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Editorial

Esta é uma edição muito especial de Sociologias. Em 1998, apresentei à então coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Profª Sonia Guimarães, o projeto editorial de uma nova revista. O projeto foi aceito e, com o Profº José Vicente Tavares dos Santos, fui convidada a integrar a editoria chefe da revista Sociologias que veio a substituir a Cadernos de Sociologia editada pelo PPGS. Com a presente edição, completamos 19 anos de existência, em um permanente e desafiador processo de crescimento e qualificação. Chegou a hora de abrir espaço para novos editores, outras perspectivas. Assim, é com a sensação de dever cumprido que apresento este número que teve, coincidentemente, seu dossiê organizado por Sonia Guimarães e que será o último em que estarei na editoria.

Em sua edição 46, Sociologias apresenta um dossiê que aborda transformações, em curso desde as décadas finais do século XX, que se manifestam em diferentes dimensões, no âmbito da ciência, da tecnologia e inovação. Tais mudanças têm implicações, em especial, na economia, trazendo o debate sobre a possível configuração de um novo paradigma de desenvolvimento econômico-social, em que conhecimento, tecnologia, inovação e internacionalização, tornam-se fatores cruciais para a criação de riqueza.

No dossiê desta edição, as transformações científicas e tecnológicas atuais são vistas como fatores que alteram a dinâmica da produção de riqueza e demais esferas da sociedade. O escopo e a articulação dos cinco artigos que integram o dossiê subsidiam reflexões para uma discussão abrangente, abordando tópicos que buscam ampliar a compreensão acerca de desafios institucionais, organizacionais e socioculturais face às demandas impostas pelo paradigma acima referido.

Como já é usual em nossos dossiês, autores estrangeiros e pesquisadores brasileiros dividem o espaço temático, muitas vezes formando redes entre países. Nesse caso, temos pesquisadores que integram grupos de pesquisas em três diferentes regiões do globo: Estados Unidos da América, México e Itália. Os pesquisadores brasileiros representam diferentes regiões e subtemas.

Na seção Artigos, Jean-Yves Authier e Sonia Lehman-Frisch analisam as representações, as práticas e as sociabilidades de crianças com idade entre 9 e 11 anos em três bairros gentrificados de Paris, Londres e São Francisco. A etnografia da ciência de Bruno Latour é debatida por Luís de Gusmão, que apresenta uma reflexão sobre a crítica da epistemologia normativa levada a cabo pelo autor. No artigo “As formas de manifestação da privacidade nos três espíritos do capitalismo: da intimidade burguesa ao exibicionismo de si nas redes sociais” Mariana Zanatta Thibes avalia como os valores e justificações que animam o capitalismo conexionista e promovem uma aproximação inédita entre a vida privada e o trabalho redefinem os limites que separam a vivência íntima e privada da esfera da economia. No último artigo da seção, César Cisternas Irarrázabal aborda as divergências na conceitualização da relação entre culturas.

Na seção Interfaces, Anderson Machado e Madel Luz discutem como a produção discursiva biocientífica torna-se, por meio de revistas de divulgação, um dispositivo produtor de retórica relativa à normatização da saúde. Antônio Barros e Lucio Martins analisam os impactos do Parlamento Jovem Brasileiro (PJB), programa de simulação parlamentar juvenil da Câmara dos Deputados brasileira.

Na resenha deste número Edemilson Paraná aborda o livro organizado por Adriano Premebida, Fabrício Monteiro Neves e Tiago Duarte Ribeiro, “Investigações contemporâneas em estudos sociais da ciência e da tecnologia”, Jundiaí: Paco Editorial, 2015.

Neste momento em que grandes mudanças se avizinham - com o crescente processo de profissionalização dos periódicos e o aumento de sua importância na divulgação das nossas pesquisas, com a chegada dos processos de edição contínua e dos pre-prints, com novas perspectivas sobre como internacionalizar a ciência e que papel ocuparemos, como país, nesse processo -, considero importante fazer um balanço da trajetória de Sociologias e do que entrego aos editores que me sucedem: Jalcione Almeida e Cinara Rosenfield.

Sociologias atingiu, nesses 19 anos de vida, grandes conquistas: somos uma revista do Sul que cresceu e se consolidou como uma das mais importantes de sua área no país. Somos apoiados pelo programa de editoração CNPQ/Capes e pelo Programa de Apoio à Editoração da UFRGS; integramos a Coleção SciELO Brasil, desde nosso início, estando também na plataforma SEER UFRGS (acesso aberto); conseguimos chegar ao estrato A1 da classificação Qualis sem abrir mão de publicar em nossa língua de origem, mas participando do processo de internacionalização e de formação de redes. Hoje disputam espaço nas seções abertas de Sociologias não só pesquisadores brasileiros, como também de toda a América Latina e de vários países da Europa. Já nascemos bilíngues (publicamos em Português e Espanhol) e temos um projeto editorial e gráfico especial que nos dá identidade.

Despeço-me como editora-chefe, certa de que Sociologias continuará a ser uma grande revista e agradeço aos editores - José Vicente Tavares dos Santos, Anita Brumer, Soraya Vargas Côrtes e Antonio David Cattani - que estiveram comigo nesses anos e que desempenharam papel fundamental na qualificação da revista e no seu processo de tornar-se um periódico respeitado na coletividade acadêmica brasileira e internacional.

Desejo aos novos editores sucesso na nova etapa.

Maíra Baumgarten (Editora Sociologias)

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Dec 2017
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