Acessibilidade / Reportar erro

Ocorrência de Oídio (Oidium caesalpiniacearum Hosag & W. Braum) em Pata de Vaca (Bauhinia forficata link.) no Brasil

COMUNICADOS

Ocorrência de Oídio (Oidium caesalpiniacearum Hosag & W. Braum) em Pata de Vaca (Bauhinia forficata link.) no Brasil

Daniel Dias RosaI, II, * * E-mail: ddrosa@fca.unesp.br Autor para correspondência: Daniel Dias Rosa ; Marco Antonio BassetoI; Cecília Toshie OhtoI; Helenize Gabriela de SouzaI; Nilton Luiz de SouzaI, II; Edson Luiz FurtadoI, II

IUniversidade Estadual Paulista UNESP, Faculdade de Ciências Agronômicas - FCA, C.P. 237, CEP: 18603-970, Botucatu - SP, Brasil

IIBolsista CNPq

O gênero Bauhinia, pertencente à família Fabaceae, subfamília Caesalpinioideae, abriga mais de 200 espécies conhecidas, sendo que na grande maioria são encontradas originalmente no continente asiático, mas pode-se verificar a presença de algumas espécies originárias de outras regiões, como no caso da Mata Atlântica, no Brasil, onde podemos encontrar as espécies B. forficata e B. longifolia (LORENZI, H. Árvores brasileiras.1992, 368p.).

Popularmente conhecida como pata de vaca ou unha de vaca, o gênero Bauhinia se difundiu no mundo devido às suas boas características paisagísticas, como porte médio, até 10 metros de altura, presença de folhas grandes, copa de largura moderada, flores com bom aspecto visual, excelente para uso na arborização urbana. Por isso, as introduções de outras espécies, como a B. variegata, proveniente do sudeste asiático, foram muito comuns para esses fins.

As espécies nativas, além de apresentarem seus aspectos paisagísticos, também são exploradas como plantas medicinais, como é o caso da B. forficata, onde suas folhas e flores são utilizadas para controle da diabetes (LORENZI, H. Plantas medicinais no Brasil, 2002, 512p.). Atualmente estas espécies vêm sendo amplamente utilizadas nos projetos de regeneração de florestas, sendo a B. forficata muito utilizada devido esta ser uma espécie pioneira.

No ano de 2007, em uma área de regeneração da mata ciliar na região de Franca-SP (20º32'19"S e 47º24'03"W), 12 indivíduos de B. forficata, de um ano de idade, apresentaram um crescimento esbranquiçado em ambas as faces da folhas, com aspecto cotonoso e pulverulento, sendo que essas folhas após um período, amareleciam e caiam. Folhas foram coletadas e enviadas para a Clinica Fitopatológica, da Faculdade de Ciências Agronômicas, da UNESP de Botucatu para análise.

As folhas coletadas foram submetidas ao exame de diagnose sob microscópio estereoscópico e observou-se a presença de conídios e conidióforos típicos de Oidium sp. . Não foram observadas a presença de ascomas, nem a formação de cleistotécios nas folhas examinadas.

Observações sobre a distribuição do patógeno sobre a folha foram efetuadas, verificando-se que o micélio é anfígeno, epifítico, fino, branco, contínuo, septado, não apresentando apressórios lobados, com espessura de 2,5 a 3,1 µm. Com o auxílio de um estilete de ponta fina, coletou-se o crescimento micelial mais conidióforos e conídios da folha para a confecção de lâminas. Os conidióforos produzidos apresentam forma cilíndrica, medindo de 30,1-55,3 µm de comprimento por 5,4-8 µm de largura, com celular basal reta seguida 1 ou 2 células anteriores ao conídio. O conídio apresenta-se solitário, sendo este de forma elipsóide a cilíndrica, medindo 26,8-43,5 µm de comprimento por 11,1-20,5 µm de largura, hialino (Figura 1), apresenta corpos de fibrosina e para observação do tubo germinativo efetuou-se a germinação dos conídios sobre lâminas de microscópio recobertas com Agar-Água 2 % e incubados em câmara úmida a 22 ºC no escuro, por 24 horas, após esse período verificou-se a formação de tubo germinativo apical, curto a mediamente longo e apressório não lobado.


Atualmente são descritas quatro espécies de Oidium para o gênero Bauhinia: O. caesalpiniacearum na Índia, O. corrientense na Argentina, O. bauhiniae na África do sul e O. bauhiniicola na Alemanha (http://www.indexfungorum.org/), sendo que nenhumas dessas espécies haviam sido relatas no Brasil. Com base nas características observadas, e comparadas com descrições disponíveis, identificou-se este isolado como pertencente à espécie Oidium caesalpinacearum Hosag & U. Braun (Hosag, V.B. & Braun, U. Mycotaxon, 25:267, 1986) descrito em plantas de Bauhinia sp. em Bangalore, na Índia. Este é o primeiro relato de Oidium caesalpiniacearum em Bauhinia forficata no Brasil.

Data de chegada: 21/05/2007.

Aceito para publicação em: 11/10/2007

  • *
    E-mail:
    Autor para correspondência: Daniel Dias Rosa
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      31 Jul 2008
    • Data do Fascículo
      Jun 2008
    Grupo Paulista de Fitopatologia FCA/UNESP - Depto. De Produção Vegetal, Caixa Postal 237, 18603-970 - Botucatu, SP Brasil, Tel.: (55 14) 3811 7262, Fax: (55 14) 3811 7206 - Botucatu - SP - Brazil
    E-mail: summa.phyto@gmail.com