos têm materialidade, sendo passíveis de serem percebidos e apreendidos com um ou vários de nossos sentidos. É possível vê-los, ouvi-los, senti-los, tocá-los, e, até, saboreá-los. Logo, de acordo com essa acepção, o signo pode ser compreendido como algo que está presente para designar ou significar uma idéia, objeto, entidade ou conceito que está ausente, concreta ou abstratamente. O signo constitui-se num ato de comunicação quando é destinado, de forma intencional, de um emissor a um receptor, ou ainda quando fornece informações, que a partir das vivências do receptor, são passíveis de serem decifrados (céu cinza sinal de chuva, por exemplo).

Porém, ao contrário da relação dicotomizada de Saussure (significante e significado), Peirce (1978) introduz mais um elemento, afirmando que no processo de comunicação, o signo se articula em uma triangulação, com os seguintes vértices: a face perceptível do signo (repreentamen ou significante); o que ele representa (objeto ou referente) e o que ele significa (interpretante ou significado). Em face à constatação de que os signos, apesar de compartilharem todas as características supracitadas, apresentam especificidades no processo de comunicação, Peirce propôs uma tipologia, muito útil à compreensão dos signos, uma vez que uma palavra, roupa, fotografia, postura, cartaz, etc. comportam-se de maneira idiossincrática na triangulação peirceana. Trata-se de uma classificação em que os signos são diferenciados com base no tipo de relação que estabelecem entre significante (a face perceptível) e o referente (o representado, o objeto). Nessa perspectiva, Peirce propôs três tipos principais de signos (ícone, índice e símbolo), definidos abaixo:

· O ícone representa os tipos de signo cujo significante mantém uma relação de analogia com o que representa, isto é, com seu referente. Um desenho figurativo, uma fotografia, um mapa representam objetos concretos, na medida em que se parecem com eles.

· O índice corresponde aos signos que mantêm uma relação causal de contigüidade física com aquilo que representam. É o caso dos signos "naturais". São exemplos típicos de índices, a fumaça para fogo, a nuvem para a chuva, pegadas na areia, etc.

· O símbolo representa o conjunto de signos que mantêm uma relação de convenção com o seu referente. São signos sofisticados que inserem um conjunto de valores, mitos e ideologias. Constituem-se símbolos clássicos a bandeira de um dado país, a pomba branca da paz, a suástica nazista, a cruz cristã.

3. FILATELIA

O primeiro selo postal foi emitido no século XIX, quando Rowaland Hill arquitetou a reorganização do serviço postal inglês. Isso se deu por volta de 1840, quando Hill introduziu o franquiamento da correspondência postal, transferindo para o emitente a responsabilidade de arcar com as despesas de envio. A sugestão foi bem aceita e no mesmo ano foi emitido, na Inglaterra, o primeiro selo, conhecido como Penny Black, impresso em branco e preto. Rapidamente, a nova organização dos serviços postais foi adotada pelas administrações postais do mundo inteiro, instituindo-se, desta forma, o nascimento da filatelia, cuja gênese esteve associada ao selo postal (THIÉ-BLOT, 1994; CORREIOS, 2002a; BLOCH, 1971).

Nos seus primórdios, os serviços postais emitiam selos com tarifas diferenciadas para correspondências nacionais e internacionais. Posteriormente, o serviço postal se sofisticou, passando a diferenciar as tarifas também conforme o peso das encomendas, que ao atingirem valores específicos, obrigou o serviço a criar uma série de selos, com cores e valores diferenciados, para facilitar a cobrança diferenciada pelos serviços postais. Note-se que, durante muito tempo, os selos eram vistos como meros comprovantes de pagamento das taxas de envio. No entanto, com a crescente adoção do sistema em diversos países e a intensa troca de correspondência, suas utilidades se ampliaram e os selos passaram a serem vistos como um eficaz meio de comunicação de massa (BLOCH, 1971). Nas palavras de THIÉBLOT (1994),

"A filatelia é um veículo de cultura, dos conhecimentos humanos em todos os campos, uma rede de simpatia e compreensão internacional. As histórias das nações, as belezas naturais, os monumentos, as festas, tudo um dia aparece nos selos".

