Resumo
Este artigo apresenta parte dos resultados de uma pesquisa mais ampla realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. O objetivo deste trabalho é elucidar as relações entre agentes estatais da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul, bem como suas posições no campo. A pesquisa foi aplicada com profissionais da cidade de Porto Alegre e retrata a situação da rede ao longo dos mandatos do governador Eduardo Leite (2018-2024). Conceitos de Pierre Bourdieu foram articulados para interpretar o fenômeno investigado. Foram usados questionários e entrevistas para a construção de dados com professores, gestores e profissionais da Secretaria da Educação (SEDUCRS). O questionário recebeu 33 respostas em duas escolas e 15 profissionais foram entrevistados. A permanência no campo parece induzir os docentes da rede a cultivarem uma prática desmotivada e displicente frente às demandas da mantenedora (SEDUCRS), tendo em vista as condições de trabalho precárias e a descrença nas intenções das propostas. Os profissionais da SEDUCRS costumam ser professores que saíram da escola em busca de um ambiente de trabalho menos desgastante, mas sua aproximação ao campo burocrático parece afastá-los da realidade escolar e alinhá-los aos valores e discursos desse campo. Esses agentes, porém, também acabam embricados em uma complexa rede de relações de poder que os impede de trabalhar como gostariam. Por fim, percebeu-se que a rede é composta por um grupo pouco coeso, havendo hostilidade e desconfiança nas relações entre os agentes.
Palavras-chave:
rede pública de educação; administração educacional; campo escolar; Seducrs
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Fonte: Elaboração própria (2025).