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Primeiro registro de Exserohilum rostratum (anamorfo de Setosphaeria rostrata) causando manchas foliares em açaizeiro no Brasil

COMUNICADOS

Primeiro registro de Exserohilum rostratum (anamorfo de Setosphaeria rostrata) causando manchas foliares em açaizeiro no Brasil

Luiz Sebastião PoltronieriI; Jaqueline Rosemeire VerzignassiII; Ruth Linda BenchimolI; Francisco Chagas Oliveira FreireIII

IEmbrapa Amazônia Oriental, Tv. Enéas Pinheiro, S/N, CEP 66095-100, Belém, PA, e-mail: poltroni@cpatu.embrapa.br

IIEmbrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

IIIEmbrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE

O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma palmeira que ocorre em várias regiões da Amazônia. A procura pela polpa dos frutos da palmeira para a fabricação de sucos e sorvetes vem sendo alavancada em função do seu potencial energético, cientificamente comprovado. Estas características, já conhecidas pela população local, também vêm ganhando espaço nos grandes centros nacionais, causando aumento significativo na procura pelo produto. As utilidades da planta vão desde o tradicional "vinho do açaí", até cremes, sucos, sorvetes, picolés, licores, mingau, entre outros. O caroço pode ser utilizado como adubo orgânico e, quando queimado, produz fumaça repelente de insetos. A produção anual de frutos é de 160 mil toneladas no Pará, mas é esperado aumento na produção quando as áreas de cultivo apresentarem níveis satisfatórios de manejo, estimando-se a produtividade em 8 t/ha. O valor anual da produção de frutos de açaizeiro no Pará é de, aproximadamente, 66 milhões de reais.

Durante visita realizada em áreas de cultivo de açaizeiro no Município de São Domingos (MA), observaram-se plantas com seis meses de idade apresentando pequenas manchas foliares de coloração pardo-avermelhadas que coalesciam, resultando no secamento das folhas (Fig. 1).


De amostras de folhas infectadas procedeu-se o isolamento em meio BDA. Após cinco dias, colônias fúngicas foram obtidas e os isolados enviados ao Dr. Paul Kirk (Micologista do CABI BIOSCIENCE, Egham, Inglaterra) para a identificação. O fungo foi identificado como sendo Setosphaeria rostrata K. J. Leonard, anamorfo Exserohilum rostratum (Drechsler) Leonard & Suggs. Setosphaeria rostrata apresenta, na sua fase anamórfica, conidióforos com até 200 µm de comprimento, solitários ou em pequenos grupos, de coloração marrom ou oliváceos. Os conídios, com comprimento de 40 a 180 µm e largura de 14 a 22 µm, são retos ou ligeiramente curvos, afinando nas extremidades, com uma das extremidades formando um bico pronunciado, com seis a 16 septos, de coloração café dourado mais pronunciada no centro e hilo protuberante. Os isolados estão sendo preservados na micoteca do Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental.

Testes de patogenicidade foram realizados em mudas de açaizeiro, com três meses de idade, e de coqueiro, com 12 meses de idade. Para tanto, procedeu-se ferimento (com agulhas) das folhas e pulverização com suspensão de conídios (4 x 105 conídios/mL). Após a inoculação, as plantas foram mantidas em câmara úmida por três dias e, dez dias após, os sintomas da doença foram reproduzidos em ambos os hospedeiros. O reisolamento foi efetuado, comprovando-se a patogenicidade do isolado.

O fungo apresenta como principais hospedeiros Triticum aestivum e plantas dos gêneros Arachis, Bambusa, Cocus, Chloris, Capsicum, Curcuma, Cynodon, Digitaria, Hibiscus, Lens, Lycopersicon, Mormodica, Oryza, Pennisetum, Vigna, Psidium, Eucaplyptus, Saccharum, Solanum, Sorghum, Triticum, Mangifera, Beta, Coryandrum, Cucuminum, Linum, Phaseolus, Sesamum, Zea, além de várias plantas da família Poaceae. Este é o primeiro registro da fase anamórfica de Setosphaeria rostrata em açaizeiro no Brasil.

Data de chegada: 10/05/2007.

Aceito para publicação em: 06/12/2007

Autor para correspondência: Luiz S. Poltronieri

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Jul 2008
  • Data do Fascículo
    Jun 2008
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