Resumo
Em Sex Dolls at Sea: Imagined Histories of Sexual Technologies, Bo Ruberg assume a genealogia foucaultiana e a leitura feminista como método para esmiuçar a nebulosa intersecção entre fabulação, história e ciência que paira as dames de voyage. A partir de análise bibliográfica e investigação em arquivos, filmes, jornais, relatos e uma diversidade de outros documentos, a pesquisadora não só desvela práticas acadêmicas viciosas e misóginas no século XX e XXI, mas também, como o imaginário em torno das bonecas de viagem moldaram a indústria do mercado sexual a criar uma série de tecnologias sexuais como bonecas infláveis, vibradores e brinquedos de borracha. Nesse processo, o limiar entre bonecas, bonecas sexuais, “ser mulher”, profissional do sexo, santas, vai sendo borrado, modelizando visões de posse, uso, descarte, pureza às corporalidades feminilizadas, ao mesmo tempo em que narrativas e estruturas de poder masculinas, colonizadoras e eurocêntricas vão condicionando as práticas sexuais, o imaginário sobre o sexo e os produtos que consumimos. Os robôs sexuais são apresentados como o futuro, e, diante de uma sociedade solidificada em discursos que segregam mulheres, pessoas queer e negras do âmbito da produção e consumo de tecnologias, sobretudo as digitais, é importante desestabilizar essas narrativas dominantes, identificando como as tecnologias sexuais foram imaginadas e agenciam as práticas sociais contemporâneas, para que possamos produzir outras perspectivas para o futuro em que a inclusão e o prazer sejam centrais.
Palavras-chave
gênero; teoria queer; tecnologias sexuais; bonecas sexuais; mercado do sexo