Desta forma, com o crescente uso dos selos e o caráter de meio de comunicação adquirido ao longo dos anos, as estampas dos selos tornaram-se cada vez mais criativas, constituindo-se, inclusive, em objetos de arte. Juntamente com esses novos papéis, os selos tornaram-se eficazes meios de comunicação de massa, passando a divulgar e popularizar acontecimentos históricos, difundir biografias de pessoas ilustres do mundo político, social e científico, comunicar peculiaridades de um dado país, constituindo-se num importante veículo na divulgação da imagem de uma sociedade (BLOCH, 1971).

Em virtude dessa crescente variedade, a filatelia passou a representar outra função, relacionada ao hobby do colecionismo, principalmente quando se trata de selos comemorativos. Essa prática se tornou freqüente em todo mundo, reforçando o caráter dos selos de mídia de propagação cultural (CORREIOS, 2003b).

3.1. Filatelia brasileira

D. Pedro II teve papel preponderante na organização e desenvolvimento dos serviços postais brasileiros, uma vez que além de introduzir o sistema de telégrafos, em 1842, implantou também a utilização de selos, em 1843. Ressalte-se que a adoção dos selos postais no Brasil ocorreu logo após a sua criação na Inglaterra, tendo sido o Brasil a segunda nação a emiti-los (MEYER, 2003).

A primeira série de selos brasileiros foi lançada em 1843, tendo sido batizada de "Olho de Boi", em função da similitude entre as estampas dos selos e os olhos do boi. Nesses selos eram estampados os valores correspondentes de 30, 60 e 90 réis. Após o "Olho-de-boi", foram criados os selos "Inclina-dos", em 1844; os "Olhos-de-Cabra", em 1850; e dos "Olhos-de-Gato", em 1854. Foi apenas em 1866, que o selo brasileiro passou a estampar a imagem de uma personalidade, o imperador D. Pedro II (THIÉ-BLOT, 1994).

Em 1900, a filatelia brasileira contou com outro importante impulso, quando os primeiros selos comemorativos, celebrando o 4º Centenário do Descobrimento do Brasil, foram emitidos, com o objetivo de arrecadar fundos para as festividades. Esses, no entanto, foram restritos à circulação doméstica, uma vez que somente em 1906, os primei-ros selos comemorativos com circulação internacio-nal foram emitidos. Nas primeiras décadas do Séc. XX, o serviço postal se aperfeiçoou e se ampliou. O transporte de correspondências, até então realizado pelos Correios Marítimos e Terrestres, passou a con-tar, na década de 1920, com os serviços aéreos. Ao longo das décadas seguintes foram criados novos órgãos gerenciadores, em face às novas necessidades impostas pela estrutura política do país. Dentre esses, destacam-se o Departamento de Correios e Telé-grafos, criado na década de 1930 e substituído, posteriormente, pela Empresa de Correios e Telé-grafos (ECT), em 1969. Ressalte-se que a ECT per-manece subordinada, ainda hoje, ao Ministério das Comunicações.

Com a criação da ECT, as emissões come-morativas passam a ter atenção especial, tendo sido contratados artistas e desenhistas com o intuito de melhorar a qualidade e a criatividade das emissões. Dentre as inovações introduzidas pela ECT des-tacam-se o primeiro selo em braile do mundo, e o segundo selo holográfico (CORREIOS, 2002a, 2006).

Existe uma legislação específica, a Instrução Normativa nº 10, do Ministério das Comunicações (1996), que garante a qualidade das emissões postais e a apresentação de propostas de temas que poderão ser transformados em selos. Esta norma também regulamenta e classifica as diversas emissões postais em tipologias, conforme mostra a Tabela 1.

