Resumo
Tem sido significativo o crescimento do populismo de direita no mundo, associado em maior ou menor medida a movimentos nazifascistas e ultraconservadores. Grande parte dos discursos que produzem tais movimentos envolvem ataques à educação e à ciência, fomentando o negacionismo científico e a desvalorização do caráter público das escolas e universidades com uso de fake news, em um contexto que muitos denominam pós-verdade. Como forma de se antagonizar a tais movimentos, é crescente a defesa de um Novo Iluminismo, através da valorização da ciência e do conhecimento na escola e na sociedade e da exclusão de discursos da diferença e de registro pós-estrutural. Com base na teoria do discurso de Laclau e Mouffe, em diálogo com a desconstrução derridiana, defendemos outra abordagem desse contexto, de maneira que nos permita questionar efeitos deletérios (antivida, antidemocracia e antijustiça social) do populismo de direita, sem supor o retorno a uma metanarrativa iluminista ou a qualquer registro universalista sobre a verdade da ciência e do conhecimento. Partimos das noções de antagonismo, deslocamento e populismo em Laclau e Mouffe e, então, referenciados em uma visão de conhecimento e ciência submetida aos contextos, ao poder e aos afetos, problematizamos a emergência do contexto da pós-verdade em tempos de populismo de direita no Brasil, bem como os usuais registros de verdadeiro e falso associados às fake news. Defendemos como mais urgente a produção de deslocamentos nos discursos populistas de direita, por meio da hiperpolitização e do questionamento à racionalidade na política, sobretudo na educação.
Palavras-chave:
antagonismo; deslocamento; educação; hiperpolitização; pós-verdade