Resumo
O preconceito colonial constitui a chave para compreendermos a dificuldade que a Europa tem em aprender com o mundo, isto é, em reconhecer histórias, práticas, saberes e soluções para além da história e das teorias, alegadamente universais, produzidas no ocidente. Num momento em que várias crises assombram a Europa, parece existir uma janela de oportunidade para que, numa lógica de aprendizagens globais e de reconhecimentos recíprocos, a Europa possa abrir-se a aprender com o Sul, superando o pensamento abissal da modernidade. Este artigo procura compreender as condições para aprendizagens globais que permitam a reinvenção da Europa. Num primeiro momento, é analisado o lugar da Europa no mundo, considerando o auge do seu poder colonial e o mundo pós-colonial em que hoje vivemos. Em segundo lugar, são apresentadas as condições que podem permitir uma nova visão de uma Europa, a partir do hoje, que está fora dela. Por fim, são apresentados exemplos de aprendizagens mútuas em quatro áreas temáticas: direitos humanos, economia, democracia e constitucionalismo.
Palavras-Chave:
Europa; Epistemologias do Sul; Modernidade; Pensamento abissal; Aprendizagens globais