Ressalte-se que em virtude de sua qualidade e criatividade, os selos brasileiros são cobiçados em todo o mundo, figurando no grupo dos 10 melhores do mundo (CORREIOS, 2002a). Nas últimas dé-cadas, vários eventos, projetos, concursos, exposições de caráter nacional e internacional envolvendo a filatelia foram produzidos, nos quais os selos bra-sileiros têm se destacado, muito dos quais recebendo prêmios (CORREIOS, 2003a).

4. A CARTOGRAFIA FILATÉLICA

A Cartografia sempre foi de grande rele-vância para a sociedade, principalmente como ins-trumento de orientação, de comunicação e de repre-sentação de informações espaciais, características que a qualificam como elemento altamente estratégico para o planejamento e o gerenciamento do espaço. Não só nos mapas antigos, mas também nos atuais, continuam presentes os mitos, as lendas, os interesses estratégicos, ideológicos e geopolíticos, etc.

A cartografia se subdivide em: Cartografia Sistemática, ligada ao mapeamento topográfico, consiste na representação do espaço territorial de um país por meio de cartas em diversas escalas, e para fins diversos, gerais ou específicos, segundo planos, normas e padrões estabelecidos (OLIVEIRA, 1983); Cartografia Temática, ligada à Teoria da Comunicação Cartográfica, consiste na parte da cartografia que se ocupa do planejamento, execução e impressão de mapas temáticos (OLIVEIRA, 1983); e, Cartografia Digital, ligada a Teoria da Visualização Cartográfica, consiste em processo que pressupõe o uso de computadores em projetos nas áreas mecânica, civil e cartográfica e em outras atividades, incluindo funções de display gráfico interativo, cálculos geométricos e processamento limitado de atributos alfanuméricos (TEIXEIRA e CHRISTO-FOLETTI, 1997).

Os selos postais representam uma mídia que vem ganhando força nas últimas décadas no Brasil, e que, até o presente momento, tem sido pouco explorada em análises geográficas. Como se viu na seção anterior, a prática filatélica no Brasil vem sendo cada vez mais valorizada, fato corroborado pelo expressivo número de emissões de selos postais, contabilizando mais de 4.000 estampas desde 1843, quando se emitiu o primeiro selo. Desses, aproximadamente 10% trazem reproduções, documentos ou referências cartográficas que serão objeto da análise que segue (CORREIOS, 2002a).

Considerando que a abrangência e a quantidade dos temas abordados são amplas, procedeu-se a seleção e agrupamento do conjunto de selos postais que apresentam elementos cartográficos nos seguintes eixos temáticos: cartografia/mapas antigos; expedições; meio ambiente; redes de transportes e de telecomunicações; e, migrações e etnia.

4.1. Cartografia: Mapas antigos

Esse tema é composto por cinco selos e dois blocos que têm em comum o emprego de mapas antigos na comunicação de assuntos diversos. O primeiro desses selos comemora os 500 Anos da Assinatura do Tratado de Tordesilhas entre Espanha e Portugal (Figura 1A), editado em 07/06/1994. Essa emissão apresenta sobre um fundo em forma de pergaminho, a caravela, sobre a qual encontra-se a parte americana do mapa-múndi de Bartolomeu Velho, datado de 1561, onde se vê em destaque a linha do Tratado de Tordesilhas (CORREIOS, 1994b).


O segundo selo do eixo-temático comemora o Centenário da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha (Figura 1B), tendo sido expedido em 02/02/1976. Esse selo foi ilustrado por um mapa náutico, de 1776, executado por Simão Antônio da Rosa Pinheiro, que representa a América do Sul parte da África, da Europa e da América do Norte, além de direções e rumos interligados por uma rede de rosas-dos-ventos, paralelos, meridianos, com os trópicos de câncer e de capricórnio. Esse tipo de representação cartográfica foi muito utilizado em mapas portulanos, tipo de mapeamento que surgiu após o descobrimento da bússola e que possibilitou as Grandes Navegações e os Descobrimentos (CORREIOS, 1976).

