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Educação ambiental: abordagens múltiplas

RESENHA DE LIVRO

Mayara Cruvinel de Oliveira

Mestranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional – pela Universidade ANHANGUERA UNIDERP – Campo Grande/MS Brasil – mayara_ambiental@hotmail.com

RUSCHEINSKY, Aloísio (Org.). Educação Ambiental: Abordagens Múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002. 183 p.

O livro Educação Ambiental: Abordagens Múltiplas reúne onze textos elaborados por respeitados pesquisadores e educadores brasileiros que atuam em áreas distintas, mas que abordam um mesmo foco, a educação ambiental.

A introdução, escrita pelo próprio organizador desta coletânea, o sociólogo e professor doutor Aloísio Ruscheinsky, destaca como a abordagem da educação ambiental vem crescendo no âmbito das ciências humanas. O autor faz uma reflexão da importância da educação ambiental no reordenamento do meio ambiente, na valorização da cidadania e na consolidação da democracia abrangendo as dimensões: social, política e econômica.

O primeiro texto, escrito por Passos e Sato, discute sobre a estética da educação ambiental dentro do discurso da Carta da Terra, um movimento internacional, organizado durante a formação da Comissão Internacional do Meio Ambiente e Desenvolvimento, cujos princípios são divididos em quatro seções: respeito e cuidado à comunidade; integridade ecológica; justiça social e econômica; e democracia, paz e não violência. Destaca como é importante construir uma cultura cuja estética seja do prazer pela vida no seu movimento de construção e desconstrução.

O texto dois trata dos desafios socioambientais presentes no século XXI. Velasco faz uma crítica às relações de dominação e de alienação resultantes da atual sociedade capitalista e propõe a adoção de um novo meio de sobrevivência mais democrático e solidário, o ecomunitarismo, que se apóia em três normas: zelar pela liberdade individual de decisão; viver consensualmente essa liberdade; e zelar pela preservação-regeneração da natureza.

Saito, no terceiro texto, discute sobre a Política Nacional de Educação Ambiental e sua relação com a construção da cidadania. O autor ressalta que a educação ambiental deve ser vista sob um olhar de interdisciplinaridade, como um caráter transformador da realidade, onde o ambiente e a sociedade devem caminhar juntos.

O texto quatro aborda sobre a ecopedagogia como uma reposição à pedagogia de práxis, indo além das escolas e envolvendo toda a sociedade. Rus-cheinsky conclui que a ecopedagogia deve promover uma mudança nos alicerces de nossa comunidade, pois se não há mudança de cultura, as questões substantivas também permanecerão intactas.

Ruscheinsky e Costa discutem sobre a educação ambiental a partir de contribuições das obras do pedagogo brasileiro Paulo Freire. O texto cinco tem como objetivo construir um modelo de ação pedagógica que priorize questões ambientais junto aos trabalhadores agrícolas, visando sua melhor qualidade de vida e a melhoria da qualidade do produto.

O texto seis, escrito por Duvoisin, faz uma reflexão crítica quanto à necessidade de reforma no sistema educativo atual, tornando-o capaz de acompanhar as velozes mudanças da sociedade e apoiando a adoção de uma visão mais sistêmica que norteará as práticas pedagógicas.

Peralta, no texto sete, relata sobre algumas experiências educacionais, enfatizando o campo da ciência heurística, que traz para a transdisciplinaridade da educação ambiental o caminho da criação, do inusitado, do novo.

O oitavo texto examina a possibilidade de adoção das práticas de cultivo ecológico nos assentamentos de reforma agrária como uma forma de melhorar a qualidade de vida nessas comunidades. Ruscheinsky e Vargas abordam em seu texto as vantagens deste tipo de cultivo em relação aos métodos tradicionais, a importância da educação ambiental quanto à integração do assentado com o meio ambiente e as diversas razões que justificam a urgente expansão do programa de reforma agrária, sob o ponto de vista do meio ambiente e dos direitos humanos.

Kitzmann e Asmus discutem no texto nove sobre como deve ser feita a inserção da educação ambiental no setor produtivo. Os autores afirmam que a educação ambiental pode utilizar o espaço de treinamento e capacitação já existente nas empresas e indústrias, para inserir iniciativas de cunhos ambiental, social, cultural e de cidadania. Os autores concluem que somente com o respeito aos trabalhadores e ao meio ambiente o processo produtivo se tornará economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justo.

O décimo texto faz uma breve introdução sobre a história da educação ambiental e, em seguida, Giesta realiza uma investigação de abordagem qualitativa, analisando a repercussão que o conteúdo de histórias em quadrinhos pode ter no currículo escolar e na formação continuada de professores dos anos iniciais do ensino fundamental.

No último texto Tristão aborda sobre os desafios enfrentados pela educação ambiental e pelos próprios educadores neste início de século. Para tal, o autor divide e descreve estes desafios em quatro partes: enfrentar a multiplicidade de visões; superar a visão do especialista; superar a pedagogia das certezas e superar a lógica da exclusão.

A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que através da conscientização, busca manter o respeito pelos diferentes ecossistemas e culturas humanas da Terra.

A presente obra, com suas discussões, experiências e reflexões, reforça a importância deste tipo de educação, que a cada dia ganha maior enfoque e respeito.

Resenha recebida para publicação em 01/12/2009 e aceita para publicação em 09/12/2009

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Maio 2010
  • Data do Fascículo
    Dez 2009
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