Resumo
Este texto constrói-se com o intuito de compreender como a relação público-privado é vivenciada por mulheres das classes populares brasileiras, conectadas pela rede mundial de computadores. A reflexão apontará como dimensões de honra, vergonha, reconhecimento, sentimentos vinculados a arranjos de gênero e sexualidade, bem como aspectos relacionados ao local de moradia – que integram as experiências de vida dessas mulheres – são importantes para a forma como estes sujeitos negociam sua visibilidade e/ou protegem sua privacidade em rede. A pesquisa foi conduzida com base em uma etnografia digital, desenvolvida em plataformas de redes sociais, bem como em contextos de moradia das interlocutoras da pesquisa, na cidade do Rio de Janeiro. A proposta reflete sobre como a privacidade e aquilo que é dito, ocultado, compartilhado, onde é dito e como é exposto resulta de um arranjo relacional, que leva em conta elementos intersubjetivos, assim como contextuais. O texto questiona a tese que afirma o fim da privacidade e a ideia de que a exposição na rede é resultado ou de personalidades narcísicas ou de um desconhecimento do sujeito acerca dos interesses das grandes corporações da tecnologia. A exposição na rede, ao contrário, mostra uma elaborada gestão do capital social online e a constituição de circuitos de reconhecimento entre mulheres.
Palavras-chave:
mídias digitais; privacidade; jovens brasileiras; sociologia digital; reconhecimento