O terceiro selo desse eixo-temático comemora o Sexto Centenário do Nascimento do Infante Dom Henrique (Figura 1C), editado em 04/03/1994. A estampilha é composta por um mosaico que representa a imagem do Infante Dom Henrique, sobre o "Mapa Atlântico" de Luiz Teixeira, onde se vê o litoral africano e as Ilhas Atlânticas, zonas onde mais diretamente se fez sentir a ação de Dom Henrique (CORREIOS, 1994a).

O conjunto de selos representados na Figura 1D comemora a 4ª Exposição Interamericana de Filatelia, tendo sido expedido em 26/08/1972. Esse conjunto é composto por três mapas antigos, sendo que o primeiro representa a América do Sul em 1558, de autoria de Diogo Homem; o segundo apresenta um mapa político das Américas do Sul, Central e do Norte, de autoria de Nicolau Visscher C., de 1652; e o terceiro, um mapa de Lopo Homem (1519), representando a Europa, África e Oceano Atlântico (ADONIAS, 1993).

O último selo desse eixo temático representa a Primeira Sinagoga das Américas (Figura 1E), com emissão em 21/10/2001. Nesse selo encontra-se representado o mapa do Brasil de Jan Blaeu, produzido em 1640, cuja criação coincide com a chegada dos primeiros judeus trazidos pelos holandeses em 1636. Esse detalhe encontra-se ilustrado pelas cores da bandeira holandesa junto à caravela e pela utilização de uma bandeira com a Estrela de Davi, como referência do local aproximado de localização da sinagoga. A linha vermelha pontilhada representa a chegada dos holandeses em Recife, bem como a partida para Nova York (CORREIOS, 2001b).

4.2. Expedições

Este tema é composto por oito selos que apresentam como traço comum à comemoração de importantes expedições empreendidas em diversos continentes, em momentos distintos da história. O primeiro selo deste eixo-temático representa duas notáveis conquista do navegador brasileiro Amyr Klink: a primeira travessia do Atlântico Sul a remo e a primeira circunavegação Antártica em solitário (Figura 2A). Com emissão em 27/05/2000, o selo representa ambos os feitos históricos com a imagem do globo terrestre com as rotas percorridas pelo navegador (CORREIOS, 2000c).

O segundo selo comemora os 500 Anos do Descobrimento da América, enfatizando as viagens de Cristóvão Colombo em 1493, 1498 e 1502 (Figura 2B). O selo emitido em 24/04/1992 emprega técnicas cartográficas que auxiliam na identificação das rotas das expedições. No primeiro selo a figura de Cristóvão Colombo e no segundo as duas caravelas Pinta e Nina e a nau Santa Maria. Unindo os dois selos, um quadrante e um mapa representando a Europa e parte da costa da América e a rota seguida pela frota de Colombo (CORREIOS, 1992a).

O terceiro selo, editado em 09/04/2000, celebra simultaneamente os avanços tecnológicos na área das comunicações no Brasil e os 500 Anos do Descobrimento do Brasil (Figura 2C). O selo apresenta uma parte do Planisfério Português de 1502, designado por Mapa de Cantino, que pode ser encontrado na Biblioteca Estense, Modena, Itália. Nesta parte de um dos mais notáveis monumentos da história da cartografia portuguesa, observa-se que aparece a primeira representação conhecida do Brasil. No Mapa de Cantino observamos uma linha escura a esquerda, que é a linha de demarcação definida pelo Tratado de Tordesilhas. À direita no selo, a logomarca UIT Telecom Américas 2000, representa a tecnologia presente no Brasil após 500 anos de história (CORREIOS, 2000a).

