Resumo
Partindo das recentes pesquisas sobre as esquecidas teses da primeira edição de Raízes do Brasil de 1936, este artigo pretende entender as influências do tipo de Estado aí sugerido ao Brasil. Uma delas, explícita no texto, é o batllismo uruguaio do começo do século XX, e a segunda é o imperador D. Pedro II, admiração que aparece em textos de juventude do autor, anteriores àquela data. Ambos teriam a legitimidade moral sobre facções políticas divergentes, exercendo a autoridade carismática (pessoal), ao mesmo tempo em que se apresentavam como balaústres da ilustração. Ainda que D. Pedro II pudesse carregar o “fardo” do ruralismo, ele foi o grande impulsionador das ciências e das artes no século XIX. Já José Batlle y Ordoñez foi o caudilho que logrou unir blancos e colorados no Uruguai para criar a constituição mais progressista da sua época e das próximas. Como consideráveis autoridades que impulsionaram suas respectivas nações, elas aparecem para Sérgio Buarque de Holanda como os melhores exemplos que poderiam inspirar as lideranças de países cuja identidade é a cordialidade; cordialidade que não aparece como um mal a ser extirpado nessa primeira edição, mas a estrutura psicológica que sustentaria organicamente o Estado e as instituições brasileiras.
Palavras-chave:
Sérgio Buarque de Holanda; Raízes do Brasil; caudilhismo; batllismo; homem cordial