Resumo
Este artigo analisa as trajetórias militantes de Maurício Grabois, Elza Monnerat e João Amazonas, membros do Partido Comunista do Brasil enviados à região do Araguaia para organizar um movimento armado contra a ditadura civil-militar instaurada com o golpe de 1964. O objetivo é apreender o processo de construção do sentido de um engajamento político que implicava em alto risco para os militantes. Em diálogo com a literatura sobre movimentos sociais, são analisadas a disponibilidade biográfica dos agentes, sua identificação ideológica com o movimento, suas redes sociais e o impacto da repressão estatal. Mais velhos do que a média da esquerda armada do período, esses militantes compartilhavam uma longa trajetória no partido comunista, durante a qual as predisposições criadas com a socialização militante foram corroboradas por mudanças no contexto político nacional e internacional, experiências coletivas e individuais de perseguição, clandestinidade, prisão e pelas mudanças ocorridas no interior da sua organização.◊ ◊ Esta pesquisa foi realizada com financiamento da Fundação de Amparo Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), processos nº 2015/21242-8 e nº 2017/12061-5. Agradeço a Angela Alonso, Sérgio Costa e Caio Vasconcellos pelos comentários às versões preliminares e aos pareceristas anônimos da revista Sociologias.
Palavras-chave
trajetória militante; ditadura civil-militar; Guerrilha do Araguaia; comunismo