O selo que comemora o 5º centenário do descobrimento do Brasil, lançado em 22/04/1998 (Figura 2D), representa dois significativos documentos do tempo do descobrimento. O primeiro é o mapa da "Terra Brasilis", de autor desconhecido, datado de 1519, que ilustra o cenário do País naquela época, uma terra habitada por índios, de vegetação exuberante e fauna diversificada. O outro importante documento usado é o desenho alusivo às treze embarcações da Armada de Cabral em direção ao Brasil, datado de 1500, também de autor desconhecido, que descreve o modelo das naus e caravelas da expedição (CORREIOS, 1998).

Os 170 Anos da Expedição Langsdorff no Brasil (1821-1829) foram comemorados com uma emissão de 02/06/1992 (Figura 2E). A expedição fluvial e terrestre em questão foi comandada, em 1822, pelo prussiano, naturalizado russo, Barão de Langsdorff, com o objetivo de explorar o interior brasileiro realizando pesquisas geográficas e estatísticas, buscando novas iguarias para o comércio. O percurso realizado pela expedição foi de aproximadamente seis mil quilômetros. Dessa expedição resultaram relatos com informações geográficas, socioeconômicas, etnográficas, meteorológicas, mineralógicas, bem como coleta de materiais e amostras de espécies; foi um dos mais importantes acontecimentos culturais e científicos do Brasil. No selo foram adotadas técnicas cartográficas para representar o percurso realizado. Dentre elas, linhas e pontos, as linhas vermelhas representam o percurso e os pontos indicam a localização das capitais dos estados envolvidos na expedição. O selo mostra a figura de Langsdorff ao lado de um mapa do Brasil contendo o roteiro de suas expedições por Minas Gerais, São Paulo, Centro-Oeste e Amazônia. Nesta expedição, Langsdorff cruzou a Floresta Atlântica, o Cerrado, o Pantanal e a Floresta Amazônica, e coletou notável material de fauna, flora e etnografia que fazem parte do acervo do museu da Academia de Ciência da Rússia, em São Petersburgo (CORREIOS, 1992b).

Por fim, a emissão de 20/02/1983 comemora a primeira expedição brasileira à Antártica (Figura 2F), representada por uma imagem do navio de apoio oceanográfico Barão de Teffé, da Marinha Mercante Brasileira, navegando pela paisagem gelada da Antártida, representada por icebergs e pingüins no primeiro plano à esquerda, e pelo mapa do continente, em círculo, à direita (CORREIOS, 1983).


4.3. Meio ambiente

Este eixo temático aborda o tema meio ambiente. O primeiro bloco, emitido em 01/08/1999, enfoca por meio de quatro selos os Parques Nacionais e a prevenção a incêndios florestais (Figura 3A). A estampilha impressa em papel reciclado com aroma de madeira queimada, emprega imagens de identificação imediata com danos ocasionados pelos incêndios florestais. O primeiro selo reproduz um Tamanduá Labareda, animal-símbolo da Campanha Nacional de Prevenção e Combate as Queimadas e Incêndios Florestais, que aquele que mais sofre, por sua lentidão, os efeitos desses acidentes ecológicos. Sobre o segundo e o terceiro selos, as imagens de uma flor e uma folha fazem alusão à necessidade de constante proteção à flora nacional. No quarto selo, o detalhe de um tronco de árvore calcinado é o próprio retrato das conseqüências dramáticas das queimadas e incêndios. No centro da quadra, em círculo negro em chamas aparece o mapa do Brasil e, em cada parte inferior dos selos, alternadamente, aparecem os símbolos da Prevenção de Incêndios e do IBAMA (CORREIOS, 1999b).

O segundo lançamento sobre este tema enfoca a Preservação da Caatinga Nordestina (Figura 3B). Com emissão em 14/07/2002, o selo destaca a localização da caatinga nordestina, representada pela área vermelha demarcada no mapa. A mão sugere responsabilidade e preocupação com a preservação desse ecossistema e sustenta o vigor do cacto. O clima quente e a aridez do ambiente servem de hábitat para o jacu (Penélope Jacucaca) que se encontra em risco de extinção devido à caça e ao desmatamento (CORREIOS, 2002b).

O tema desenvolvimento sustentável e Geologia foram comunicados na emissão de 19/05/2000 (Figura 3C). Todos os elementos reproduzidos no bloco de selos encontram-se sobrepostos a paisagens naturais e industriais focalizando os recursos hídricos e a extração mineral. Simbolizando as Geociências, o mapa geológico do Brasil, cuja informação básica é essencial para um planejamento integrado com vistas ao desenvolvimento sustentável da nação. O ouro e o nióbio representam os mais significativos metais brasileiros. Entre as pedras preciosas, figuram o diamante, a opala, a brasilianita, o topázio imperial, a esmeralda, a águamarinha e a turmalina bicolor escolhidas por representarem a beleza, a exclusividade e a importância dos minerais brasileiros (CORREIOS, 2000b).


4.4. Redes de transportes e telecomunicações

O quarto eixo-temático trata de diversas questões associadas às redes de transporte e telecomunicações. O primeiro selo comemora a realização do XVIII Congresso Panamericano de Estradas de Ferro, no Rio de Janeiro (Figura 4A). Emitido em 09/09/1990, o selo encerra três elementos básicos: uma linha de trem em perspectiva, uma composição férrea utilizada pela Rede Rodoviária Federal e o mapa da América do Sul, área de atuação da Associação do Congresso Panamericano de Estradas de Ferro (CORREIOS, 1990).


A campanha de integração nacional, comandada pelo regime militar brasileiro instaurado em 1964, é tema da emissão de 26/05/1972 (Figura 4B). Note-se que sobre o mapa da porção setentrional do Brasil, foram projetadas várias linhas em vermelho, representando as rodovias que compunham o agressivo projeto de integração nacional, lastreado, precipuamente, pela integração territorial e pelas vias de acesso.

Uma emissão de 09/08/2004 comemora o lançamento do Satélite Cbers-2 (Figura 4C). O selo apresenta, em primeiro plano, o globo terrestre enfocando os mapas da América do Sul e do Brasil e, no espaço, o satélite CBERS-2 rastreando aspectos agrícolas e ambientais, primeira imagem coletada pela câmera CCD do satélite. À direita, o aperto de mãos, revestidas pelas bandeiras do Brasil e da China, simboliza a parceria entre os dois países e as conquistas obtidas nos campos científico e tecnológico (CORREIOS, 2004).

Os 20 Anos da ECT Serviços Especiais são comemorados em uma estampilha veiculada em 20/03/1989 (Figura 4D). Nesta série são retratados quatro serviços da ECT: o Post-Grama, representado pela máquina Fac-símile, representando o fluxo de mensagens entre o Brasil e o mundo; o Express Mail Service, onde se vê uma mão que estende um pacote ao mundo, representado por um mapa do continente Africano e Europeu; o Sedex, simbolizado pela imagem do avião decolando de uma pista com sinalização noturna; e o CEF Postal, representado pelo gesto da colocação de uma moeda numa caixa de coleta da ECT, com notas estilizadas ao fundo. Em todos os selos vêem-se bandeiras que, se unidas, formam um só conjunto (CORREIOS, 1989).

A Rodovia Transamazônica é retratada em uma emissão de 01/07/1971 (Figura 4E). Nota-se aqui neste selo o traçado da rodovia, que pretendia ligar "os homens sem terra do Nordeste às terras sem homens da Amazônia".

Programa Especial de Exportação Cultura Exportadora foi celebrado em 22/03/2001, com a emissão de um selo cujos elementos simbolizam as exportações do Brasil (Figura 4F). No fundo, a imagem do mapa mundial estilizado e sobre ele algumas setas que indicam as exportações feitas a diversos países. O avião e o navio indicam a utilização das vias aérea e marítima (CORREIOS, 2001a).

4.5. Migrações e etnia

O último eixo-temático trata de questões associadas à formação do povo brasileiro, do qual fazem parte as correntes migratórias e a composição étnica brasileira. A primeira série, emitida em 03/05/1974, trata da formação da etnia brasileira e da imigração internacional (Figura 5A). O selo "Etnia Brasileira" indica a diversidade étnica do Brasil, representada pelas imagens do índio, branco e negro, colocadas sobre um mapa-múndi, com linhas representando os fluxos migratórios oriundos da Europa, África e América Latina. O Selo "Correntes Migratórias" é composto por um grupo de faces, com feições distintas, sobrepostas a um mapa-múndi, com linhas representando os fluxos migratórios internacionais oriundos de diversas partes do mundo. Nos selos destinados às imigrações alemãs, italianas e japonesas, observam-se os mesmos pontos recorrentes: imagens de indivíduos, com trajes típicos de suas culturas, exercendo funções diversas, colocadas sobre mapas-múndi que comunicam, através de linhas, fluxos migratórios entre países de origem e Brasil.


Os 300 Anos da Morte de Zumbi dos Palmares são comemorados na emissão de 20/11/1995 (Figura 5B). Neste selo, diversos aspectos simbólicos do heróico Zumbi são comunicados, inclusive um mapa de localização do Quilombo dos Palmares (CORREIOS, 1995).

A emissão de 22/04/1999 comemora o 5º Centenário do Descobrimento do Brasil (Figura 5C). No selo encontram-se representados o branco, o índio e o negro, representantes das três raças formadoras da etnia brasileira. Os demais elementos que compõem o bloco representam a formação do povo brasileiro, marcada pela fusão de diversas raças e culturas, a exemplo dos escravos africanos, dos imigrantes europeus ou dos índios, originalmente brasileiros. O resultado dessa mistura é o povo brasileiro que adquire e desenvolve hábitos e costumes conforme a cultura de sua região. Assim temos o pantaneiro, o baiano, o mineiro, o gaúcho, o amazonense e muitos outros, representados sobre o mapa do Brasil (CORREIOS, 1999a).

5. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho consistiu numa tentativa de contribuir com um campo relativamente inexplorado da literatura geográfica: as interseções entre cartografia e os selos postais. A partir das estampilhas brasileiras, buscou-se resgatar uma importante função da cartografia, que é a comunicação de informações espaciais, empregada na codificação de signos carregados de significados culturais.

A cartografia filatélica brasileira é caracterizada pela emissão de selos postais que representam elementos da História da Cartografia, da Cartografia Histórica, da Cartografia Temática e da Cartografia Sistemática. Teoricamente, são adotados nos selos postais recursos ligados à Comunicação Cartográfica nos mapas antigos, ambientais, de rotas e de redes. Há também o uso, na maioria dos selos, de representações pictóricas.

Os selos postais agrupados neste trabalho por eixos temáticos abordam, basicamente, a História da Cartografia e Cartografia Histórica nos eixos: cartografia/mapas antigos e expedições; e a Cartografia Temática nos eixos: meio ambiente, redes de transportes/telecomunicações e migrações/etnia.

O eixo temático cartografia/mapas antigos é representado pelos selos postais contendo mapas dos séculos XVII e XVIII, em estilo portulano, típicos do renascimento e que documentaram as grandes navegações e os descobrimentos. O eixo temático expedições, caracteriza mapas temáticos com representações de rotas ligadas ao Descobrimento do Brasil e as expedições científicas dos séculos XIX e XX. Note-se que existe uma interface entre os dois eixos temáticos no que diz respeito a aspectos da História da Cartografia e Cartografia Histórica.

Os selos postais do eixo temático meio ambiente representam o Brasil por meio de mapas temáticos ligados à cobertura vegetal e à geologia, e, um mapa de localização e distribuição espacial ligado à caatinga no nordeste brasileiro. Os três mapas são exemplos de campanha de conscientização sobre desenvolvimento sustentável, prevenção e preservação do meio ambiente.

Os selos postais do eixo temático redes de transportes e de telecomunicações utilizam o mapa como elemento de localização, com escalas variadas de representação, de rotas rodoviária, ferroviária, marítima e aérea, representando fluxos de informações, pessoas, mercadorias e capital, fundamentais para o desenvolvimento de uma nação. Da mesma forma, os selos postais do eixo temático migrações e etnia também têm no mapa um elemento de localização, abordando a ocupação do espaço brasileiro por meio de mapas que representam a formação da etnia brasileira e as correntes migratórias.

A partir do exame dos eixos temáticos ficou claro que os mapas e projeções são evocados nos diversos selos com objetivos distintos. Em muitos casos, os mapas ganham a dimensão de ícones, na conotação pearsoniana, comunicando relações topológicas, de distância e indicando a localização de feições e elementos, além de representar trajetórias diversas. Esse é o caso, por exemplo, dos selos comemorativos da Primeira Circunavegação Antártica em Solitário (2A), Expedição de Langsdorff (2B), Preservação da Caatinga (3B), Série Geologia/Desenvolvimento Sustentável (3C), a série sobre etnia brasileira e correntes migratórias (5A) e os 300 anos da Morte de Zumbi dos Palmares (5C).

Por outro lado, nota-se que os mapas e projeções também são empregados nas estampilhas brasileiras com forte apelo simbólico, carregando consigo informações que transcendem as relações topológicas e de distância, costumeiramente comunicadas nos documentos cartográficos. Desde a independência, um significativo conjunto de referenciais simbólicos formais foi construído para representar o Brasil e a nação brasileira, dentre os quais figuram: o hino nacional, a bandeira nacional, as armas da república e o selo nacional. No entanto, existem vários outros símbolos informais, construídos organicamente, que comunicam e representam o Brasil e a nação brasileira. Esses símbolos têm evoluído ao longo do tempo, apresentando importância distinta ao longo dos séculos. Foi dessa forma que a borracha, o café, o fumo, o samba, a cidade do Rio de Janeiro, o Pró-álcool e o contorno dos limites territoriais do Brasil, por exemplo, foram desenvolvidos como símbolos do Brasil. O contorno dos limites territoriais do Brasil pode ser observado nos selos que comemoram o lançamento do Satélite CBERS-2 (4C), os 20 anos da ECT (4D) e o 5º Centenário do Descobrimento do Brasil (5C). Note-se que muito mais do que comunicar a posição geográfica de diversas feições, o mapa do Brasil foi empregado no sentido de representar simbolicamente a nação brasileira.

Assim como a cultura é elemento central, mediador das relações entre sociedade e natureza, os processos de comunicação são fundamentais à produção e reprodução cultural. Dentre as diversas mídias disponíveis, os selos postais representam, indubitavelmente, um poderoso veículo de comunicação, veículo este ainda pouco explorado em análises geográficas. A iniciativa e os resultados obtidos neste trabalho revelam uma miríade de possibilidades de estudo dos conteúdos dos selos postais brasileiros, sobretudo aqueles relacionados a temas clássicos da Geografia. Seria interessante que trabalhos futuros explorassem esse gigantesco manancial. Os autores seguirão, no futuro próximo, investigando as fascinantes intercessões entre cartografia e filatelia.

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AGRADECIMENTOS

Os autores são gratos as Sras. Berenice Viana de Aquino e Maria Clotilde Salomão, funcionárias da Seção de Filatelia/GEVAR/MG da Empresas Brasileira de Correios e Telégrafos, pela gentileza e profissionalismo com que nos receberam durante a coleta de dados.

Artigo recebido para publicação em 05/06/2007

e aprovado para publicação em 16/08/2007

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Abr 2011
  • Data do Fascículo
    Dez 2007

Histórico

  • Aceito
    16 Ago 2007
  • Recebido
    05 Jun 2007
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